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Estranha aparição

domingo, 30 de maio de 2010 by Leila Franca

Há muito tempo atrás tive um namorado, que antes de se tornar namorado, era meu amigo de colégio e de aventuras. Saíamos juntos, viajávamos juntos e nos víamos todos os dias. Da amizade para o namoro quase não houve diferença. Acho que nunca saímos a sós. A companhia de outros amigos era normal.


Mas houve um verão que fomos para uma cidade litorânea e nossos amigos não conseguiram ficar no mesmo lugar, que já estava cheio. Eles ficaram em outra cidadezinha, perto de onde estávamos. Quando chegou de noite, resolvemos ir caminhando pela areia da praia para encontrar o resto do grupo.

Sun setting over beach with birds

Tínhamos bem uns 6 quilômetros de praia semi-deserta pela frente. No início havia uma casa aqui, outra acolá, mas depois vinha um longo trecho que não tinha nenhuma construção, somente as dunas e o mar. A estrada se afastava e não havia iluminação. Somente a lua cheia, que já estava alta, aparecia entre as nuvens. De longe víamos as luzes da cidade que pretendíamos alcançar.

Com a vista acostumada ao escuro, víamos as nossas sombras formadas pelo luar, a areia branca e a espuma do mar, mas de repente vimos algo se mexer alguns metros à nossa frente. Algo que não conseguimos identificar. Meu namorado segurou meu braço e me fez parar: "Leila, o que é aquilo???", disse ele baixinho.

Ficamos ali paralizados por alguns instantes. Víamos apenas um vulto. Devia ter no máximo uns 60 centímetros de altura e uma cabeça grande que parecia uma bola, um ventilador! Abaixo, algo que pareciam pequenos pés. A figurinha parecia estar executando uma estranha dança. Pulava e rodava, alheia a nossa presença.

Furball creature

"Parece um saci!", disse eu. "Tá vendo o cabeção?" Nós segurávamos as nossas mãos com força. Começamos a nos afastar lentamente em direção às dunas. Mas outra coisa nos fez sair correndo: naquele momento houve um apagão, um black out e as luzes da cidade à frente desapareceram! A lua foi coberta pelas nuvens e ficamos numa escuridão total!

full moon through clouds

Não era mais possível identificar coisa alguma. Corremos aos tropeções, caindo na areia, sem enxergar absolutamente nada. Acabamos caindo dentro de um buraco enorme onde possivelmente alguém havia usado para fazer suas necessidades e ficamos com um cheiro horrível.

Já estávamos bem próximos da cidade quando a luz voltou. Entramos na água do mar para lavar nossas roupas e tentar tirar o fedor. Mas parecia impossível! Quando conseguimos encontrar nossos amigos, alguém falou: "Vocês estão fedendo!!! Saiam daqui!!!"

Era verdade. Voltamos pra casa de ônibus, jogamos fora a roupa que vestíamos, tomamos banho e fomos dormir. Mas até hoje não sabemos o que foi que vimos naquela praia.

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Uma coincidência e um amigo

sábado, 29 de maio de 2010 by Leila Franca

Se nos habituarmos a conviver somente com um grupo específico de pessoas, nossa mente parece que fica condicionada ao pensamento daquele grupo. Por exemplo: surfistas que só convivem com outros surfistas, donas de casa que só fazem tricô entre si, nerds que só se comunicam com outros nerds, e por aí em diante. É muito fácil acontecer. É o lé com lé, cré com cré.


Surfers on Beach at Sunset

Sempre gostei de quebrar essa lei e conhecer grupos variados, descobrindo como são as pessoas diferentes de mim. Acho que me comunico bem, pois sou bem aceita em qualquer lugar.

Não posso esquecer uma vez nos Estados Unidos, quando estava caminhando pela calçada com um amigo e em direção contrária vinha uns três caras que mais pareciam cantores de rap e personagens dos vídeos do Eminem. Ao passar por mim, me cumprimentaram. Meu amigo se espantou: "Você conhece esses caras???" Mas eu conhecia sim.

Com um deles, o Shawn, tinha acontecido uma coincidência incrível. Numa vez que vim ao Brasil, levei para os Estados Unidos um livro que gosto muito de ler. Na saída do trabalho, fui mostrar o livro para um amigo, pois várias vezes havia mencionado o mesmo nas nossas conversas.

"Finalmente trouxe o livro pra te mostrar!", disse eu abrindo a mochila e pegando o livro.

O Shawn, que eu ainda não conhecia, estava do lado desse meu amigo, só observando. Quando tirei o livro da mochila, o Shawn sorriu e abriu a mochila dele: estava trazendo consigo o mesmo livro!!!

Qualquer que seja o grupo, a turma, a praia, sempre encontraremos algo em comum.


Abaixo, um vídeo do Eminem, que me faz lembrar do Shawn, com aparição rápida da Brittany Murphy.


vídeo: EminemMusic
http://www.interscope.com/eminem


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Final de ciclo

quinta-feira, 27 de maio de 2010 by Leila Franca


Antigamente eu costumava pensar que a vida se divide em fases, mas depois preferi dizer que eram ciclos, porque dá uma idéia melhor da sequência de eventos, que inicia e se completa, que se abre e fecha.

Global Cycles

É fácil perceber quando um novo ciclo está começando. É sempre a experiência nova, o caminho que repentinamente se abre em nossa frente. Quando passei num concurso público e fui tomar posse me senti assim. Seria um ambiente novo, novos colegas, novos horários, novas ruas que eu teria de percorrer diariamente, uma nova rotina.

