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O espelho e eu

terça-feira, 19 de outubro de 2010 by Leila Franca

Francamente, eu não sei o que há de errado com espelho de loja! A gente entra na cabine levando os cabides com as roupas novas que quer experimentar, fecha a cortininha e pronto: basta olhar no espelho e tem um choque!


Nossa! Mas como meu cabelo está horrível! E a cara? Deus do Céu! E que roupa amassada horrorosa! A gente leva um susto ao se ver! Eu não sei se é a luz, o espaço ou o próprio espelho em si. Eu não sei o que acontece, mas espelho de loja deixa a gente feia demais!

Depois do choque inicial, vem o pior: a hora de tirar a roupa! A gente olha pra cima, pra ver se tem algum buraquinho, alguma câmera oculta que nos flagre o vexame. Só depois de ter certeza que não tem ninguém espiando é que começamos o "strip tease". Aí o horror é completo!

A conclusão mais imediata é que precisamos urgentemente emagrecer. O diabo do espelho parece que coloca qualquer celulitezinha ou estria em lente de aumento. O pior é que exatamente nessa hora é que de vez em quando alguém tem a ousadia de abrir nossa cortininha e perguntar: "Ficou bom?" Ai que raiva! Cabine de loja devia ter trinco e chave na porta em vez daquela cortina que qualquer um abre.

A gente começa a experimentar as roupas... Uma fica apertada (preciso mesmo emagrecer!!!!) Outra fica larga, uma parecia que ia ficar ótima e fica ruim. A roupa mais linda que você mais gostou não cabe! Não entra! Até que escolhe uma, com um precinho meio indigesto, mas é a única que ficou boa.

O pior dos pesadelos eu vi numa loja em Boston. A loja tinha preços irresistíveis. Tudo barato. Eles recebiam pontas de estoque das maiores grifes européias e vendiam tudo a preço de banana. Era possível comprar marcas famosas com um precinho que definitivamente dava pra pagar.

Mas o problema dessa loja é que não haviam cabines individuais para experimentar as roupas. O provador era um salão enorme forrado de espelhos. As clientes entravam e tinham que tirar a roupa para experimentar as peças novas na frente de uma das outras. E como nos Estados Unidos tem muita gente gorda, a cena se transformava num espetáculo raro!

A primeira vez que entrei nesse provador tive vontade de desistir. Mas a vontade de comprar um autêntico jeans GAP com precinho mínimo foi mais forte. Eu me sentia menos mal porque havia tanta mulher pior que eu!!! Mas foi um alívio sair dali.

Eu só espero que aquela imagem horripilante que aparece no espelho das cabines das lojas seja produzida por algum fenômeno de luminosidade e que eu não seja tão feia assim do lado de fora!

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Mães de meninos, pais de meninas

quinta-feira, 7 de outubro de 2010 by Leila Franca

Chegando perto do dia da criança, não sei por que lembrei de um versinho que tinha na coleção "O Mundo da Criança", que eu li e reli quando era garotinha. O versinho era assim:


"De que são feitos os meninos?
De que são feitos os meninos?
Rãs, caracóis, rabinhos pequeninos

De que são feitas as meninas?
De que são feitas as meninas?
Açúcar, perfumes e outras coisas finas
Disto são feitas as meninas"

Brightly colored cup and spilled candies

Eu me identificava completamente com o poeminha, porque minhas coisas eram todas cheias de rendinhas, lacinhos, tudo bem feminino. E eu só tive irmãs, não tinha irmão. Então não tinha nada de menino na minha casa.

Girl with doll

Entretanto, quando fiquei mais velha, tive 3 filhos meninos, então pensei que seria um desafio passar a conviver mais com a primeira parte do poema. Quando me divorciei e passei a cuidar dos meninos sozinha, aí mesmo é que eu mergulhei para sempre no mundo dos meninos.

Boy holding frog

Da mesma forma, penso nos pais que criam suas filhas meninas sem a presença da mãe. É mais difícil ver, mas também existe muito. Nesse caso os homens irão também precisar conviver com o mundo das meninas.

Toddler Having Toy Tea Party

Penso que toda essa experiência de ter filhos homens no final foi positiva, apesar de que eu mesma assimilei a coisa e fiquei um pouco "guri" por causa deles. Deixei de ser "dondoca", passei a ser mais simples, mais direta e hoje em dia me arrumo em 5 minutos, conheço tudo de carrinhos e adoro um jogo de pc e video game.

Acho que disso tudo também são feitas as meninas.

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Lugares diferentes seguem regras diferentes

quarta-feira, 6 de outubro de 2010 by Leila Franca


Quando eu morava em Boston, resolvi ir a uma cidade chamada Dedham porque toda vez que abria o jornal, via ofertas incríveis de uma grande loja de departamentos nessa cidade. Eu sempre via passar um ônibus para Dedham e ficava com vontade de ir até lá pra conhecer. De brincadeira, eu chamava Dedham de "Dedão"...

Um dia, num impulso, peguei o ônibus que ia pra lá. O ônibus rodou muito antes de chegar. Era longe! Estava nevando e a paisagem era totalmente branca. Pela janela, só via pinheiros e mais pinheiros cobertos de neve. Nenhuma casa, nenhum prédio.

