Nesse tempo de verão e férias escolares muita gente quer sair da cidade e viajar. Mas às vezes a grana está curta e acabamos decidindo aceitar aquela carona e o convite de um amigo para ficar em sua casa de praia. Entretanto, por mais que nosso amigo tenha sido simpático em nos oferecer, viajar de carona é algo que pode nos reservar surpresas das mais diversas.
Foi num caso assim que certa vez aceitei a carona oferecida por um casal e o problema foi que não me disseram que eu teria de dividir o assento com dois cães da raça São Bernardo! Os dois cachorros, gigantescos, eram super bonzinhos, tanto que cada um deles logo se acomodou colocando a cabeçorra no meu peito e nas minhas pernas. Mas eles pareciam uma fábrica de baba e já no meio da viagem não havia um lugar na minha roupa que não tivesse babado! Isso sem contar o peso, a quentura e, obviamente, o bafo dos cachorros durante toda viagem.
Antigamente, no tempo dos hippies, era comum pegar carona mesmo de estranhos. Decerto havia algum perigo, mas não tanto quanto seria se o mesmo fosse feito hoje em dia. Naquela época os motoristas apenas acostumaram-se a ver os jovens pedindo carona nas estradas.
Assim, aproveitando a onda, dois amigos, mesmo não sendo hippies, decidiram ir até o ponto mais ao sul que pudessem da América do Sul, mas resolveram ir de carona. Sabe-se lá em quantos veículos andaram, mas um deles ficou na memória. Assim que fizeram sinal na estrada, o caminhão parou logo à frente. Os dois correram e subiram na carroceria cuja carga era forrada com lona marrom.
O assento não parecia nem um pouco confortável e mais tarde vieram a descobrir que o caminhão carregava arame farpado! Os caminhoneiros foram legais e dividiram com eles o lanche que traziam - uma comida que não podiam identificar exatamente seus ingredientes, mas era o que tinham. Estavam atravessando um trecho bastante isolado da estrada e não havia onde parar para comer em muitos quilômetros.
Este isolamento também colaborou para que o motorista atingisse altas velocidades. Corriam tanto que os dois rapazes mal conseguiam se segurar na lona esticada. Mas foi só quando começou a anoitecer, que os caroneiros começaram a sentir o efeito daquela nova dieta. Ficaram os dois com dor de barriga e precisavam ir ao banheiro urgente!
Começaram a gritar pedindo ao motorista que parasse, mas com o barulho do caminhão, ele não ouvia os gritos! O problema é que tinham de ir ao banheiro naquele exato momento! Não podiam esperar mais um minuto sequer!
Não. Não vou dizer como o problema foi resolvido. Só vou dizer que eu também tinha a maior vontade de andar num caminhão. Não podia ser um caminhão comum, tinha que ser um daqueles gigantesco. Falar a verdade, queria mesmo dirigir um deles.
Uma vez eu e meu marido, quando ainda éramos namorados, passamos o dia num parque florestal, na subida da serra. O ônibus nos deixou lá, mas encontramos dificuldades para voltar pra casa. Começamos a caminhar pela estrada e eu contei a ele que tinha vontade de andar num caminhãozão. "Igual aquele que vem lá?", disse ele apontando um caminhão todo branco enorme que vinha atrás de nós. "Isso mesmo!", disse eu rindo.
"Faz sinal!", brincou meu namorado. "Até parece que ele vai parar!", disse eu, já fazendo o sinal de carona. Mas, para a nossa surpresa, aquele caminhão que vinha em velocidade, começou a frear, fazendo Ttttssssssssssss! Tsssssssssssssssssssssssss! E parou uns 80 metros adiante. Eu e o Marco saímos correndo e entramos no caminhão. Eu prendendo o riso. O motorista, gordo e alegre, começou a cantar a toda altura logo que o veículo começou a andar.
"Estou indo para as Guianas!", disse o motorista. "Querem ir?"
Saudações!
ResponderExcluirQue Post Fantástico!
Amiga Leila, mais um texto fascinante... Agora, viajar com dois cães a tira colo é dose... Já viajei muito de carona minha amiga. Faz anos!
Hoje, estou muito velho, passou a minha época de aventuras!
Mas, e aí vocês foram para as Guaianas?
Parabéns pelo excelente Post!
Abraços,
LISON.
Já viajei muito de carona, hoje não tenho mais coragem, a violência nos afasta das aventuras.
ResponderExcluirBeijocas
Maravilha, também percorri muitos estados brasileiros assim e realmente é uma experiência dantastica, muito boa esta sua.
ResponderExcluirAbraços forte
Leila... mais uma história genial... e me juntando ao Lison... e aí foram para as Guianas?
ResponderExcluirNão fui muito caroneira não, mas peguei as minhas caronas... uma vez tive que dividir o banco de trás com um bêbado metido a comediante... amiga, foi a TREVA!....o cara tava fedido, era sem graça, mas eu tinha que fazer de conta que era engraçado - ele era o dono do carro! Kkkkkkk
Beijo no coração
Grande Leila aventureira .... nunca tive a manha de viajar assim, nunca tive este espirito aventureiro, não ter hora para partir e nem hora pra chegar ....
ResponderExcluirOlá querida amiga Leila,
ResponderExcluirParabéns pelo post!
Excelente narração. Devia ser bem legal pegar carona décadas atrás, mas, nunca fui de fazer isso. Como disse nosso amigo Joselito, também não tive esse espírito de aventura.
Carinhoso e fraterno abraço,
Lilian
Bom dia Leila! :)
ResponderExcluirEstou morta de rir a imaginar os São Bernardo a afogarem-te em baba e lambidelas! rsrsrsrs
Eu também viajei algumas vezes de boleia em camiões. Há 25 anos ou mais esse era um modo de viajar muito comum, pois acarretava poucos custos e era mais ou menos seguro.
Beijinhos
Luísa