Várias vezes percebi claramente a chegada de um novo ciclo. Acho que todos percebem a maioria deles e é fácil reconhecer isto. O ingresso na universidade, a mudança de emprego, mudança de bairro, de cidade. São marcos típicos do iniciar de uma nova fase.

Woman standing in doorway of home, rear view

Entretanto, nem sempre é fácil perceber que, alheio à nossa vontade, um ciclo está se fechando. O final de uma fase, de um período. Quanto tempo demora pra "cair a ficha"?

Eu tenho uma maneira de perceber isso, que não sei se é a que todos têm. Será que cada um tem seu jeito de perceber quando o fim de qualquer coisa está próximo? Vou tentar explicar o meu jeito.

Enquanto estamos dentro do ciclo, tudo o que faz parte dele nos pertence. É o nosso trabalho, nossa mesa, nossa cadeira. Num relacionamento, é o nosso carro, nossa casa, nossa cama. Até num grupo de amigos é a nossa rua, nossa calçada, nosso clube, nossa praia. Nós absorvemos as coisas de cada ciclo como se fossem nossas.

E quando o ciclo acaba ou está prestes a se fechar sem que haja qualquer anúncio? Aí está o ponto. Perceber antes é vantajoso.

Sunset over the ocean

Quando um ciclo vai se acabar, começo a sentir que as coisas, que antes eram "minhas", não são mais. Como se todo o cenário daquele período passasse a pertencer a outras pessoas, não a mim. Não é mais a minha mesa, a minha rua, a minha calçada, a minha turma, a minha sala... Então eu sei que o ciclo está se fechando através desses pequenos sinais.

Tive um amigo que tinha esta mesma maneira de visualizar o final de um período. Às vezes eu dizia pra ele: "Estou doida pra esse ciclo se fechar logo!" ou então "Queria que esse ciclo durasse mais um pouco". Mas parece que independe da nossa vontade. Vivemos o que tínhamos de viver naquela fase e ponto final. Acabou-se.

Young woman walking away from young man standing with hands on hips

Nunca me senti aborrecida quando um período, uma fase, um ciclo se fechou. Meu sentimento é mais de surpresa. Quando fecha, está encerrado e não há nada que se possa fazer.

Na verdade, eu ficava mesmo na expectativa de uma nova fase. Telefonava para o meu amigo e dizia: "Estamos num período entre ciclos!" O período que nada acontece e que, felizmente, costuma ser breve.

Mas o final, eu captava logo. Era só olhar à minha volta e observar que os objetos, as pessoas e todo o cenário já não eram mais "meus", não me pertenciam. Então eu já ia começando a pensar em novas coisas, novos lugares, pois já sabia que era final de ciclo e uma nova etapa logo iria começar.

E você, querido leitor, como é que a sua ficha cai?


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A vida é movimento!

segunda-feira, 24 de maio de 2010 by Leila Franca

Quando saiu da cidade, meu melhor amigo deixou um cartão de despedida. Não era um cartão comprado em loja. Era um retângulo de papelão onde ele escreveu à caneta a seguinte frase:


"A ave sai do ovo. O ovo é o mundo.
Quem quiser nascer
tem que destruir um mundo..."

Eggshell splitting and light beaming out

A sentença foi extraída do livro "Demian" de Hermann Hesse, que nós havíamos lido pouco antes de sua partida. O romance conta a história de um rapaz que pela primeira vez sai da casa dos pais e encara o mundo.

Era isso que meu amigo iria fazer. Deixaria para trás sua zona de conforto. A casa dos pais, o ambiente familiar, onde tinha de tudo sem que precisasse fazer esforço algum e seguiria por um caminho totalmente desconhecido. Ele era a ave que se preparava para sair do ovo e o mundo que teria de romper era o único que então conhecia.

Dove flying through beam of light

Pra começar a fazer uma coisa nova, precisamos deixar de fazer a que estamos fazendo no dia de hoje. O apego não existe somente em relação às pessoas e aos objetos. Podemos nos apegar também a um tipo de vida que estamos levando.

Qualquer mudança exige um rompimento com alguma coisa que irá passar a fazer parte do passado e da memória. É necessário coragem e determinação, mas vale a pena. A vida é movimento.

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A energia que vem da Terra

domingo, 23 de maio de 2010 by Leila Franca

Há muitos anos atrás eu estava triste e abatida, quando meu pai me veio com uma ajuda inusitada:


"Coloque suas mãos no meu peito. Você está com pouca energia e eu trabalho muito na terra."

Tempos depois, eu continuava pensando no que meu pai havia me dito. Ele trabalhava na obra e estava sempre sem camisa, exposto ao sol e à chuva. Ficava descalço e mexia na terra.

Será que há uma energia que vem do planeta e que alimenta nossa alma?

St. Mary Lake sunset - Glacier National Park, Montana

Eu me lembro que uma vez fui num lugar chamado "Poço das Esmeraldas" na companhia de 2 amigos. Depois de percorrer uma trilha na floresta, passávamos por uma gruta que terminava num lago formado por uma queda d'água no rio.

É um lugar mágico. Lindo. Os raios de sol conseguem penetrar pelas copas das árvores imensas em torno do rio e iluminam o fundo do lago. As pedras multicoloridas submersas adquirem uma cor intensa e nos dá a impressão de que encontramos um tesouro.

Couple swimming under waterfall

Um de meus amigos não resistiu. Tirou a roupa e mergulhou na água gelada. Eu andei descalça e senti as folhas secas e o solo úmido sob os meus pés. Saímos de lá energizados.