Rural road in winter

Finalmente, cheguei. O ônibus parou bem em frente da loja. O prédio era enorme, parecia um shopping, mas ficava no meio do nada, rodeado por pinheiros e afastado da cidade. O curioso é que não havia ninguém naquele lugar! Nenhum cliente, pessoa alguma caminhando pelos corredores. Até mesmo vendedores eram raros.

woman in shopping mall

Sozinha, percorri quase todos os setores. Vendia-se tudo ali. Não apenas roupas, mas também artigos eletrônicos e eletrodomésticos. Havia de tudo. A loja era gigante. Por isso passei a tarde me divertindo com as novidades. Quando cansei, resolvi ir embora.

Perguntei a um vendedor onde era o ponto do ônibus para voltar pra Boston. Soube então que ali era uma espécie de ponto final. Eu deveria pegar o ônibus no mesmo ponto onde eu havia chegado.

Do lado de fora, logo observei que havia um cartaz pregado na parede que dizia: "ônibus só até as 18 horas"!!! Tomei um susto! Olhei no relógio, eram exatamente 18 horas! E o ônibus, pontual, vinha vindo!!! Era o último! Ah! Que coisa! Em que lugar só tem ônibus até as 18 horas? Só mesmo em Dedham!

ARLINGTON, VA - FEBRUARY 7: A bus stop is seen snowed in after a storm February 7, 2010 in Arlington, Virginia. With the work week beginning tomorrow the DC area has begun to clean up after its second major winter storm of the season, which left over 24 inches of snow in some areas. (Photo by Brendan Smialowski/Getty Images)

A verdade é que estamos tão habituados com a nossa realidade e com a nossa cidade, que é muito comum pensarmos que em outros lugares tudo funciona do mesmo jeito. É um tanto impactante descobrir que lugares diferentes podem seguir regras totalmente diferentes. É estranho.

Por coincidência, cheguei no ponto no último minuto! Se perdesse aquele ônibus, não sei o que seria de mim naquele lugar congelado só com pinheiros e uma grande loja vazia.

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Gosto de desafios

segunda-feira, 4 de outubro de 2010 by Leila Franca

Não sei se quem me conhece já percebeu que apesar da minha aparência quieta e pacata, eu adoro um desafio daqueles de prender a respiração.


Mount Everest or Qomolangma or Sagarmatha is the highest mountain on Earth, as measured by the height of its summit above sea level. The mountain, which is part of the Himalaya range in High Asia, is located on the border between Nepal and China. Sagarmatha National Park, is located in eastern Nepal, containing parts of the Himalayas and the southern half of Mount Everest. The park is as a Natural World Heritage Site.

Entretanto, nem sempre um desafio consiste em escalar o monte Everest ou mergulhar no triângulo das Bermudas. É algo muito relativo.

Um desafio pode consistir em ser aceito numa roda de cientistas ou num grupo punk de New York, ser convidado numa festa de magnatas ou percorrer uma favela carioca.

Punk couple

Um desafio pode ser tomar uma decisão difícil, resolver um problema escabroso, fazer florescer uma planta melindrosa, lidar com uma grande soma de dinheiro ou com dinheiro nenhum.

portrait of a businessman turning out his pockets which are empty

Um desafio é colocar um pé no desconhecido. É sair e fazer algo que nunca fez. É pisar onde nunca pisou. É lidar com o que não se tem referências. É sair da zona de conforto, onde os resultados são todos bem conhecidos.

Um desafio deve acabar bem, senão pode ser uma roubada. É ir e - sobretudo - voltar. É entrar e sair. É começar e terminar. É alcançar um objetivo que parecia impossível. É ser bem sucedido.

OutdoorSport23/121801 -- Bryan Chitwood and Marty Bailey on the North Ridge, of Middle Sister, Three Sisters Wilderness Area, Oregon.

Um desafio, muitas vezes, consiste em fazer algo que você não quer, mas você é a única pessoa que pode fazê-lo. É socorrer alguém à beira da morte, é decidir o caminho a seguir, é prever o imprevisto.

Nem sempre cabe a nós escolher os nossos desafios, mas com certeza cada um terá os seus.

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Fim ou início?

sábado, 2 de outubro de 2010 by Leila Franca

De repente, aquilo que é um pesadelo para a maioria das pessoas acaba por se tornar uma realidade na sua vida: você recebe um comunicado, uma cartinha ou é chamado na sala do chefe onde vai saber que está demitido, despedido, "fired!"


Daí, não te resta outra alternativa senão arrumar uma caixa de papelão, esvaziar as gavetas e limpar a mesa que até poucos minutos antes era sua. Bilhetinhos, porta-retratos, enfeites, seu copo, guarda-chuva e casaco - tudo vai enchendo a caixa. Feliz de quem nunca passou por isso!

Business Woman

Sua cabeça está a mil. O fantasma do desemprego acaba de sentar-se confortavelmente ao seu lado e começa a te soprar pensamentos. Quanto ainda tenho no banco? Quanto vou receber de indenização? Amanhã mesmo vou comprar o jornal para ver os empregos e olhar também na internet. Atualizar o currículo. Ir a entrevistas. Será que tem algum concurso interessante aberto?

