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Marcas do tempo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010 by Leila Franca

Ontem eu estava caminhando pela rua e vi na calçada algumas marcas que pareciam sangue bem grandes. Uma delas ainda formava uma poça com o sangue ainda líquido, brilhando. Fiquei pensando no que teria acontecido ali. Um acidente? Um animal atropelado? Uma pessoa machucada?


A poucos metros, uma roda de rapazes conversando tranquilamente indicava que as manchas de sangue no chão não deviam ser provenientes de nenhum sinistro ou algo parecido ou então eles não estariam ali, batendo papo, bem perto do local. Fiquei até pensando se não seria apenas tinta vermelha!

Hoje passei pelo mesmo lugar e o sangue já estava seco. Na hora que passei, ventou levemente fazendo meus cabelos voar para trás. Folhas secas e alguma poeira vieram com o vento e cobriram um pouco as marcas da calçada. O que quer que seja que tenha acontecido ali já passou e foi esquecido.

O curioso é que minha sombra na calçada me fez lembrar do tempo que eu tinha 18 anos. Era a mesma sombra e apesar de eu não ter mais as mesmas feições, meu contorno continua o mesmo. Cabelos longos, soltos ao vento, um jeito hippie, uma vontade de ir, de seguir em frente.

Woman walking through alleyway in old town

Da mesma forma que aquele sangue e minha sombra na calçada, nossas impressões, nossas marcas, deixadas neste mundo, aos poucos, também serão apagadas e novos dias virão.

O que é matéria não tem muita importância. Tem uma duração efêmera, temporária. O que é de fato valioso não se transforma em pó.

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