A mesma sensação acontece quando entramos na água do mar. A força das ondas nos empurra e nos envolve. A espuma branquinha nos alcança e nossos pés pisam na areia intocada.

Couple's feet in the sand near the water

Acredito que nestes momentos estamos em contato com a energia do planeta e ela, de alguma forma, nos alimenta a alma. Os solados de borracha dos nossos sapatos quando andamos apressados pela cidade nos desconectam por algumas horas e nos sentimos cansados ao voltar pra casa.

Muitas vezes procuramos algo que nos conforte, queremos nos sentir bem e a resposta está muito perto. Nesse caso poderia estar literalmente debaixo dos nossos pés.

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Meu amigo abacateiro

sábado, 22 de maio de 2010 by Leila Franca

Um dia minha irmã chegou na minha casa levando um abacate embrulhado de jornal. Amassei levemente o presente recém recebido pra ver se estava no ponto. Senti a maciez da fruta na ponta dos dedos e abri o embrulho. Estava diante do abacate mais lindo que vi na vida. Todo verdinho, sem nenhuma mancha escura.


close-up of a cut open avocado

Lembrei que em Boston uma colher de abacate"Made in Brazil" custava 1 dólar e pensei por alguns instantes que estava diante de um pequeno tesouro. Cortei o abacate no meio e admirei a fruta maravilhosa. Tirei o caroço com cuidado, mas não tive coragem de jogá-lo no lixo. Era um caroço que merecia virar uma árvore.

No dia seguinte, fui no quintal, cavei um buraco e enterrei o caroço na terra fofa bem diante da minha janela, onde eu podia tomar conta. Molhei diariamente a terra e depois de algum tempo, vi despontar o primeiro talo, com uma folha novinha. Pronto. Meu abacateiro havia nascido.

Ele teve uma longa e feliz infância, com um palmo ou dois de altura. Uma adolescência bonita quando atingiu 1 metro e meio, mas então em plena juventude de seus 2 metros, começaram os problemas.

Leaves on branches in autumn

"Abacateiro solta muita folha", disse um.

Qual o problema com as folhas secas? Eu acho até bonito. "Eu cato as folhas", respondi.

"Os abacates caem lá de cima e se arrebentam no chão", disse outro. "Eu tiro do pé enquanto estiverem verdes", falei.

"Os moleques da rua vão entrar aqui pra pegar abacate", afirmaram. "Vai ter abacate pra dar pra todo mundo", disse eu.

Avocado texture

"Esse abacateiro tem que ser cortado. Ele vai cair em cima do telhado e quebrar as telhas na primeira ventania", ainda ouvi. "Eu compro outras telhas", respondi.

Mas que implicância! Existiam N motivos para cortar o meu querido abacateiro. Mas eu comprei a briga daquela linda árvore. Pela manhã as folhas recém-nascidas brilhavam no sol. Em pleno verão o verde profundo parecia resplandecer e entrar no meu quarto. Os passarinhos fizeram ninho nos galhos, os gatos afiavam as unhas na base do tronco e até os miquinhos vieram da reserva fazer a festa naquela copa imensa.

Parecia que todos aguardavam as chuvas de verão para ver cumprir a profecia. E esta não tardou. Em pleno dia, o céu escureceu em cinza chumbo. Relâmpagos, raios, trovões e o poderoso vento sudoeste.

View of mountains cloaked in fog and overcast with rain clouds

Da minha janela eu via a sombra escura do abacateiro envergar de um lado para o outro quando o céu se iluminava em clarões. Nunca vi tempestade mais longa. À noitinha faltou luz. Fui até a cozinha pegar uma vela e de lá ouvi o barulho.

Fui à janela, mas não era possível ver o que tinha acontecido. Só no dia seguinte entendi. O mamoeiro da vizinha tinha caído e quebrado o telhado.


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Meu dia perfeito

sexta-feira, 21 de maio de 2010 by Leila Franca

Eu imagino um dia perfeito, onde faço de tudo um pouco, exatamente como gostaria.


No meu dia perfeito eu acordo bem cedo e faço um café cheiroso. Abro a janela e vejo os primeiros raios de sol.

Sun rice over mountains

No meu dia perfeito eu trabalho! Porque apesar de reclamar de vez em quando, eu adoro o que faço. Mesa limpa, papel branco, caneta, lapiseira, borracha e computador.

No meu dia perfeito eu como uma comida saudável. Nada de biscoito, pizza, salgadinho e hambúrguer de lanchonete. Meu dia perfeito tem muitas frutas e legumes.

Vitalife

No meu dia perfeito eu faço algum exercício físico. Nada de ficar o dia todo de bobeira em frente ao computador. Perfeito seria uma aula de tai chi chuan ou de krav magá, como nos velhos tempos. Mas pode ser uma corrida ou caminhada.

No meu dia perfeito eu tenho algum contato com a natureza. Nada de ficar entre quatro paredes fumando um cigarro atrás do outro. Pode ser cuidar das plantas, admirar o mar, sentir a brisa, olhar o horizonte e as nuvens.

Grandmother and granddaughter together in the garden

No meu dia perfeito eu tiro um tempo para os hobbies. Um trabalho manual, uma coleção, uma pintura, costura, uma miniatura, o blog! Nada de ficar com a mente estressada pensando em problemas.

No meu dia perfeito tem um banho gostoso. Frio se estiver fazendo calor e bem quente se estiver fazendo frio. Toalhas brancas, perfume, roupas limpas e cheirosas. No meu dia perfeito consigo deixar minha casa limpa e organizada.