Businesspeople in a meeting

É bem por aí.

Isso já me aconteceu há mais de 10 anos atrás. O curioso é que na hora de ir embora e me despedir dos colegas de trabalho, vi que no fundo da sala havia um funcionário que era um sujeito muito calado, alguém que nunca havia falado comigo além do tradicional "bom dia". Achei que devia apertar-lhe a mão também. Caminhei ao seu encontro e então ele falou comigo pela primeira vez:

"Você não foi despedida. O que aconteceu foi que você acabou de ganhar mais uma oportunidade de criar o seu próprio negócio. Uma coisa que vai te dar muito mais dinheiro do que isso aqui. Vê se aproveita essa oportunidade!"

Eu nunca esqueci esse momento. E posso dizer que o minuto final naquela empresa foi o melhor de todos.

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Não gosto disso!

by Leila Franca

Existem pequenas coisas do dia a dia que eu, definitivamente, não gosto. Uma delas é ver os relógios piscando depois de um pique de luz. Aliás, qualquer relógio atrasado ou parado na minha frente tem algo de irritante. Num impulso, acerto todos.


toned close-up of a digital display of time on an alarm clock

Não sei se alguém consegue ficar impassível diante de um sapato virado, com a sola pra cima. Lógico que não tem nada a ver com a crendice de que a mãe morre se não desvirarmos rápido o calçado!

Pair of Flip Flops

Não vou nem falar do computador ou de impressora aqui! Os eletrônicos dariam uma lista interminável de pequenas coisas que fazem brotar uma raivazinha oculta lá no fundo da cachola!
Nem vou citar os quadros tortos na parede ou as garrafas de água vazias na geladeira! Isso é o de sempre.

young man fixing a picture frame on the wall

Existem umas coisas que a gente não gosta que são até exploradas pela publicidade, como por exemplo aquele hábito do comerciante nos dar uma balinha na falta de troco. Principalmente se for balinha ruim.

Agora pense bem na seguinte cena: você entra no box para tomar banho, abre o chuveiro, deixa a água cair e molhar seu cabelo, seu corpo e só então você vê que o sabonete tem a finura de uma folha de papel!

Shower head

É o mesmo que acordar de manhã, fazer aquele cafezinho cheiroso e descobrir (desesperado) que o pote de açúcar está vazio!

Tem dias que acontecem todas essas coisas ao mesmo tempo. Pra viver é preciso de um pouco de força de vontade!

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Comendo escondido

sábado, 4 de setembro de 2010 by Leila Franca

Você abre a geladeira e, de repente, dá de cara com aquela deliciosa iguaria, que, infelizmente, não te pertence! Não há ninguém por perto... Será que você consegue resistir?


Wealthy Young Woman Eating Truffles

A tentação muitas vezes é aquele prato de brigadeiro arrumadinho para a festa, mas ainda não está na "hora de comer". Você sozinho lá... Pega um brigadeiro, coloca rápido na boca, arruma os doces que ficaram na bandeja, mas agora você não pode falar com ninguém com a boca cheia! Mas não é que sempre aparece alguém e você tem que responder fazendo "humm... hummm..." e balançando a cabeça pra dizer sim ou não.

Woman eating

Ou então você está atacando aquele pratão de feijão, arroz e ovo frito, aquela gororoba braba, mas que você adora porque enche a barriga e quando está bem no meio da comilança, chega uma visita (a namorada ou namorado novo, a amiga da sua mãe, a prima com o marido) e você vai e esconde o prato no quarto ou guarda no forno, lamentando profundamente o ocorrido. Ah... Isso também é comer escondido!

Strawberries

Minha mãe conta que quando ela estava namorando o meu pai escreveu um bilhete pra ele, colocou junto uns moranguinhos que havia colhido do quintal e pediu a uma prima do meu pai, que era sua amiga, para entregar a ele. No caminho, a prima não resistiu e comeu todos os morangos! Mas ela foi descoberta porque no bilhete minha mãe dizia "Espero que tenha gostado dos morangos..." Mas que morangos? - foi o que meu pai perguntou. Aí não teve jeito. A prima teve que contar que havia comido todos.

Acho que todo mundo tem uma bela historinha sobre esse assunto pra contar.... Qual será a sua?


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Que tombo!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010 by Leila Franca

Não tem nada pior do que tomar um baita tombo no meio da rua. A gente nunca sabe como foi que aquilo aconteceu. De repente a gente se vê no espaço! É impossível parar. Parece que por um momento a gente entra num mundo de sonhos e imagens abstratas e em seguida está no chão.


Woman falling down stairs

Eu vivo dando bico nas calçadas. Não sei se o problema está no meu andar ou se o calçamento é que está ruim. Será que devo andar marchando que nem aqueles soldados que levantam a perna até quase a altura da cintura?

