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Mostrando postagens com marcador família. Mostrar todas as postagens
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Já tem um tempão que estou querendo falar disso e acabo esquecendo. Falar de quê? Ah sim, dos beijos e abraços!
Todos sabem que sou uma pessoa só um pouquinho distraída, mas este não é o caso. Agora não. Às vezes esqueço, às vezes lembro de falar "Bom dia!", "Boa tarde!", "Boa noite!". Sou meia desligada dessas convenções. Talvez seja porque passo a maior parte do dia sozinha na companhia dos meus bichos, que jamais dizem estas palavras, embora se manifestem de outra maneira. Então desacostumei.
Na minha família as pessoas também não são muito de se abraçar e se beijar. Já até tentei começar, mas não rola. Ainda por cima, vivi alguns anos numa região americana onde aprendi que nem sempre beijos e abraços são bem vindos. É muito comum ouvir a frase: "Don't touch me!" ("não me toque!"), num lugar onde várias pessoas fazem questão de dizer que não toleram aproximação.
Conclusão: me tornei distante. Uma consequência do meio? Pode ser. Pode ser também meu jeito. Entretanto... entretanto... Todos os dias recebo muitos comentários com as palavras que nunca digo. Cada um do seu jeitinho. Podem até se reconhecer.
Queria apenas dizer que algo me tornou assim como sou. Não sei o que foi realmente. Posso fazer suposições, mas não sei mesmo. No entanto, quero dizer que as palavras de carinho que tenho lido diariamente não me passam despercebidas. Quero dizer a todos que presto atenção nessas palavrinhas carinhosas e me perdoem se eu não as digo ou se raramente o faça.
Então cá está esse post, para dizer a todos o mesmo que me dizem todos os dias:
Abraços Forte
BJ
Um abraço!
Bjs no coração
Beijos!
Abraços!
abraços.
um abraço
Beijocas!
Bjs
Kisses!
Beijo no coração
Carinhoso e fraterno abraço
Beijos amistosos
beijão
Obrigada a todos pelo carinho que recebo diariamente!
Vou contar um caso que aconteceu há muito tempo, no Natal. Entretanto, apesar do título que escolhi para este artigo, meu assunto de hoje não é exatamente esta data festiva. Vou falar de liderança através desta história.
Tudo aconteceu num Natal em que eu estava muito longe de casa, em outro país. Era um mês de dezembro branquinho, coberto de neve. Sem a família por perto, eu não tinha planos para a véspera nem para o dia de Natal. Estava contando as horas para voltar para o Brasil, que seria na semana seguinte. Já estava de passagem comprada.
Um dos meus dois gerentes, o Luiz, um porto-riquenho, vivia cantando a música "Please, don't go" pra mim, tentando me persuadir a ficar um pouco mais naquela terra gelada. Meus colegas de trabalho, incluindo os gerentes, eram como uma família unida. Logo repararam que eu estava prestes a passar o Natal sozinha e Luiz me convidou para passar o Natal com ele e sua mãe.
Luiz sofria de nanismo. Ele era anão. Entretanto ninguém no trabalho falava essa palavra. A razão para isso é que ninguém conseguia ver o Luiz como anão. Apesar da baixíssima estatura, Luiz fazia com que pensássemos nele como se ele fosse grande. Ele era mais do que nosso chefe, era um amigo.
Com uma voz poderosa, ao encerrar o expediente, Luiz cantava suas músicas preferidas a toda altura. Nos fazia rir fazendo poses engraçadas, como se ele fosse um anjinho de chafariz ou um halterofilista. Trazia presentes para todas as garotas no dia dos namorados e uma vez se fantasiou de abóbora no dia das bruxas, trabalhando o dia inteiro vestido assim. Era uma figura!
Mas quando o assunto era sério, ele dava ordens e todo mundo saía correndo para fazer o que ele havia dito. Em momentos difíceis, a gente sentia firmeza em suas decisões. Ele fazia com que todos se sentissem seguros. Luiz sempre sabia o que fazer. Sua estatura nunca foi um problema. Ele tinha duas caixas de plástico que usava como extensão de suas pernas. Subia nas caixas (cada pé numa caixa) e deslizava pela sala, com extrema rapidez, alcançando qualquer coisa que estivesse um pouco mais alta.