No meu dia perfeito há um tempo pra mim mesma. Pode ser uma ida ao salão de beleza, pode ser simplesmente sentar na varanda, folhear uma revista ou ler o jornal. Um tempo para procurar propositalmente alguma coisa engraçada e rir bastante!

Group of people in beauty salon, close-up

No meu dia perfeito há um tempo para os outros. Telefonar pra minha mãe e perguntar as novidades. Parar na rua e conversar com os vizinhos. Também é um dia perfeito para doar alguma coisa. Procurar objetos sem uso em casa e doar para uma creche, fazer um favor sem que ninguém peça.

Boy on bicycle with grandparents

No meu dia perfeito vou dormir cedo pra acordar descansada no dia seguinte.

Meu dia perfeito me serve apenas como base. Todos os dias eu tento fazer com que ele se torne realidade. E você, leitor? Como é o seu dia perfeito?


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O melhor da minha vida

quinta-feira, 20 de maio de 2010 by Leila Franca

Antes de morrer meu pai me falou que a melhor coisa que aconteceu em sua vida foi conhecer minha mãe. Eu entendo isso porque foi a parceria dos dois como casal que os permitiu realizar todos os seus sonhos.


De vez em quando me pego pensando nisso. O que terá sido a melhor coisa que aconteceu na minha vida? Acho que foi o Escotismo. O movimento bandeirante foi fundamental para que eu me definisse como pessoa.

Scouts Celebrate 100th Anniversary Of First Camp

A promessa que fazemos ao entrar para o grupo escoteiro ou bandeirante, inclui a expressão "Sempre alerta", que é muito importante no decorrer da vida. Se estivermos alertas não perderemos oportunidades, não nos deixamos enganar, percebemos quando alguém não está bem, sentimos a aproximação do perigo, observamos as mudanças etc.

Os valores presentes nesse movimento formam as leis bandeirantes. No dia da promessa, cada bandeirante escolhe uma das leis para se dedicar mais durante a vida. Eu escolhi uma lei que dizia "A bandeirante é econômica". A partir daí, a economia haveria de ser meu ponto forte. Não preciso dizer o quanto foi importante ter escolhido essa lei.

Os acampamentos, os amigos, o companheirismo também me ensinaram muito. Os amigos que fiz neste período continuaram sendo amigos por muitos anos e ainda estão em contato até hoje. Nos acampamentos a gente aprende a admirar a vida simples.

Wet Shoes

Deixamos de lado o que costumamos chamar de "frescura". Dormimos no chão, montamos mesas e outras pequenas peças com bambú e galhos secos, armamos fogueiras e aprendemos cuidar da natureza. No final, descobrimos que é preciso bem pouco para se sentir bem e ser feliz.

O respeito pelas chefes, a hierarquia no grupo, as brincadeiras e competições. Todas essas coisas vão nos acrescentando valores muito positivos. Eu era monitora da minha patrulha: a patrulha Romã. Hasteávamos a bandeira, cantávamos juntas, ganhávamos medalhas e uma estrelinha por ano no grupo. Meu uniforme era desbotado como jeans de tanto lavar, tinha um bom número de medalhinhas penduradas no peito e um cinto que tinha corda, canivete e outras utilidades.

Boy Scouts Plant Flags At Cemetery For Memorial Day

Também participávamos de atividades voluntárias com prazer. Íamos em áreas carentes ajudar, vendíamos biscoitos para que o dinheiro fosse empregado em orfanatos e hospitais. Fiquei emocionada quando uma vez vi bandeirantes americanas vendendo biscoitos no metrô de Boston. Bandeirante em qualquer lugar do mundo é igual e faz a mesma coisa.

The New Lord Mayor Of London Participates In The Annual Parade

Tínhamos também encontros com grupos de outros estados e até de outros países. Nesses encontros trocávamos presentes. Pequenas coisas, muito parecido com os jogadores de futebol quando trocam as camisas no final da partida. Trocávamos lenços e outras peças do uniforme.

Hoje em dia é difícil ver bandeirantes e escoteiros pelas ruas. Eles ainda existem, mas não se vê mais como antigamente. É uma pena, pois é um movimento que pode ajudar muito a formação de uma pessoa. O que aprendi como bandeirante foi muito importante em minha vida. Meu gosto pelas viagens e aventuras, minha simplicidade, minha maneira de lidar com o dinheiro, meu cuidado com a natureza e os animais, minha maneira de olhar o próximo como igual, vem tudo daí.

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Tudo se vai...

quarta-feira, 19 de maio de 2010 by Leila Franca

Anos atrás, quando não tinha internet, eu gostava de me corresponder com pessoas de outros países através de cartas, pois sempre fui curiosa em relação à culturas diferentes. Cheguei a ter cerca de 60 correspondentes espalhados pelo mundo.


Mas quem começou com essa história na minha casa foi a minha irmã. Ela se correspondia com uma garota alemã. Na época, ainda havia o muro de Berlim e a menina morava do lado de lá do muro, ou seja, na Alemanha Oriental, a antiga DDR.

UPI POY 2009 - News and Features.

É lógico que naquele tempo, quando tudo parecia envolvido em grande mistério, tínhamos uma curiosidade incrível em saber como era a vida do outro lado da cortina de ferro e a garota gostava de contar como eram as coisas por lá.

Eu me lembro que uma vez a menina foi passar as férias de verão na antiga União Soviética, a URSS. A família foi para uma cidade litorânea e levaram até um barco, mas chegando lá, mesmo sendo verão, a temperatura estava abaixo de zero e, com tudo congelado, não puderam usar o bote.

woman writing letter

Nessas alturas, eu também já começava a ter meus correspondentes e estávamos sempre olhando a caixinha de correio pra ver se haviam cartas. Porém, um belo dia, encontramos uma espécie de aviso dos correios para comparecer a uma agência. O motivo era uma "carta dilacerada de Moscou". Tomamos um susto! Que diabos era aquilo? Minha irmã foi à agência dos correios e lá recebeu uma carta que havia sido rasgada no caminho.