Guards of honour march before a wreath-laying ceremony at the Tomb of the Unknown Soldier by the Kremlin wall as a heavy smog shrouded the capital in Moscow, August 6, 2010. REUTERS/Alexander Natruskin (RUSSIA - Tags: ENVIRONMENT MILITARY SOCIETY)

O tombo mais memorável que já tive foi uma vez que caí duas vezes no mesmo dia no mesmo lugar! Nunca ouvi ninguém dizer que isso também lhe aconteceu. Eu estava andando rápido em direção ao banco. Daqui a pouco, ao passar por uma parte esburacada da calçada, não teve jeito: caí e caí feio! Ralei os dois joelhos e as duas palmas das mãos. Que raiva!

Me levantei e continuei meu caminho. Fui pensando que toda vez que passasse naquela calçada iria prestar mais atenção. Eu estava com pressa porque tinha deixado o carro num local onde é proibido estacionar. Mas eu não ia demorar nada! E assim fui ao banco em 15 minutos.

Visitor's Parking Stall in Parking Lot

Na volta, estava atravessando a passarela, quando vi um verdadeiro comboio de guardas municipais e até dois reboques indo em direção da rua que meu carro estava estacionado! "Nãããããããooooo!!!!".

Businesswoman running

Esqueci completamente da calçada esburacada e saí correndo pra tirar meu carro daquele local onde era proibido estacionar antes que os guardas municipais chegassem! Do alto da passarela eu podia ver os carros se aproximando! Mas não fui muito longe. Ao chegar exatamente no ponto onde havia caído na ida, me esborrachei de novo no chão!!!

Era um verdadeiro ultraje! Eu queria chorar! Minhas mãos já machucadas ficaram em pior estado e dessa vez ralei até a cara no chão!!! Por ironia do destino, um guarda municipal me ajudou a levantar! No final o comboio tomou outro rumo e os guardas não viram meu carro.

E você, meu caro leitor, já tomou um tombo daqueles que não dá pra esquecer?


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Pela noite a dentro

quinta-feira, 2 de setembro de 2010 by Leila Franca


Sempre gostei de ficar acordada até tarde da noite. Começou quando eu era adolescente. Ficava vendo filmes na televisão, desenhando e escrevendo até que a programação da tv acabasse. Depois, quando fui pra faculdade, passei a varar as noites estudando. Mais tarde, quando comecei a trabalhar, virava as noites trabalhando.

Hourglass with woman asleep at desk inside

Eu gostava do silêncio e da quietude da noite. Gostava de estar sozinha com meus pensamentos, sem os barulhos e falatórios do dia. Adorava escrever durante a madrugada, mas uma vez eu li - não sei onde, que devemos tomar cuidado com o que escrevemos nesse horário, pois parece que a nossa censura interna não funciona direito no período noturno. Ou seja, muita coisa do que escrevemos durante a noite não escreveríamos se o fizéssemos de dia. Entretanto, não sei se isto é fato.

Man working at desk, on crescent moon

Durante a madrugada, as ruas estão vazias, as lojas fechadas e as casas silenciosas. A cidade parece diferente. Até mesmo a nossa rua, nosso quintal, nossa calçada parece outra. Poucas vezes precisei sair de casa nesse horário, mas algumas vezes tive de ir do lado de fora para socorrer um animal. O cachorro que ficou preso em algum lugar, os gatos brigando e lá ia eu destrancar a porta e ir do lado de fora no meio da noite. Assim percebia que até mesmo em volta da minha casa havia algo misterioso nesse horário.

Open Doorway with Light Shining Through

Apesar de tudo, tenho tentado lutar contra esse "domínio da noite". Quero dormir cedo e acordar cedo. Se primeiro eram os filmes, os estudos, o trabalho que me faziam virar noites, hoje em dia é a internet que me segura acordada até altas horas.

Se a gente trabalha sentado e quase não se movimenta durante o dia, pode contar que à noite ainda teremos um monte de energia não utilizada a nos manter despertos. Mas qualquer exercício que se faça, uma longa caminhada e até um trabalho mais braçal, colaboram para gastar essa energia excedente e assim sentimos sono mais cedo.

Low angle view of a cloudy sky before the end of sunset with trees in the foreground

Dormir cedo e acordar muito cedo também tem seus encantos. Às 4 e meia ou 5 da manhã muitos ainda estão dormindo e o silêncio ainda reina por toda parte. O aroma do café fresco nos estimula e nos sentimos com mais disposição para fazer qualquer coisa.

Nos dias que não me exercito, volto a ficar acordada pela madrugada. Mas será que essa batalha é só minha ou meus amigos blogueiros também estão tentando?


PS: As ilustrações e as fotos são do site www.picapp.com

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As cores do dia

quarta-feira, 1 de setembro de 2010 by Leila Franca

Já observei que os dias têm cores que, de certa forma, influenciam nossas sensações e atitudes.


Gosto, por exemplo, de trabalhar nos dias cinzentos de chuva fina. Parece que tudo tem a mesma cor, a mesma tonalidade cinza.

Trees outside a building

Existem as tardes douradas de verão. A hora do pôr do sol, quando os prédios espelhados começam a refletir o brilho do sol e todas as coisas, até mesmo as árvores verdes, ganham uma luminosidade avermelhada. Não tenho vontade de fazer nada nesse horário. Talvez seja hora de passear na praia, tomar sorvete ou refrigerante.

pglake10_1101 - Pine Glades Lake at sunset - Everglades National Park, Florida.