Uma vez, quando uma de nossas colegas pediu demissão porque iria se mudar para longe, o Luiz falou de forma triste: "Mais alguém que se vai..." Ele sentia falta das pessoas que iam embora e, mais do que isso, não tinha medo de dizer o que pensava e sentia. Estava também sempre atento aos sentimentos dos outros. Se havia alguém chateado por algum problema, ele tomava iniciativa de chamar a pessoa reservadamente para conversar e tentava ajudá-la.
Por isso, quando Luiz me convidou para passar o Natal com ele e sua mãe ao saber que eu estaria sozinha, não achei nada estranho e aceitei o convite. Eu nada sabia sobre a sua vida pessoal. Ele era tão envolvido no trabalho, sempre chegando mais cedo que todos e ficando até mais tarde, que eu achava que ele só ia em casa para dormir. Talvez tenha sido por isso que eu imaginei que que aquele Natal seria eu, ele e a mãe dele apenas.
Mas foi tudo diferente do que eu havia imaginado. Saímos do trabalho mais cedo na véspera do Natal e dali eu já iria acompanhar o Luiz até sua casa. Pra começar, ele deu carona pra todo mundo em seu carro. Fomos todos espremidos. No caminho, uma pessoa disse que precisava comprar um presente no shopping e outra queria comprar um vinho. Naturalmente, fomos para o shopping e logo todos quiseram comprar alguma coisa, de modo que quando entramos no carro outra vez já eram quase 9 da noite.
Ao chegar na casa do Luiz tive uma surpresa... A casa estava lotada de gente que o aguardava! Era muita gente! Com a música a toda altura, haviam vários casais dançando na sala! Velhinho dançando com velhinha, criança dançando com criança e até senhoras dançando com senhoras!
Mesmo com a temperatura girando em torno de 10 graus abaixo de zero, a porta da entrada estava completamente aberta. Não dava pra fechar porque não parava de chegar gente. Cada um que entrava, Luiz falava: "Este é meu primo!" Ele falou isso mais de 50 vezes! Cada um que entrava me dava a sensação de estar no vídeo "Lose Yourself" do Eminem, tal a quantidade de jaquetas com capuz por cima do lenço ou boné ou "Can't hold us down" da Christina Aguilera. Todos os primos e convidados tinham essa cara, esse jeito.
Conheci a mãe do Luiz de longe porque não consegui chegar perto dela, tal a multidão que havia entre nós. Alguém me falou para colocar o casaco num quarto e com muito custo fui até lá, me deparando com uma cena que jamais havia visto: o quarto estava cheio, completamente cheio de presentes embrulhados! Não havia lugar para andar nem dava para abrir completamente a porta.
Às 4 horas da manhã a festa ainda rolava. Num determinado momento, a tia de Luiz, uma porto-riquenha bonita, com um vestido florido decotado, como se fosse verão, colocou as mãos na cintura e ordenou: "Movam os carros!" E vários rapazes saíram na mesma hora em direção aos seus automóveis. Perguntei ao Luiz o que era aquilo e ele me explicou que o carro da polícia estava passando pela rua, então os rapazes iam até os seus carros, ligavam os motores, fingindo que estavam indo embora para que a polícia pensasse que a festa estava terminando! Mas a festa só terminou às 5 e meia da manhã, quando a maioria das pessoas foi dormir, embora alguns rapazes continuaram acordados, jogando video-game.
Naquela festa pude perceber que todas aquelas pessoas estavam ali por causa do Luiz. Ele não parou um só momento de atender a todos. Foi realmente um líder que conheci.
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- Leila Franca
- Rio de Janeiro, RJ, Brazil
- Escritora freelance, arquiteta, escultora, pintora,miniaturista, professora... a cada dia descubro mais sobre mim.
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