Tive oportunidade de ver a tal carta. Não era uma carta comum, de papel branco e escrita à mão. Na verdade, era um papel enorme, que à primeira vista parecia um mapa! Haviam figuras de alguns satélites soviéticos e de tanques de guerra. Tudo escrito em russo. Era um negócio de respeito! Sendo isso nos tempos da guerra fria, a tal carta ganhou um clima digno dos filmes de 007.

Spy taking photos with mini-camera in conference room

Entretanto, apesar das aparências, o tal "mapa" era apenas o prospecto de um museu, possivelmente um museu da ciência, que a menina havia visitado nas férias. E eu, com a minha fértil imaginação, ficava a fantasiar algum agente soviético inspecionando a carta enquanto ela ainda transitava por aquelas terras geladas.

Mas é incrível como tudo se vai. A grande união das repúblicas soviéticas se dissolveu. O muro de Berlim caiu. A cortina de ferro se abriu. A guerra fria se dissipou no ar. E o que hoje é tão importante, também passará.


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O fantasma da ponte

segunda-feira, 17 de maio de 2010 by Leila Franca

Falei tanto em moto ontem que fiquei até lembrando da primeira vez que atravessei a ponte Rio Niterói. Eu estava numa moto com meu amigo Renatinho. Nós éramos da mesma turma no colégio e ainda morávamos perto um do outro.


Acho que eu era a única pessoa que tinha coragem de sair com o Renato naquela moto. No dia que resolvemos atravessar a ponte, o capacete que ele usava foi amarrado de barbante embaixo do queixo e tinha tanto furo que mal dava pra ver a cor. Depois de atravessar os quase 14 quilômetros da pista, demos meia volta na praça do pedágio, sem ir a Niterói. Só queríamos mesmo fazer a travessia.

Quando chegamos no vão central, paramos para observar. Foi aí que o Renato me deu um susto danado! Ele desceu da moto, subiu na mureta e pulou! Eu dei um grito e corri pra beirada. Foi quando ele apareceu rindo às gargalhadas! Ele havia pulado numa espécie de andaime de obra que havia ali, fora da visão de quem estava na pista. Mesmo assim, o que ele fez tinha sido muito arriscado. Talvez naquele ponto a altura do vão fosse de um prédio de 10 andares.

Depois disso fiquei muito tempo sem passar por ali até que fui fazer faculdade em Niterói. Então eu tinha que passar pela ponte todos os dias. Quando eu voltava, já eram umas 11h da noite e muitas vezes vi todas as pistas vazias. Só eu lá.

high angle view of a car driving on a freeway in snowfall

Precisava sempre manter os vidros do carro um pouco abertos por causa da ventania. O vento parecia empurrar o veículo e balançava a ponte. Quando havia engarrafamento e tinha de ficar com o carro parado, podia sentir perfeitamente a ponte balançando por causa do vento. Agora parece que não há mais este problema, mas naquele tempo havia.

Os aviões que chegam no aeroporto ali perto também passavam sobre a ponte em baixa altitude. Quando um avião vinha vindo, ainda um pouco afastado, parecia que estávamos em rota de colisão.

Man waterskiing

Às vezes o vão central ficava dentro de uma nuvem de neblina. Eu ia dirigindo e de repente entrava dentro da nuvem. Era um cenário estranho. Tudo branco. Pensava que se fantasmas existissem, então alguns deles deviam morar bem ali.

Eu tinha uma sensação inexplicável ao me aproximar do ponto mais alto da ponte. Alguma coisa na atmosfera mudava ao atingir aquela área. Quando voltava tarde da noite, sozinha, costumava me distrair conversando comigo mesma em voz alta. Passava a vida à limpo e até cantava a toda altura. Era como estar sozinha no mundo.

Com o tempo, passei a cumprimentar os supostos fantasmas, assim que passava pelo local. "Alô! Alô! Estou na área! Vou passar no meio de vocês! Não precisa se assustar! Segurem o vendaval por 10 minutos!"

Fiz isso durante muito tempo brincando, feliz da vida. Mas uma vez, quando eu tinha acabado de passar pelo vão central em direção ao Rio, num ponto onde podia ver quase toda a pista, deserta aquela hora da noite, um carro preto passou por mim numa velocidade tão grande, que eu não vi ele se aproximando e creio que no tempo de um piscar de olhos desapareceu no horizonte. Eu devia estar a 90 km/h. E aquele automóvel? Estava a 200 km/h?

Até hoje tenho dúvidas se aquele carro era mesmo de verdade.



Abaixo, um vídeo de 11 segundos da ponte balançando:


vídeo: sonomansoda



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Uma breve história de amor (final)

sábado, 15 de maio de 2010 by Leila Franca

Aviso: a primeira parte desta história está no artigo "Uma (breve) história de amor"

(Final)

Biker on dirt road in forest (blurred motion)

Ele parou a moto e sorrimos um para o outro pela surpresa do encontro. Com um aceno me mandou subir na garupa e saímos em disparada pela estradinha, que ainda era de barro. Eu mal podia acreditar. Ele virava a cabeça pra trás e ia me falando frases soltas, como se quisesse falar tudo ao mesmo tempo.

