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Há pouco tempo atrás, voltando de uma curta viagem, peguei um ônibus pra chegar em casa. Eu tinha até pensado em pegar uma van, mas assim que deixei o ônibus da viagem, saí do prédio da rodoviária e cheguei na rua, um ônibus comum, que ia para o meu bairro, parou bem na minha frente, com a porta aberta, então entrei.
Todos os lugares estavam ocupados e eu era a única em pé. Logo no ponto seguinte, entrou uma moça no ônibus e ficou tambem em pé ao meu lado. A garota, de uns 20 e poucos anos, era muito bonita e estava elegantemente vestida. Ela chamava atenção porque ninguém num ônibus como aquele anda tão arrumado assim às 6 da tarde, quando todos estão voltando do trabalho, meio amassados e descabelados.
A moça era loura, com cabelos lisos e compridos, parecendo anúncio de shampu. Tinha mãos e unhas de quem nunca lavou uma panela, enfeitadas com anéis e pulseiras de bom gosto e qualidade. Uma blusa colada no corpo que combinava perfeitamente com a saia preta. Ela podia ser uma secretária executiva, uma recepcionista de alto padrão, uma comissária de bordo, mas sem dúvida, uma garota com muita classe.
"Querida, a única coisa que você está precisando, é de um carro!" - pensei eu. E, nesse momento, por coincidência, passou pelo ônibus, um carro guiado por uma moça muito bonita também, parecendo a moça do ônibus. "Viu? Essa é você, amanhã." - pensei.
Na minha frente, no ônibus, estava sentado um rapaz, acima dos 20, mas com menos de 30 anos. Ele estava de calça preta e camisa social. Um corte moderno no cabelo e óculos escuros. Não fazia 10 minutos que a moça loura tinha entrado no ônibus e o rapaz abriu uma pasta, tirou um cartão, riscou com uma caneta uns números da frente do cartão e escreveu um outro número atrás. Em seguida, guardou o cartão no bolso da camisa.
"Aposto um doce que esse rapaz vai arranjar um jeito de dar esse cartão pra moça loura!" - pensei eu. E a partir desse momento passei a prestar atenção no que ia acontecer, como quem assiste o último capítulo da novela.
Passados uns 5 minutos, o rapaz se ofereceu pra segurar a bolsa da moça. Ela aceitou, com um sorriso. Pensei até que ele poderia, disfarçadamente, colocar o cartão na bolsa da moça, para que ela achasse depois. Mas ele não estava com jeito de que iria correr o risco dela não se lembrar e jogar fora. Ele iria esperar um momento melhor. E nessa hora eu também pensei: "Querido, você também está precisando urgentemente de um carro!"
O ônibus seguiu viagem naquele calor infernal e eu prestando atenção... De repente, um celular tocou na bolsa da moça. Sem tirar a bolsa do colo do rapaz, ela debruçou-se sobre ele, remexeu a bolsa e pegou um telefone. Mas não era aquele telefone que estava tocando! Ela mexeu a bolsa mais uma vez e tirou outro telefone. Mas ainda não era o que chamava! O toque continuou! Lá foi ela mexer na bolsa de novo e tirou o terceiro telefone da bolsa! Também não era! E novamente, ela tirou o quarto telefone da bolsa!!!! Enfim era o que estava tocando!
Com quatro telefones celulares nas mãos, ela atendeu ao chamado, falando com uma voz impossível de se ouvir. O rapaz ficou rindo e eu espantada. Por que uma pessoa andaria com quatro telefones na bolsa? Eu tinha esquecido o meu único em casa.
O rapaz aproveitou o incidente dos telefones e a aproximação repentina e inusitada de todas as quatro vezes que a garota precisou debruçar-se sobre ele, mexer na bolsa até achar os aparelhos para iniciar uma conversa.
Mas essa conversa foi curta e impecável. Ele tirou o cartão do bolso, mostrou pra ela e falou:
"Me telefona?"
E colocou o cartão na bolsa da moça junto dos quatro telefones.
17 comentários:
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Unknown
21 de fevereiro de 2011 às 20:45Pobre rapariga! Terá tempo para viver? rsrsrs
Aposto 10 contra um em como ela deitou fora o bilhetinho, quando trocou de carteira.
Beijos!
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Kassya Mendonca
21 de fevereiro de 2011 às 21:11Leila,
rssrs... a gente ri, para não chorar; vejo muito isto no onibus, cada coisa!!! e estas malucas que andam com uma coleção de celulares, até parece que é moda... kkk eu não dou conta de um, imagina de 4!!!
e quando eles começam a tocar todos na mesma hora???? elas pegam e é sempre a mesma coisa; "so um minuto estou noutra ligação!"
