Eu era uma adolescente que ia fazer a primeira viagem sem a companhia dos pais. Era um acampamento com o grupo das bandeirantes. Devíamos ser umas 10 garotas acompanhadas pelas duas chefes. Fomos para as montanhas no interior do estado do Rio de Janeiro.
Já cheguei à conclusão que todo acampamento tem que ter uma visita inesperada, no mínimo estranha ou diferente. Sendo assim, logo no primeiro dia em que armamos as 3 barracas no pátio de uma escola rural, apareceram nossos eventuais visitantes.
Eram três rapazes paulistas que chegaram à cavalo. O que havia diferente nessa visita é que os rapazes tinham vindo lá do interior de São Paulo a galope! Sim, eles tinham percorrido centenas de quilômetros em seus cavalos.
Eles pediram consentimento à nossa chefe para acampar junto de nós e ela concordou. E assim formamos um grupo curioso de ciganos. Com a barulheira que fizemos na primeira noite, cantando e tocando violão ao redor da fogueira, acabamos por chamar a atenção dos habitantes daquele pacato lugar.
Mas, calma! A história de amor não se deu com nenhum dos três aventureiros, que foram apenas nossos alegres companheiros naqueles poucos dias. Apenas não pude deixar de incluí-los nessa narrativa, tendo em vista que eles foram dessas pessoas que temos de fato uma alegria em conhecer.
O amor aconteceu na segunda noite, quando novamente armamos uma enorme fogueira e além de nós campistas, pessoas da redondeza também se aproximaram e se sentaram para ouvir a música do violão. Eu não sabia que era amor. Sabia apenas que podia ver, através das labaredas mais altas, o rosto de um rapazinho que devia ter a minha idade.
Ele era muito sério e calado. Pelo seu jeito e suas roupas pude ver que era um garoto de cidade grande. Não trocamos uma palavra. Mas quando todos foram embora, pude ver que ele se foi montado num cavalo bem tratado, na companhia de um empregado ou capataz.
No dia seguinte, nova reunião em torno da fogueira. Dessa vez o garoto sentou-se ao meu lado. E o único progresso que fizemos foi que soube seu nome e ele o meu. Nada mais.
Chegou o dia em que íamos embora pra casa. Os três paulistas a cavalo se despediram e sumiram no final da estrada. Nunca mais os vi. Uma caminhonete iria nos levar até a rodoviária em seguida e eu estava aflita porque não poderia me despedir do garoto que conhecera através da fogueira.
Subimos na carroceria da caminhonete e eu com o coração apertado. Ninguém à vista. A caminhonete começou a descer a estrada de barro e só não ganhou velocidade por causa dos buracos. Já estávamos nos afastando do local do acampamento quando vi um cavalo em disparada vindo atrás de nós. A caminhonete aumentou a velocidade e o cavaleiro chicoteava o animal, até se aproximar de nós.
Não era ninguém conhecido. Mas o homem a cavalo se esticou todo para me entregar algo. Eu me estiquei também, quase caindo e peguei o objeto! Era uma caixinha de fósforos! O cavaleiro diminuiu a velocidade e sumiu da nossa vista e eu fiquei com a caixinha nas mãos. Abri e dentro dela havia um número de telefone!
Apesar de termos conversado pelo telefone algumas vezes, não nos encontramos mais. Éramos muito novos e morávamos em bairros distantes. Passaram-se 3 anos.
Por acaso surgiu uma oportunidade de voltar àquele lugar, só que dessa vez fiz a viagem acompanhada dos meus pais e ficamos hospedados num hotel. À tardinha, fui caminhando até o lugar onde 3 anos antes tínhamos feito o acampamento. Ninguém ali. Fiquei olhando o mato por um tempo e quando a noite começou a cair resolvi voltar ao hotel.
Mal dei os primeiros passos e ouvi o barulho de uma moto se aproximando. Cheguei pro canto quando percebi que a moto ia passar por mim. Mas quando o motoqueiro passou, eu olhei.
Era ele!!! Nos encontramos no mesmo lugar 3 anos depois!
Isso daria um excelente enredo de filme romântico.
ResponderExcluirGostoso de se ler e de assistir numa telona.
Um abraço.
Drauzio Milagres
Nossa suspirei com a sua história!Adoro esses encontros ao acaso ou não.
ResponderExcluirBjos
Leila, que linda história a sua! Às vezes, sem nos darmos conta, a vida nos prega algumas peças, e como é bom poder recordar momentos felizes de nossas vidas, não é? Principalmente da nossa juventude. Gostei muito de ler seu texto. Beijos. Obrigada.
ResponderExcluirPoxa Leila! Se você soubesse contar uma história de amor então o que seria dos nossos corações? Você tem talento menina!
ResponderExcluirJá estava aqui torcendo, torcendo, torcendo... Primeiro para a caixinha não cair e depois para que o jovem montado a cavalo aparecesse.
E, é claro, saber o quanto seu coração disparou. Mas nem precisou dizer. Está nas entrelinhas. Mas que legal que ele apareceu de novo e, agora, num cavalo possante.
Aguardo o novo capítulo. Amo ler romances!
Parabéns pela linda história de amor!
Abraço do amigo,
Antonio
Muito boa sua história.
ResponderExcluirOi Lela querida!
ResponderExcluirMuito bacana a história. Já estava até aflito pensando que o rapaz não iria conseguir se despedir...
São estas histórias incríveis que criam momentos inesquecíveis.
Adorei a narrativa que fizeste, ficou muito bonita.
Beijos, Fernandez.
Uma linda história. E isso porque você não é romântica! Fico imaginando se fosse...
ResponderExcluirAs histórias do coração são as nossas grandes lembranças...
Puxa Leila, onde escondia o romântismo? Voce não só tem historias malucas pra contar...Tem historias romanticas de muito bom gosto.
ResponderExcluirahahaha
adorei!
Oiii Leila
ResponderExcluirQue historia linda, parece conto de fadas.E sua narrativa foi excelente, deixa os leitores bem fisgados.Mas agora você tem que escrever um post sobre como foi esse encontro né, porque ficamos curiosos em saber como essa linda história termina.
Bjs
Leila,
ResponderExcluirestava aqui numa torcida danada .E aflita!
Já sabia daquele seu amigo ciumento e agora mais essa? Ufá! Ainda bem deu certo mesmo 3 anos depois ;)
Leila, adorei a história... estas histórias de adolescente que marcam e jamais esquecemos....
ResponderExcluirMas, vem cá.... o que aconteceu 3 anos depois?
Beijo no coração
Olá Leila!
ResponderExcluirVocê não é romântica? Bem, mas esta sua história é, não é mesmo?
gostei.
Beijo,Vera.
Oi Leila!!
ResponderExcluirAdorei sua visita ao meu blog,adorei o seu tbm, vou ser agora uma visitante assídua rs, vou linkar vc no meu.
E que historia hem? gostei muito,mesmo que as historias de amor nem sempre tenham finais felizes e nós ''sabemos que não tem'', mas como diz o Lulu Santos sempre é valida ''toda forma de amor''!!!
beijao minha linda apareça sempre.
Leila, querida!
ResponderExcluirUauu...primeiro cavalo e depois moto? Evoluímos em 3 anos, hein?
Amiga, adorei essa história. Você é muito boa nisso, viu? Gosto muito de ler o que escreve. Você consegue colocar poesia em suas narrativas...muito gostoso de ler.
Grande beijo,
Jackie
Mesmo não sendo romântico (a), sempre existe uma ou umas histórias de amor para contar. Muito lega a história a coincidência do segunbdo encontro.
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