Thinkstock Single Image Set

Mas não levou nem 15 minutos. Duas outras motos vinham atrás da gente. Por algum motivo, ele acelerou tentando evitar que nos alcançassem, mas as duas motos aumentaram a velocidade também até que uma delas emparelhou conosco. A pessoa que dirigia começou a gritar - esbravejar seu nome! Era uma garota pilotando a moto! Paramos. A garota não parou. Ela fez a volta e foi embora. A outra moto parou junto de nós. Era um rapaz, irmão da garota.

low angle view of a teenage girl riding a motor cycle

Entendi tudo. A garota que pilotava a moto era namorada dele!!! "Vou ter que ir lá", ele disse e eu entendi. O irmão da menina ficou de me levar de volta para o hotel, mas conversamos tanto nessa noite, que acabei ficando amiga do rapaz!

Aqueles dias foram frustrantes, mas reacendeu o que havíamos sentido ao nos conhecer. De volta ao Rio de Janeiro, passados alguns meses, ele telefonou. E telefonou de novo no dia seguinte. Eu, que não sou de ficar esperando, tomei iniciativa e fui à luta. Me arrumei e fui na casa dele, sem avisar.

Num prédio de luxo, numa zona nobre da cidade, uma mulher elegante me atendeu. "Você é a Leila!", disse ela assim que me viu. "Como a senhora sabe?" Ela explicou: "É que meu filho fala tanto de você que eu te reconheci!"

Portrait of a businesswoman

Ele não estava em casa, mas ia chegar. Enquanto isso, conversamos. Entretanto as notícias não eram boas. Ele estava com problemas sérios de saúde. Quando chegou, se deitou com a cabeça no meu colo. Agia com tanta naturalidade, que parecia que eu sempre estivera ali. Mas por mais que eu me dispusesse a apoiá-lo, ele estava irredutível. Não queria um relacionamento comigo enquanto estivesse lidando com aqueles problemas.

Eu respeitei a vontade dele e o tempo passou outra vez. Foram-se quase 2 anos. Até que eu fui num show de rock, num estádio de futebol. Porém, no meio daquele povaréu, eu o vi na multidão! E - acreditem - ele também me viu. Acho que nos olhamos no mesmo instante. Eu abandonei as pessoas que tinham ido comigo, ele deixou pra trás seus amigos e cavando espaço entre as pessoas, finalmente nos encontramos e nos abraçamos. Foi um encontro feliz!

Cheering Crowd

Nos dias que se seguiram, fiquei pensativa. Eu havia tomado iniciativa uma vez, mas fazer isso todas as vezes iria decerto me fazer mal. Se ele gostasse mesmo de mim, iria me procurar. Mas acontece que ele não me procurou. Não pro-cu-rou! Essa era a realidade.

Resolvi tocar a vida pra frente. Fiz faculdade, me casei, tive filhos. Um belo dia meu marido chegou em casa com um presente. "Conheci um amigo seu, por acaso. Na mesma hora comprou esse presente e te mandou de lembrança." Fiquei boquiaberta com a coincidência. No meio de tanto povo nesse Rio de Janeiro, o meu marido vai conhecer justamente "ele", lá no outro extremo da cidade! Eu segurava o presente, com um misto de alegria e tristeza.

Close-up of a gift

Mas o tempo passou outra vez. Muito tempo. Me separei, fiz outra faculdade, me casei outra vez, me separei mais uma vez e um belo dia, do nada, subi no alto da estante da sala, peguei um caderninho antigo de telefone e disquei o número, tudo rápido, sem pensar muito! Do outro lado, me responderam:

"Alô... É a Leila? A Leila???!!! Peraí, não sai daí não!" - depois de 20 anos haviam me reconhecido!

womans hand with mobile phone

Conversamos longamente, agora como adultos. Ele também havia-se casado duas vezes, assim como eu. Eu estava começando a me sentir mal por tê-lo procurado, mas ele me falou algo que valeu pela ligação:

"Sabe que logo depois do nosso último encontro eu fui na sua casa?", ele disse.

"Você veio???" - eu não conseguia acreditar!

Para me convencer, ele me falou detalhes da minha rua e da minha casa. Com certeza, ele tinha ido lá. Ou seja, ele tinha sim, me procurado. Eu não estava nesse dia, ou então não me chamou. Mas ele tinha ido. Para mim, era o suficiente.

"Vamos marcar um dia pra gente se encontrar?" , ele perguntou.

E eu disse: "Não, é melhor não."

E nunca mais nos vimos.

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Uma (breve) história de amor

by Leila Franca

Não sou uma pessoa romântica. Por isso quase não conto histórias de amor, mas obviamente conheço muitas delas. Essa daqui aconteceu comigo há muito tempo atrás.


Eu era uma adolescente que ia fazer a primeira viagem sem a companhia dos pais. Era um acampamento com o grupo das bandeirantes. Devíamos ser umas 10 garotas acompanhadas pelas duas chefes. Fomos para as montanhas no interior do estado do Rio de Janeiro.

Já cheguei à conclusão que todo acampamento tem que ter uma visita inesperada, no mínimo estranha ou diferente. Sendo assim, logo no primeiro dia em que armamos as 3 barracas no pátio de uma escola rural, apareceram nossos eventuais visitantes.

Trails

Eram três rapazes paulistas que chegaram à cavalo. O que havia diferente nessa visita é que os rapazes tinham vindo lá do interior de São Paulo a galope! Sim, eles tinham percorrido centenas de quilômetros em seus cavalos.

Eles pediram consentimento à nossa chefe para acampar junto de nós e ela concordou. E assim formamos um grupo curioso de ciganos. Com a barulheira que fizemos na primeira noite, cantando e tocando violão ao redor da fogueira, acabamos por chamar a atenção dos habitantes daquele pacato lugar.

