"Tio João!!!"- Beatriz o reconheceu de imediato e correu para abraçá-lo. O homem correspondeu ao abraço e exibiu um pacote embrulhado de jornal que trazia consigo: "E hoje lhe trouxe uma surpresa! Vamos entrar que já lhe mostro!"
A família inteira se reuniu na cozinha, enquanto o tio João desembrulhava solenemente o presente. Por fim pôde-se ver do que se tratava: era uma caixinha de madeira polida, como um cubo de uns 12 centímetros de altura. Ele mesmo - excelente marceneiro, a havia feito com capricho. As crianças pareciam decepcionadas.
"Vamos! Abra a caixa!" - disse João sorrindo para o pai de Beatriz que, como chefe da família, tinha o privilégio de ver o presente primeiro. As crianças se esticaram para espiar.
O pai de Beatriz puxou a tampa da caixa com o dedo indicador. A tabuinha deslizou e aí veio o susto: de dentro da caixa saiu uma cobrinha articulada, que estava enroladinha e que tinha na boca um pequeno alfinete que espetou de leve, mas rapidamente aquela mão que não sabia do segredo!
Ohhhhhh! Era uma "caixinha mágica"! Todos experimentaram a novidade, menos a tia Isabel, que resmungou dizendo que aquele era um brinquedo impróprio para as crianças.
Mas a partir daquele dia, sempre que vinham visitas, Beatriz se encarregava de escolher uma "vítima" para a brincadeira. Para os que já conheciam o segredo, era o maior prazer enganar os novatos.
Entretanto, um dia a caixinha sumiu. Procura dali, procura daqui e nada de encontrá-la. Todos pensaram que tia Isabel a havia escondido, pois ela não aprovara a brincadeira desde o princípio e vivia pedindo ao pai de Beatriz que tirasse o alfinete da cobrinha. Mas tia Isabel batia o pé e dizia que não havia sido ela. E o mistério do sumiço da caixinha mágica ficou sem solução durante anos.
O tempo passou. Aquelas crianças cresceram e ficaram adultas. Beatriz já era uma mulher feita, quando foi visitar uma de suas amigas de infância, que havia se casado e tivera um bebê.
A visita foi alegre e cordial. Mas num dado momento, o esposo da jovem mãe apareceu com a novidade: "Vou fazer uma surpresa!" E se retirou para outro aposento.
Para a surpresa de Beatriz, quando o esposo de sua amiga voltou para a sala, trazia nas mãos a sua caixinha mágica! Ela ficou calada e participou da brincadeira, abrindo a caixinha com cuidado, pois já sabia do segredo. O rapaz ficou admirado. "Já tive uma caixinha igual a esta", explicou ela.
A jovem mãe baixou os olhos e Beatriz compreendeu quem havia escondido, há anos, sua caixinha mágica. E ela nada disse até ir embora. A verdade, enfim, havia surgido.
Nossa...
ResponderExcluirAdorei...
Bjs no Coração.
Leila, adorei o texto. Parabéns querida.
ResponderExcluirSaudações!
ResponderExcluirQue Post Fantástico!
Amiga Leila, é sempre assim, quando ensaiam em esconder a verdade...Mas, pode se passar 1.000 anos e ela vira novinha em folha!
Parabéns pelo excelente Post!
Abraços,
LISON.
Leila,
ResponderExcluirQue história fantástica!
A grande maioria das mentiras e segredos, por muito bem guardados que sejam, acabam por ser desvendados quando menos se espera.
Adorei.
Beijos
Luísa
Nem sempre, as vezes a verdade morre ....em outros casos ela aparece, mas, ja nem causa mais indignação ... apenas uma leve surpresa.
ResponderExcluirA narrativa está perfeita - como sempre -, deliciosa de ler. Poré, se me permite dizer,... o título não corresponde à realidade. A verdade 'às vezes' aparece. É assustador ver a quantidade de vezes - e isso vale para todos os contextos da vida - em que a mentira prevalece para sempre. Valeu mesmo, minha amiga. Beijos.
ResponderExcluirOlá querida amiga Leila,
ResponderExcluirJá não me surpreedo com suas narrativas, sei que serão sempre formidáveis.
Esta, não deixou por menos, é perfeita e deleitosa de ler, prendeu minha atenção e fiquei admirada com o final.
Minha mãe dizia um velho ditado: “a mentira não é anã, mas tem as pernas curtas”.
Há MENTIRAS e mentiras e depende muito da intenção. Pode ser boa (que é mais uma brincadeira do que mentira e não prejudica ninguém) ou má (esta, dita propositadamente com a intenção maléfica de prejudicar alguém)
Mentir, nunca é bom, apesar de ser algo que o ser humano mais gosta de fazer, e o faz com maestria, mas envolve a questão moral, que deforma a honestidade.
Tá vendo, amada, você e suas histórias mexem comigo e acabo sempre escrevendo um romance nos seus comentários.
Amei.
Carinhoso e fraterno abraço,
Lilian
Gostei da caixinha,fiquei curioso até o fim,parabéns!
ResponderExcluir