Ou sao escravas da tecnologia e do trabalho, ou acham bonito posar de executiva! pobre do rapaz do cartão, garanto que ela nem olhou para a anotação.
bjus
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Valéria Braz
21 de fevereiro de 2011 às 22:12Leila... eu adoro observar as pessoas também... seja no ônibus, seja eu estando sentada na praça... Pra mim é gostoso observar as reaçôes e atitudes a minha volta! Mas, como na sua história, como não consigo saber o que acontece depois que passam, fico criando os finais que acharia interessante!
Aposto como ela vai ligar pra ele...
Beijo no coração
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Samanta
21 de fevereiro de 2011 às 22:15Olá Leila !!
Adorei história do casal bonitão, fiquei aqui imaginando como esta moça consegue administrar 4 celulares !!! E gostei do senso de oportunidade do rapaz, conseguiu o que queria sem ser inconveniente ou assustá-la, mas acho que foi tudo muito rápido para despertar o interesse dela.... Infelizmente, não damos muita atenção a momentos que poderiam resultar em boas coisas... Mas quem sabe não é mesmo ? Tudo é possível ;)
Beijosss
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Luiz Scalercio
21 de fevereiro de 2011 às 22:24Adorei muito da história,
e que eu fala quem nasce com trololo pra lua,
tem sorte .
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
prbns pra ela.
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ismaelita
21 de fevereiro de 2011 às 22:51nossa qu texto gostoso de ler ..maravilha prende a atenção do leitor ,valeu ,mas prefiro somente um telefone,a paz
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Valéria Mello
22 de fevereiro de 2011 às 00:59Eu fui pra outro lado....
Ônibus lotado, o sujeito sentado, nem ofereceu o lugar pra linda moça... e depois, pede a bolsa?
Pensei: vai fugir no próximo ponto e levar a bolsa pra passear mais tarde!
Bom ler suas histórias, Leila. Melhor ainda reve-la com a força toda!
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Ademar Maggi
22 de fevereiro de 2011 às 09:48História gostosa e que prendeu, eu também esperava algo mais da moça, digo uma reação, o gostoso é que cada um aposta em um final diferente como visto nos comentários. Fiquei impressionado com sua capacidade de observação.
Tenha um bom dia,
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Antonio Pereira Apon
22 de fevereiro de 2011 às 11:00Olá Leila
Não gostei. Agora como vamos continuar a viver sem saber esse final??! KKKKK... Muito bom texto.
Um abração.
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Jackie Freitas
22 de fevereiro de 2011 às 11:20Oi Leila!
As suas histórias são mesmo fascinantes! Você tem o dom de nos envolver...rsrs...sabe que já me sentia dentro desse ônibus, quase indo lá falar com a moça também? rsrs
Quando eu andava de ônibus também observava muitas cenas e ficava imaginando o desfecho delas...rsrs...e quando as pessoas desciam do ônibus, ainda ficava imaginando o que aconteceria depois...affff... rsrs
Depois de algum tempo (a idade toma conta), passei a dormir no ônibus e perder essas fascinantes histórias!
Muito bom mesmo!
Grande beijo,
Jackie
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J.R. Fernandez
22 de fevereiro de 2011 às 18:44Olá Leila!
Muito interessante estes pequenos fatos cotidianos que viram um verdadeiro filme de suspense... :-)
Fica agora aberta a questão se a o rapaz recebeu a ligação da moça. Bom... pelo menos não será por falta de telefone que ela não iria ligar... ;-)
Abraços, Fernandez.
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Fábio Esteves
10 de março de 2011 às 09:41Gostei do texto! Agora só resta saber de qual celular ela irá ligar, hehe (sim, com atitudes assim, elas sempre ligam!). :-)
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14 de abril de 2011 às 15:45Se ele fosse um gentil daria o lugar para ela.
Se ele fosse cavalheiro, antes teria dado o lugar para você!
O gesto dele, representado naquele pequeno pedaço de papel será jogado na rua, assim que a de muita classe desça do ônibus!
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Mimi
26 de janeiro de 2012 às 20:15Sinceramente, não ligaria para um cara que teve a cara de pau de enfiar o telefone dele na minha bolsa mas não soube me oferecer o lugar, rs.
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21 de fevereiro de 2011 às 20:32
Ahhhhhhhhhhhhhh não vale... pensei que haveria ainda uma frasezinha por parte dela!!!!!!!!! Ao menos ela sorriu receptivamente?! Um telefone já é demais....quatro !?!?!
Affffffffff.... digna de pena! Escrava moderna! kkkkk