Mas, calma! A história de amor não se deu com nenhum dos três aventureiros, que foram apenas nossos alegres companheiros naqueles poucos dias. Apenas não pude deixar de incluí-los nessa narrativa, tendo em vista que eles foram dessas pessoas que temos de fato uma alegria em conhecer.

O amor aconteceu na segunda noite, quando novamente armamos uma enorme fogueira e além de nós campistas, pessoas da redondeza também se aproximaram e se sentaram para ouvir a música do violão. Eu não sabia que era amor. Sabia apenas que podia ver, através das labaredas mais altas, o rosto de um rapazinho que devia ter a minha idade.

Silhouette of young man and woman

Ele era muito sério e calado. Pelo seu jeito e suas roupas pude ver que era um garoto de cidade grande. Não trocamos uma palavra. Mas quando todos foram embora, pude ver que ele se foi montado num cavalo bem tratado, na companhia de um empregado ou capataz.

No dia seguinte, nova reunião em torno da fogueira. Dessa vez o garoto sentou-se ao meu lado. E o único progresso que fizemos foi que soube seu nome e ele o meu. Nada mais.

Three horseback riders racing across a field

Chegou o dia em que íamos embora pra casa. Os três paulistas a cavalo se despediram e sumiram no final da estrada. Nunca mais os vi. Uma caminhonete iria nos levar até a rodoviária em seguida e eu estava aflita porque não poderia me despedir do garoto que conhecera através da fogueira.

Subimos na carroceria da caminhonete e eu com o coração apertado. Ninguém à vista. A caminhonete começou a descer a estrada de barro e só não ganhou velocidade por causa dos buracos. Já estávamos nos afastando do local do acampamento quando vi um cavalo em disparada vindo atrás de nós. A caminhonete aumentou a velocidade e o cavaleiro chicoteava o animal, até se aproximar de nós.

Cowboy riding horse

Não era ninguém conhecido. Mas o homem a cavalo se esticou todo para me entregar algo. Eu me estiquei também, quase caindo e peguei o objeto! Era uma caixinha de fósforos! O cavaleiro diminuiu a velocidade e sumiu da nossa vista e eu fiquei com a caixinha nas mãos. Abri e dentro dela havia um número de telefone!

Apesar de termos conversado pelo telefone algumas vezes, não nos encontramos mais. Éramos muito novos e morávamos em bairros distantes. Passaram-se 3 anos.

Por acaso surgiu uma oportunidade de voltar àquele lugar, só que dessa vez fiz a viagem acompanhada dos meus pais e ficamos hospedados num hotel. À tardinha, fui caminhando até o lugar onde 3 anos antes tínhamos feito o acampamento. Ninguém ali. Fiquei olhando o mato por um tempo e quando a noite começou a cair resolvi voltar ao hotel.

Mal dei os primeiros passos e ouvi o barulho de uma moto se aproximando. Cheguei pro canto quando percebi que a moto ia passar por mim. Mas quando o motoqueiro passou, eu olhei.

Era ele!!! Nos encontramos no mesmo lugar 3 anos depois!

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Meu blog faz um ano!

sexta-feira, 14 de maio de 2010 by Leila Franca


Quase não tive tempo ainda de parar pra pensar que este blog está fazendo 1 ano agora, neste mês de maio. É tempo de comemorar e de agradecer aos leitores que aqui estiveram durante este tempo todo.

Birthday cake with one candle, close-up

Quando comecei a escrever nem sabia direito o que era um blog. A princípio pensei que fosse apenas uma espécie de diário (o que não deixa de ser, tendo em vista o cunho pessoal que se põe nos textos), mas aos poucos fui descobrindo o espírito da coisa.

Experimentei falar sobre vários assuntos, mas relembrar e descrever minhas histórias pessoais e casos do cotidiano foi o que me divertiu mais e parecia que também estava divertindo os leitores.

O que acontecerá daqui pra frente até eu gostaria de saber. Não faço planos, apenas jogo tudo no ar pra ver onde vai dar. É assim que coisas surpreendentes acontecem.

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Uma música que me acompanha

quinta-feira, 13 de maio de 2010 by Leila Franca

Sabe aquela música? Aquela música que sempre começa a tocar nos seus melhores momentos? É essa mesma! A música que parece ser a trilha sonora da sua vida ou de um tempo bom que viveu. A música que te persegue desde que a ouviu pela primeira vez. Cada um tem a sua.


Fui escolhida pelo Fernandez para participar do meme "Qual é a música da sua vida?". Devo dizer o que sinto quando a ouço e por que ela é a minha música.

Pra mim, nada mais fácil! Não precisei nem pensar. A minha música, sem dúvida, é "Ray of Light" da Madonna, que tive, inclusive, o prazer de vê-la cantar de perto.

Madonna During 'Ray Of Light' Video Shoot

Por muito tempo, por coincidência, a cada vez que eu estava viajando ou voando pelas ruas da cidade, com mil ideias na cabeça, esta música começava a tocar. Mas não só a música, como também o vídeo original me fazem pensar na minha vida. Vocês, que já me conhecem um pouquinho, será que vão concordar?

Para saber qual é a minha música, clique no link abaixo, pois a incorporação do vídeo original não é permitida.


Agora meus escolhidos:



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Onde está você?

quarta-feira, 12 de maio de 2010 by Leila Franca

Todas as manhãs, quando acordamos, já temos em mente o que pretendemos fazer naquele dia, onde devemos ir ou estar. Mas nem sempre as coisas acontecem conforme planejamos. Muitas vezes me pego a pensar nos acontecimentos do acaso que simplesmente nos tiram do curso que deveríamos ter seguido e nos colocam em outro lugar.