Existem uns dias em que há um fenômeno qualquer no céu, que tudo fica amarelo, com uma tonalidade muito esquisita. Não gosto de dias assim. Uma sensação de fim de mundo.

Cloudy skies over small boats on the water

E quando uma tempestade muito grande se aproxima, as nuvens escuras vão chegando rapidamente e, por alguns momentos, o céu fica verde! Isso dá medo.

Existem dias totalmente brancos, quando se há neve. É uma sensação de pureza, de algo imaculado na neve intocada. Dá vontade de escrever em dias assim. E nas noites de neve, o céu fica baixo, espesso e cor de rosa. Se vamos sair, temos de usar tantos casacos, que a sensação é a de isolamento. Cada um dentro de seu "casulo" de lã.

Alpine wilderness during a snowfall

Mas na primavera e no verão, existem muitos dias em que o céu está tão azul e num tom tão profundo que parece pesar sobre as nossas cabeças. São dias multicoloridos! As árvores ficam mais verdes, a areia mais branca, as montanhas ficam poderosas e o mar cristalino. Todas as coisas parecem brilhantes e têm suas cores acentuadas. Temos disposição para fazer tudo nesses dias. Ficamos animados e falantes.

Country road; nature scenic.

Finalmente, sinto que o arco-íris é uma espécie de bônus da natureza. É um leque de cores à nossa disposição. Atrai o nosso olhar e nos surpreende todas as vezes.

Rainbow

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Marcas do tempo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010 by Leila Franca

Ontem eu estava caminhando pela rua e vi na calçada algumas marcas que pareciam sangue bem grandes. Uma delas ainda formava uma poça com o sangue ainda líquido, brilhando. Fiquei pensando no que teria acontecido ali. Um acidente? Um animal atropelado? Uma pessoa machucada?


A poucos metros, uma roda de rapazes conversando tranquilamente indicava que as manchas de sangue no chão não deviam ser provenientes de nenhum sinistro ou algo parecido ou então eles não estariam ali, batendo papo, bem perto do local. Fiquei até pensando se não seria apenas tinta vermelha!

Hoje passei pelo mesmo lugar e o sangue já estava seco. Na hora que passei, ventou levemente fazendo meus cabelos voar para trás. Folhas secas e alguma poeira vieram com o vento e cobriram um pouco as marcas da calçada. O que quer que seja que tenha acontecido ali já passou e foi esquecido.

O curioso é que minha sombra na calçada me fez lembrar do tempo que eu tinha 18 anos. Era a mesma sombra e apesar de eu não ter mais as mesmas feições, meu contorno continua o mesmo. Cabelos longos, soltos ao vento, um jeito hippie, uma vontade de ir, de seguir em frente.

Woman walking through alleyway in old town

Da mesma forma que aquele sangue e minha sombra na calçada, nossas impressões, nossas marcas, deixadas neste mundo, aos poucos, também serão apagadas e novos dias virão.

O que é matéria não tem muita importância. Tem uma duração efêmera, temporária. O que é de fato valioso não se transforma em pó.

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Cada um tem seu tempo

domingo, 6 de junho de 2010 by Leila Franca





Esse fim de semana aluguei os filmes da primeira temporada de Lost numa locadora porque perdi muitos episódios dessa primeira parte da série. Então assisti um capítulo chamado "The Moth" ("A Mariposa").


Nesse episódio, o Charlie, um viciado em drogas, acompanha o desenvolvimento de um casulo enquanto tenta controlar o seu vício. Ele entende que não adianta querer ajudar a mariposa a sair do seu invólucro, assim como ele encontrou seu momento exato em que estava pronto para abandonar as drogas.

Acredito que cada um de nós está aqui nesta vida para fazer uma grande descoberta pessoal. Descobrir aquilo que o impede de seguir em frente com mais rapidez. Muitas vezes não adianta querer ajudar, falar, com alguém que ainda não atingiu o seu momento.



É como o instante mágico da criança que dá seus primeiros passinhos sem se segurar. Estaremos por perto, mas não podemos adiantar o tempo de cada um.

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Aviso aos leitores

quinta-feira, 3 de junho de 2010 by Leila Franca


Quem me conhece sabe que toda vez que começo a contar alguma história ou explicar alguma coisa, tenho que ter em mãos papel e caneta. Eu não sei falar nada sem desenhar. Qualquer papelzinho serve. Então aquela coisa de "entendeu ou quer que eu desenhe?" nunca precisa ser dita porque eu sempre desenho!

Por gostar muito de escrever e desenhar é que fiz faculdade de jornalismo e arquitetura. Poucos entendem a combinação estranha, mas foi isso mesmo que fiz. Desenhar, pra mim, é tão importante quanto escrever, apesar de ter praticado mais a escrita profissionalmente.


