Subscribe to RSS Feed

Marcas do tempo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010 by Leila Franca

Ontem eu estava caminhando pela rua e vi na calçada algumas marcas que pareciam sangue bem grandes. Uma delas ainda formava uma poça com o sangue ainda líquido, brilhando. Fiquei pensando no que teria acontecido ali. Um acidente? Um animal atropelado? Uma pessoa machucada?


A poucos metros, uma roda de rapazes conversando tranquilamente indicava que as manchas de sangue no chão não deviam ser provenientes de nenhum sinistro ou algo parecido ou então eles não estariam ali, batendo papo, bem perto do local. Fiquei até pensando se não seria apenas tinta vermelha!

Hoje passei pelo mesmo lugar e o sangue já estava seco. Na hora que passei, ventou levemente fazendo meus cabelos voar para trás. Folhas secas e alguma poeira vieram com o vento e cobriram um pouco as marcas da calçada. O que quer que seja que tenha acontecido ali já passou e foi esquecido.

O curioso é que minha sombra na calçada me fez lembrar do tempo que eu tinha 18 anos. Era a mesma sombra e apesar de eu não ter mais as mesmas feições, meu contorno continua o mesmo. Cabelos longos, soltos ao vento, um jeito hippie, uma vontade de ir, de seguir em frente.

Woman walking through alleyway in old town

Da mesma forma que aquele sangue e minha sombra na calçada, nossas impressões, nossas marcas, deixadas neste mundo, aos poucos, também serão apagadas e novos dias virão.

O que é matéria não tem muita importância. Tem uma duração efêmera, temporária. O que é de fato valioso não se transforma em pó.

11 comentários:

  1. Eduardo Montanari
    30 de agosto de 2010 às 15:12

    Senti uma serenidade agradável nas suas linhas. Gosto de pessoas que reparam nas pequenas coisas que a maioria deixa passar. Quanto ao sangue, fiquei pensando que seja de quem for, é uma parte da pessoa que ficou ali. Quando cortamos unhas, cabelos, quando sangramos ou espirramos, existe um pouco de nós em tantos lugares. hehe... Quis ser filosófico demais e acabei falando bobagens.
    Mas a verdade é que curti muito essa postagem sua. Muito serena.

  1. Jackie Freitas
    30 de agosto de 2010 às 15:30

    Leila, minha querida!!!
    Saudades de você, garota! Adorei o seu texto e concordo com você: o que nos acontece deixa marcas, sim, mas o tempo ameniza, atenua ou (em alguns casos) até apaga. O importante é isso: olhar e lembrar que um dia ali houve uma história e que o desfecho dela coube ou ainda cabe apenas à nós!
    Belo retorno, querida!
    Grande beijo,
    Jackie

  1. Valéria Braz
    30 de agosto de 2010 às 16:20

    Oi minha amiga... que saudade, de você e deste textos maravilhosos.
    Leila, que noltalgia deliciosa.... realmente as marcas da juventude passaram, mas ficou o mais importante aquilo que trazemos no coração exatamente aprendida com elas....
    Como sempre.... BRAVO!
    Beijo no coração

  1. BLOGZOOM
    30 de agosto de 2010 às 17:32

    Olá Leila, bom te ver novamente!
    Acredita que nunca reparei na minha sombra?!
    O tempo, sempre ele, o responsavel de levar com o vento a poeira, levar algumas coisas ao esquecimento, de apagar rastros, feridas, de mudar a apresentação de uma paisagem e de uma pessoa. Somos parte do tempo que passou e daquele que ainda vai chegar!

    Bjs

  1. Marcos Mariano
    30 de agosto de 2010 às 19:08

    Ola amiga Leila, quanto tempo
    realmente no final de tudo o que nos restam
    são as lembramças, por isso acho importante
    tentarmos viver da melhor forma possivel
    tudo passa, tudo é vaidade como diz um proverbio
    se as pessoas se atentassem mais pra isso, se preocupariam muito mais com o interior, do que com o esterior

    grande bjo

  1. Darcy Mendes
    31 de agosto de 2010 às 08:02

    Por onde andastes? Já estava sentindo falta dos teus textos!
    Realmente tudo passa, apenas nossas lembranças é que teimam em permanecer vivas nas nossas memórias. Nem mesmo das ruins nós consegumos nos desvencilhar!

  1. Jairo Cerqueira
    31 de agosto de 2010 às 08:47

    Leila,maravilhoso o seu texto e, esplêndido o seu pensar.
    Realmente a essência é imutável. Daí, o maravilhoso embate entre Heráclito e Parmênides.
    Tenha uma ótima semana.
    Bj.

  1. Leila Franca
    31 de agosto de 2010 às 09:49

    Oi Darcy,

    Eu estava com muito trabalho atrasado. Então me ausentei até acertar. Agora já dá pra voltar...

    bjs

  1. Leila Franca
    31 de agosto de 2010 às 09:49

    Oi Jairo,

    Muito obrigada pelas suas palavras.

    bjs

  1. Valéria Mello
    1 de setembro de 2010 às 00:34

    Surpresa ver voce novamente! Acho até que é "juntação de idéias". Pensei em vc e dai, vc puft, apareceu.

    Falando justamente de "O que é de fato valioso não se transforma em pó."

    Adorei! Bom sinal, isto!

  1. Isa Soares
    2 de setembro de 2010 às 19:57

    Oi! Na vida há tempo para tudo e é justamento este "tempo" que nos faz ter recordações boas ou ruins pois tudo passa, até nós.

    Com carinho
    Isa
    http://sabedorias-isa.blogspot.com

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails

Picapp Widget