Lembro de um dia que eu tinha que ir ao médico na Tijuca - bairro de classe média do Rio de Janeiro. Não estava acostumada a ir neste bairro e por isso, dei uma olhada no mapa antes de sair de casa. Memorizei o itinerário e fui. Mas quando cheguei na Leopoldina - onde há um emaranhado de viadutos, entrei numa pista errada que me fez parar no outro lado da cidade. Assim, às 9h da manhã, quando deveria estar entrando no consultório, lá estava eu deslizando ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas e admirando o Corcovado! Me peguei pensando: se algo me acontecesse, ninguém sabia que eu estava ali.

Traffic on cloverleaf overpass, aerial view

Ainda ontem, voltando pra casa, pretendia ir até o supermercado, mas uma luz vermelha no painel do meu carro acendeu. Parei o carro e fui ver o que era. Vi a correia do alternador pendurada. Tinha saido do lugar. Fui numa loja de baterias de havia perto e um funcionário veio me ajudar. "Esta correia está gasta, é melhor comprar outra", ele disse. Em seguida, se ofereceu pra me levar até uma outra loja para comprar uma correia nova. Fomos.

Assim, de repente, eu, que ia ao mercado, me vi dentro do carro de um rapaz que nunca tinha visto na vida indo a um lugar que não tinha planejado. "Ninguém sabe que estou aqui", pensei. No final deu tudo certo. Com a correia nova no lugar, voltei para casa.

Jigsaw Puzzle with a Missing Piece

Acho muito importante avisar às pessoas próximas onde estamos e onde pretendemos ir. Mesmo quando eu estava no exterior, telefonava para dizer onde ia, ainda que não conhecessem o lugar: "Vou a Plymouth", "Estarei em Granby".

Sempre fiquei admirada, impressionada - assombrada até com histórias de pessoas desaparecidas. Será que é assim que elas se vão? Algo as tira do caminho que pretendiam seguir ou elas desaparecem por vontade própria?

A verdade é que muita gente não gosta de dizer aos familiares onde pretende ir. Pensam que não precisam "dar satisfação". Muitos até viajam pra longe sem comunicar à pessoa alguma. Acredito que não deve ser assim. Até mesmo para fazer uma caminhada na praia, eu deixo um bilhete.


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Carta da minha mãe aos dihittianos

domingo, 9 de maio de 2010 by Leila Franca


No dia 28 de fevereiro fiz uma postagem com o título "Da cidade para o campo", que gerou 151 votos, 41 comentários no dihitt e 10 comentários neste blog. O texto fala da decisão da minha mãe em se mudar da cidade do Rio de Janeiro para o campo. Algum tempo depois, quando minha mãe veio à minha casa, mostrei a ela a postagem e li, em voz alta os comentários feitos pelos dihittianos. Ela ficou emocionada e escreveu uma carta resposta para todos, que decidi publicar hoje - dia das mães - neste blog. Então vamos ao que minha mãe escreveu para vocês:

"Alô pessoal!

A minha filha Leila nos mostrou (para mim e a irmã) na tela do computador, as palavras gentis e incentivadoras que vocês escreveram sobre a nossa opção de morar na Região dos Lagos (Saquarema).


Além do jardim, cujas flores vocês apreciaram, plantei árvores frutíferas em grande quantidade, que já deram frutas deliciosas e ainda vão dar. Banana, acerola, mamão, maracujá, amora, figo, fruta de conde, cana, goiaba, romã e côco. Ainda espero colher as frutas das mudas mais novas: laranja, sapoti, tangerina, caqui e abacate.


Sou idosa, tenho uma bisneta de 5 anos, linda, chamada Isabela. A irmã de Leila, Lúcia, que mora comigo, cuida dos animais: a égua Mimosa, o gato Cebolinha, o cachorro Príncipe e aves (galo e galinhas).


É tudo muito simples em contato com a natureza. Temos aqui um pé de ipê, seis pés de bouganville, flamboyant, patas de vaca, acácia imperial, papoulas, roseiras etc. Estas árvores estão muito altas! Fiz um caramanchão para os bouganvilles.


Tomamos café da manhã sentadas na varanda, ouvindo o canto dos passarinhos e apreciando o beija-flor pousando nas flores. Tenho 4 redes: duas na varanda e duas no terraço. Perto do portão, num poste, há uma casa de joão de barro; sanhaços azuis comem os mamões, bandos de quero-quero barulhentos voam em alegria! Alguns partais e juritis fazem ninhos nas árvores e sem medo comem farelo de pão no piso da varanda e bebem água dos viveiros. Na rede do terraço, à tarde, apreciamos o pôr-do-sol. Lindo! As gaivotas voam formando um V lá para os lados da lagoa e do mar.

Aqui passam vaqueiros levando a boiada, pois pertinho de nossa casa há uma fazenda com muitos eucaliptos enormes. É uma bênção respirar o ar puro, o cheiro do mato, ao cair da tarde e o céu muito estrelado à noite.


Temos teto solar para poupar energia. A água já temos em abundância, temos cisterna e poço: água potável tratada da empresa de Jurtunaíba, sendo assim temos conforto, telefone fixo e celular, tv a cabo e parabólica, Lúcia tem um computador, internet banda larga. Eu escrevo muito, mas à antiga.

Abraços para vocês e obrigada pelas palavras de carinho e apoio.

Evangelina e Lúcia.


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