Por isso, quando comecei com este blog, minha intenção era não só escrever, como também desenhar. Mas me faltava material adequado. Comprei algum este ano e apesar de ser pouca coisa, nesse mês o blog completa um ano, resolvi colocar em prática a segunda parte do meu plano inicial, ou seja, ilustrar minhas histórias com meus desenhos.

Obviamente não serão obras de arte nem desenhos acabados. Apenas croquis, rascunhos e rabiscos: a mesma coisa que faço quando estou apenas falando. Pode ser que o blog perca um pouco do colorido das fotos, mas acredito que acabará se tornando mais interessante a medida que poderei retratar exatamente o que estou escrevendo, em vez de contar apenas com imagens genéricas.

Assim vou começar. Vou dar a partida e espero desenvolvê-la em pleno voo. Espero que gostem.


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Na reserva

by Leila Franca


Ontem quando parei no posto de gasolina para abastecer o carro lembrei do meu pai. Enquanto muitos chegam e mandam encher o tanque ou exibem notas de 50 reais, ele não tinha dinheiro e sempre estava com o tanque do carro na reserva. Quando ia botar gasolina no carro levava notas miudas e muitas moedas.

Se fosse hoje, seria algo assim, por exemplo, chegar no posto e dizer:

"Por favor coloque aí 5 reais e 85 centavos de gasolina comum"... Sendo que nesses R$5,85, pelo menos 1 real seria em duas moedas de 50 centavos e os 85 em moedas de 10 e 5 centavos...

Às vezes ainda olhava dentro do carro - uma Brasília - e ainda achava mais algumas moedas.

"Pode botar mais 15 centavos!", completava. E o frentista ficava a vida inteira lá contando os trocadinhos...


Quando fiz 10 anos de idade, ganhei uma bicicleta no Natal. Fomos todos comprar a bicicleta no centro da cidade, no dia 23 de dezembro, quando as lojas fervilhavam de fregueses. Já era tarde quando fomos.

Andamos todo o Saara - as lojas da rua da Alfândega, Ouvidor, Uruguaiana, onde se concentrava o comércio naquela época. Não havia shoppings ainda. Mas as bicicletas eram caras. O dinheiro não dava. Por fim encontramos uma bicicleta e depois de contar todas as notas e moedas de nossos bolsos, o dinheiro que meus pais possuíam era exatamente o valor da bicicleta. Nem uma moeda a mais ou a menos.

Compramos a bicicleta e voltamos pra casa no fusca do meu pai naquela tempo. Mas enquanto estávamos todos alegres e falantes, ele dirigia sério e calado. Não deu outra: quando chegamos na avenida Brasil, a gasolina acabou! Dessa vez não havia um centavo sequer pra comprar o combustível, mas meu pai nos deixou no carro e saiu andando com um galão de plástico na mão.


Daqui a pouco ele voltou com a gasolina. Minha mãe queria saber o que ele tinha feito. Naquela época não havia cartão bancário muito menos cartão de crédito. Ele explicou: havia deixado sua carteira de identidade no posto, como garantia de pagamento, em troca da gasolina. No dia seguinte voltou no posto com o dinheiro (trocadinho) e pegou sua carteira de volta.

Os anos passaram. Uma vez minha mãe e minha irmã foram passar uns dias numa fazenda na serra. Meu pai as levou e depois foi buscar. No alto da serra havia acontecido um acidente grave no dia anterior e a pista ainda estava cheia de óleo dos veículos que se acidentaram. Foi numa curva fechada.


Meu pai derrapou e perdeu o controle do carro. Caiu no abismo, capotando muitas vezes, até parar, com as 4 rodas no ar. Com muita dificuldade conseguiu sair são e salvo de dentro do automóvel, que só não pegou fogo porque não tinha gasolina.

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Estranha aparição

domingo, 30 de maio de 2010 by Leila Franca

Há muito tempo atrás tive um namorado, que antes de se tornar namorado, era meu amigo de colégio e de aventuras. Saíamos juntos, viajávamos juntos e nos víamos todos os dias. Da amizade para o namoro quase não houve diferença. Acho que nunca saímos a sós. A companhia de outros amigos era normal.


Mas houve um verão que fomos para uma cidade litorânea e nossos amigos não conseguiram ficar no mesmo lugar, que já estava cheio. Eles ficaram em outra cidadezinha, perto de onde estávamos. Quando chegou de noite, resolvemos ir caminhando pela areia da praia para encontrar o resto do grupo.

Sun setting over beach with birds

Tínhamos bem uns 6 quilômetros de praia semi-deserta pela frente. No início havia uma casa aqui, outra acolá, mas depois vinha um longo trecho que não tinha nenhuma construção, somente as dunas e o mar. A estrada se afastava e não havia iluminação. Somente a lua cheia, que já estava alta, aparecia entre as nuvens. De longe víamos as luzes da cidade que pretendíamos alcançar.

Com a vista acostumada ao escuro, víamos as nossas sombras formadas pelo luar, a areia branca e a espuma do mar, mas de repente vimos algo se mexer alguns metros à nossa frente. Algo que não conseguimos identificar. Meu namorado segurou meu braço e me fez parar: "Leila, o que é aquilo???", disse ele baixinho.

