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Só que isso nem sempre é fácil. Arrastar móveis, tirar tudo de dentro pra ficar mais leve, passar com uma mesa por uma porta estreita pode ser trabalhoso. O pior é quando tem que desmontar. Com preguiça de pegar a chave de fenda e deixar o móvel em pedacinhos, muitas vezes acabamos por empurrá-lo montado mesmo, ainda que isso não seja recomendável. E ainda há o caso daqueles móveis que se desmontar nunca mais serão os mesmos.
Muitas vezes as mulheres ficam entusiasmadas com sua nova idéia para a arrumação, mas dependem da boa vontade de maridos, namorados, irmãos ou pais para ajudar na parte pesada. Eles, que preferiam muito mais ficar com a casa do jeito que sempre esteve, não gostam nem um pouco de ter que largar o jornal, o computador, o jogo ou a preguiça do domingo pra ficar arrastando cama, levantando colchão, muito menos desarmando e armando armários. Tentam logo persuadir as mulheres a deixar a arrumação do jeito que está. Mas as mulheres, ansiosas, não irão se conformar com esta resposta tão pouco criativa.
Deixam passar alguns dias e sugerem novamente a mudança no domingo seguinte. Quem disse que o marido vai levantar da poltrona ou que o irmão vai largar o youtube pra ficar arrastando coisa pesada? Isso dá até briga! Mas não adianta falar pra ela que vai incomodar os vizinhos com o barulho, que está calor e ai de quem se atrever a dizer que com a nova arrumação a casa ficará pior!
Cansada dessa situação, eu -- mulher independente e dona de si, aproveitei um dia em que todos haviam saído para empurrar os móveis do jeito que eu bem entendesse! Ia ficar bom e pronto! Meu pai sempre me falou que as mulheres têm força física, sim. Então decidi pôr em prática este ensinamento e lá fui eu mudar tudo.
Resolvi tirar tudo de dentro de um quarto e colocar em outro. Mudar de quarto seria divertido. Depois de tirar todas as coisas pequenas, até um colchão, sobrou um gigante: um armário duplex com 8 portas. O certo seria desmontar o dinossauro. Até tentei, mas quem disse que os parafusos se moviam? Aquilo tinha sido apertado com uma força descomunal. Estavam ali há anos. Eu não ia conseguir tirar aqueles parafusos. Ia ter que arrastar o armário montado mesmo.
Peguei a trena e medi o armário, depois medi a porta. Dava pra passar certinho. Tirei tudo de dentro do armário e coloquei na sala. Não era pouca coisa. Ia ter é coisa pra guardar depois, mas não importava. Entrei num espacinho entre o armário e a parede (como é bom ser pequena!), apoiei minhas costas e fiz força com os joelhos e os braços. O armário se moveu alguns centímetros do lugar. Pouca coisa, mas se moveu. "Vou conseguir!", pensei. De centímetro em centímetro vou levar esse grandão até a sala.
Mais um pouco de força e desta vez o armário andou bem um palmo! O negócio era tirar o bicho da posição inicial. Depois era mole! Estava animada. Mais esforço e o armário andou quase 1 metro! Agora um pouco pro lado. Desencostou da parede. Encaixou na porta. Agora era só ir reto! Sempre fui boa de manobra, era hoje que eu ia tirar o armário da vaga! Fui, fui, até que... parou!!! Isso mesmo, parou. Fiz mais um pouco de força, mas o armário não saiu mais do lugar.
Uma pequena protuberância na parte superior do armário, um defeito qualquer na madeira, fez com que ele ficasse entalado na porta! Não passava mais! Ah! Que raiva! Nesse ponto eu ainda não tinha reparado o problema em que me encontrava. Empurrar o armário pesadão era uma coisa, puxá-lo era outra completamente diferente!!! Puxar o armário de volta era impossível. Ainda mais que ele estava preso na porta!
Conclusão: eu estava presa no quarto!!!
E eu estava num prédio e não era um apartamento térreo. Não havia ninguém em casa. Tão cedo ninguém ia chegar. Na sala, o telefone começou a tocar e eu não podia atender. Não tinha ficado nada dentro do quarto que pudesse me socorrer. Cheguei na janela pra ver se eu via alguém. Ninguém. Não tinha ninguém!
Cadê a velhinha que ficava sempre me espiando? Devia ter saído. A janela dela estava fechada. Vi duas garotas passando ao longe. Gritei: "Ei!!!!" Elas olharam... pro lado errado e continuaram andando! Mas que droga!!! Que raiva! Maldita arrumação! Socorro!!!
Olhei pra baixo, pra fachada do prédio pra ver se dava pra botar meu pé em algum lugar, mas não tinha nada, era lisinho. Ainda mais eu tinha medo de cair. Estava o maior calor naquele quarto. Fiquei logo morrendo de sede, com vontade de ir no banheiro, meu cigarro estava comigo, mas o fósforo estava na sala!!!
Fiquei mais de uma hora ali de castigo até que minha família chegou de volta e me libertou da armadilha doméstica que construí para mim.
4 comentários:
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Jô
24 de outubro de 2009 às 09:05Eu tambem gosto de fazer mudanças em casa,tenho a impressão que tambem algo muda na minha vida ,para melhor.
beijnhos
joana
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BLOGZOOM
24 de outubro de 2009 às 14:46Leila, tem coisa que a gente passa que não dá sequer para acreditar! Eu tambem já passei uns apertos, kkkkk, nossa, temos que ser salvas pelo gongo! kkkkk Amei seu relato, desculpa, mas ri... porque nas nossas tentativas podemos virar estrelas de video-cassetadas!
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Gabys
24 de outubro de 2009 às 23:51Leila, me desculpa, mas eu to aki quase chorando de tanto rir imaginando a cena! Eu sou cheia de fazer essas coisas, estou me vendo nesse episódio kkkkk
Morei sozinha alguns anos e também já criei muitas armadilhas domésticas!
Parabéns pelo site, gostei muito, já sou uma seguidora!
Abraços
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24 de outubro de 2009 às 02:14
Olha Leila, foi muito engraçado, mas nós mulheres somos assim mesmas, quando queremos alguma coisa, vamos atrás. Minha mãe também tem esta mania de mudar as coisas dentro de casa, é um Deus nos acuda, pois ela não tem mais idade para isso, 68 anos. Quando meu pai era vivo, quer dizer, vivo ele está, mas não entre nós, dizia que os móveis daqui de casa se acabavam pelos pés. Sua história me fez lembrar dele, ah que saudade.
Bjs. Ah, já estou te seguindo.