Ficamos ali paralizados por alguns instantes. Víamos apenas um vulto. Devia ter no máximo uns 60 centímetros de altura e uma cabeça grande que parecia uma bola, um ventilador! Abaixo, algo que pareciam pequenos pés. A figurinha parecia estar executando uma estranha dança. Pulava e rodava, alheia a nossa presença.

Furball creature

"Parece um saci!", disse eu. "Tá vendo o cabeção?" Nós segurávamos as nossas mãos com força. Começamos a nos afastar lentamente em direção às dunas. Mas outra coisa nos fez sair correndo: naquele momento houve um apagão, um black out e as luzes da cidade à frente desapareceram! A lua foi coberta pelas nuvens e ficamos numa escuridão total!

full moon through clouds

Não era mais possível identificar coisa alguma. Corremos aos tropeções, caindo na areia, sem enxergar absolutamente nada. Acabamos caindo dentro de um buraco enorme onde possivelmente alguém havia usado para fazer suas necessidades e ficamos com um cheiro horrível.

Já estávamos bem próximos da cidade quando a luz voltou. Entramos na água do mar para lavar nossas roupas e tentar tirar o fedor. Mas parecia impossível! Quando conseguimos encontrar nossos amigos, alguém falou: "Vocês estão fedendo!!! Saiam daqui!!!"

Era verdade. Voltamos pra casa de ônibus, jogamos fora a roupa que vestíamos, tomamos banho e fomos dormir. Mas até hoje não sabemos o que foi que vimos naquela praia.

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Uma coincidência e um amigo

sábado, 29 de maio de 2010 by Leila Franca

Se nos habituarmos a conviver somente com um grupo específico de pessoas, nossa mente parece que fica condicionada ao pensamento daquele grupo. Por exemplo: surfistas que só convivem com outros surfistas, donas de casa que só fazem tricô entre si, nerds que só se comunicam com outros nerds, e por aí em diante. É muito fácil acontecer. É o lé com lé, cré com cré.


Surfers on Beach at Sunset

Sempre gostei de quebrar essa lei e conhecer grupos variados, descobrindo como são as pessoas diferentes de mim. Acho que me comunico bem, pois sou bem aceita em qualquer lugar.

Não posso esquecer uma vez nos Estados Unidos, quando estava caminhando pela calçada com um amigo e em direção contrária vinha uns três caras que mais pareciam cantores de rap e personagens dos vídeos do Eminem. Ao passar por mim, me cumprimentaram. Meu amigo se espantou: "Você conhece esses caras???" Mas eu conhecia sim.

Com um deles, o Shawn, tinha acontecido uma coincidência incrível. Numa vez que vim ao Brasil, levei para os Estados Unidos um livro que gosto muito de ler. Na saída do trabalho, fui mostrar o livro para um amigo, pois várias vezes havia mencionado o mesmo nas nossas conversas.

"Finalmente trouxe o livro pra te mostrar!", disse eu abrindo a mochila e pegando o livro.

O Shawn, que eu ainda não conhecia, estava do lado desse meu amigo, só observando. Quando tirei o livro da mochila, o Shawn sorriu e abriu a mochila dele: estava trazendo consigo o mesmo livro!!!

Qualquer que seja o grupo, a turma, a praia, sempre encontraremos algo em comum.


Abaixo, um vídeo do Eminem, que me faz lembrar do Shawn, com aparição rápida da Brittany Murphy.


vídeo: EminemMusic
http://www.interscope.com/eminem


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Final de ciclo

quinta-feira, 27 de maio de 2010 by Leila Franca


Antigamente eu costumava pensar que a vida se divide em fases, mas depois preferi dizer que eram ciclos, porque dá uma idéia melhor da sequência de eventos, que inicia e se completa, que se abre e fecha.

Global Cycles

É fácil perceber quando um novo ciclo está começando. É sempre a experiência nova, o caminho que repentinamente se abre em nossa frente. Quando passei num concurso público e fui tomar posse me senti assim. Seria um ambiente novo, novos colegas, novos horários, novas ruas que eu teria de percorrer diariamente, uma nova rotina.

Várias vezes percebi claramente a chegada de um novo ciclo. Acho que todos percebem a maioria deles e é fácil reconhecer isto. O ingresso na universidade, a mudança de emprego, mudança de bairro, de cidade. São marcos típicos do iniciar de uma nova fase.

Woman standing in doorway of home, rear view

Entretanto, nem sempre é fácil perceber que, alheio à nossa vontade, um ciclo está se fechando. O final de uma fase, de um período. Quanto tempo demora pra "cair a ficha"?

Eu tenho uma maneira de perceber isso, que não sei se é a que todos têm. Será que cada um tem seu jeito de perceber quando o fim de qualquer coisa está próximo? Vou tentar explicar o meu jeito.

Enquanto estamos dentro do ciclo, tudo o que faz parte dele nos pertence. É o nosso trabalho, nossa mesa, nossa cadeira. Num relacionamento, é o nosso carro, nossa casa, nossa cama. Até num grupo de amigos é a nossa rua, nossa calçada, nosso clube, nossa praia. Nós absorvemos as coisas de cada ciclo como se fossem nossas.

E quando o ciclo acaba ou está prestes a se fechar sem que haja qualquer anúncio? Aí está o ponto. Perceber antes é vantajoso.

Sunset over the ocean

Quando um ciclo vai se acabar, começo a sentir que as coisas, que antes eram "minhas", não são mais. Como se todo o cenário daquele período passasse a pertencer a outras pessoas, não a mim. Não é mais a minha mesa, a minha rua, a minha calçada, a minha turma, a minha sala... Então eu sei que o ciclo está se fechando através desses pequenos sinais.

Tive um amigo que tinha esta mesma maneira de visualizar o final de um período. Às vezes eu dizia pra ele: "Estou doida pra esse ciclo se fechar logo!" ou então "Queria que esse ciclo durasse mais um pouco". Mas parece que independe da nossa vontade. Vivemos o que tínhamos de viver naquela fase e ponto final. Acabou-se.

Young woman walking away from young man standing with hands on hips

Nunca me senti aborrecida quando um período, uma fase, um ciclo se fechou. Meu sentimento é mais de surpresa. Quando fecha, está encerrado e não há nada que se possa fazer.

Na verdade, eu ficava mesmo na expectativa de uma nova fase. Telefonava para o meu amigo e dizia: "Estamos num período entre ciclos!" O período que nada acontece e que, felizmente, costuma ser breve.

Mas o final, eu captava logo. Era só olhar à minha volta e observar que os objetos, as pessoas e todo o cenário já não eram mais "meus", não me pertenciam. Então eu já ia começando a pensar em novas coisas, novos lugares, pois já sabia que era final de ciclo e uma nova etapa logo iria começar.

E você, querido leitor, como é que a sua ficha cai?


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A vida é movimento!

segunda-feira, 24 de maio de 2010 by Leila Franca

Quando saiu da cidade, meu melhor amigo deixou um cartão de despedida. Não era um cartão comprado em loja. Era um retângulo de papelão onde ele escreveu à caneta a seguinte frase:


"A ave sai do ovo. O ovo é o mundo.
Quem quiser nascer
tem que destruir um mundo..."

Eggshell splitting and light beaming out

A sentença foi extraída do livro "Demian" de Hermann Hesse, que nós havíamos lido pouco antes de sua partida. O romance conta a história de um rapaz que pela primeira vez sai da casa dos pais e encara o mundo.

Era isso que meu amigo iria fazer. Deixaria para trás sua zona de conforto. A casa dos pais, o ambiente familiar, onde tinha de tudo sem que precisasse fazer esforço algum e seguiria por um caminho totalmente desconhecido. Ele era a ave que se preparava para sair do ovo e o mundo que teria de romper era o único que então conhecia.

Dove flying through beam of light

Pra começar a fazer uma coisa nova, precisamos deixar de fazer a que estamos fazendo no dia de hoje. O apego não existe somente em relação às pessoas e aos objetos. Podemos nos apegar também a um tipo de vida que estamos levando.

Qualquer mudança exige um rompimento com alguma coisa que irá passar a fazer parte do passado e da memória. É necessário coragem e determinação, mas vale a pena. A vida é movimento.

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A energia que vem da Terra

domingo, 23 de maio de 2010 by Leila Franca

Há muitos anos atrás eu estava triste e abatida, quando meu pai me veio com uma ajuda inusitada:


"Coloque suas mãos no meu peito. Você está com pouca energia e eu trabalho muito na terra."

Tempos depois, eu continuava pensando no que meu pai havia me dito. Ele trabalhava na obra e estava sempre sem camisa, exposto ao sol e à chuva. Ficava descalço e mexia na terra.

Será que há uma energia que vem do planeta e que alimenta nossa alma?

St. Mary Lake sunset - Glacier National Park, Montana

Eu me lembro que uma vez fui num lugar chamado "Poço das Esmeraldas" na companhia de 2 amigos. Depois de percorrer uma trilha na floresta, passávamos por uma gruta que terminava num lago formado por uma queda d'água no rio.

É um lugar mágico. Lindo. Os raios de sol conseguem penetrar pelas copas das árvores imensas em torno do rio e iluminam o fundo do lago. As pedras multicoloridas submersas adquirem uma cor intensa e nos dá a impressão de que encontramos um tesouro.

Couple swimming under waterfall

Um de meus amigos não resistiu. Tirou a roupa e mergulhou na água gelada. Eu andei descalça e senti as folhas secas e o solo úmido sob os meus pés. Saímos de lá energizados.

A mesma sensação acontece quando entramos na água do mar. A força das ondas nos empurra e nos envolve. A espuma branquinha nos alcança e nossos pés pisam na areia intocada.

Couple's feet in the sand near the water

Acredito que nestes momentos estamos em contato com a energia do planeta e ela, de alguma forma, nos alimenta a alma. Os solados de borracha dos nossos sapatos quando andamos apressados pela cidade nos desconectam por algumas horas e nos sentimos cansados ao voltar pra casa.

Muitas vezes procuramos algo que nos conforte, queremos nos sentir bem e a resposta está muito perto. Nesse caso poderia estar literalmente debaixo dos nossos pés.

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