Nunca tive preconceito com relação ao trabalho. Faço o que tiver de fazer, sem problemas. De fato isso pode ser muito divertido! Então, paralelamente à minha vida profissional, sempre gostei de fazer e vender trabalhos artísticos que eu mesma faço, como telas à óleo e miniaturas.
Na verdade, quando eu era mais nova, passei 3 anos vivendo exclusivamente da venda das minhas miniaturas. Vendi em lojas, feiras, em tudo que é lugar. Em relação a essa fase da minha vida, tenho mil histórias curiosas, mas hoje vou contar um caso interessante que aconteceu mais recentemente.
Fazia tempos que eu estava achando muito caro os preços cobrados para expor nas feiras de artesanato. Assim, resolvi parar com as feiras e vender em outro lugar. Minha família possuía uma espécie de galpão que estava sem uso há anos. Muros altos e um grande portão de ferro que vivia fechado. "Vai ser lá mesmo!", pensei.
Depois de limpar bem o local e jogar um monte de tralha fora, resolvi vender minhas miniaturas bem ali naquele galpão, que minha família chama de "Verde" por ter o piso pintado dessa cor. Providenciei uma mesinha, um pedaço de feltro para forrar, banquinho, cafezinho, água - tudo que eu poderia precisar! E lá fui eu para a minha própria "inauguração" que contava somente com a minha presença!
Coloquei a mesinha diante do portão (ainda fechado), arrumei as miniaturas cuidadosamente e abri a porta! Mas nesse exato momento, um segundo depois que abri o portão, ouvi aquela freada tremenda!!! RRRRRRRRRUUUUUUUUUUUUUUUUHHHHHHH!!!!
Na minha frente, a 1 metro e meio de distância, parou um camburão!!! As portas do veículo se abriram e quatro policiais fortemente armados vieram em passos largos em minha direção!!! (Vocês viram aquele filme, "Tropa de Elite"?). Não preciso dizer que quase tive um ataque cardíaco ou desmaiei com aquela aparição repentina e com a proximidade daquelas armas! Pensei que tivesse acontecendo uma perseguição policial bem ali onde eu estava! Mas era comigo mesma que os policiais vieram ter.

Pararam bem na minha frente e olharam as miniaturas. "Isso é feito de quê?", um deles perguntou. Ainda trêmula, respondi: "De argila." O policial sorriu... Suspirei e ainda arrisquei: "Também uso outros materiais." Ele pegou uma de cada, pagou em dinheiro e mandou embrulhar (eu não estava acreditando que o policial estava comprando miniaturas!) O policial mais velho perguntou se eu saberia fazer policiais em miniatura. "Então faça nós quatro!" Eu olhei bem pra eles para lhes gravar a fisionomia e avisei que faria um pouco caricaturado. Eles gostaram da idéia e foram embora.
A presença dos policiais ali falando comigo atraiu a atenção das pessoas que passavam... Todo mundo queria "ver o que estava acontecendo". Foi até engraçado! Quando viam que os policiais estavam comprando as miniaturas, então queriam também! Como eu vendi neste dia! Não parei um minuto!
Uma semana depois, as miniaturas estavam prontas e os policiais adoraram! (ainda bem!) No dia seguinte outra viatura com cinco policiais parou na minha porta e mais uma encomenda! "Vou fazer o batalhão inteiro!", pensei. Não foi o batalhão todo, mas fiz muitos realmente. Depois disso vieram encomendas de oficiais da marinha, guarda municipal, vieram todas as fardas. Tive até que fazer uma pesquisa sobre os uniformes. E um amigo meu comentou: "Isso que é abertura de novos mercados!!!"
Trabalhei um ano nesse galpão. Fiz tantas miniaturas que fiquei com uma tendinite e por isso parei. Mas o lugar continua lá... o muro alto, o portão de ferro, as pessoas perguntam quando vou voltar a vender minhas miniaturas lá. "Ainda não sei!"
Qualquer dia eu volto!
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Comecei a fazer miniaturas com argila há muitos anos atrás. Foi quase sem querer, foi por acaso.
Eu era adolescente e saí com um grupo de amigos da mesma idade para brincar de teatro. Tínhamos interpretado uma peça na escola e queríamos treinar expressões corporais ao ar livre.
O dia estava nublado, tinha chovido e as praias estavam vazias. Por isso, procuramos uma praia perto de onde morávamos, um lugar que hoje em dia jamais iríamos, por ser deserto e perigoso. Naquela época não havia perigo.
O terreno junto da praia havia recebido aterro. Quando a areia branquinha acabava, vinha um verdadeiro "degrau" de mais de 1 metro de altura, onde podíamos ver as camadas dos tipos diferentes de terra colocada ali por máquinas.
Num momento de descanso, sentei ali, junto ao "degrau" e comecei a observar as cores das camadas de solo. Uma delas parecia uma massa mole e clara, quase branca. Peguei um bocado com as mãos e vi que era bastante maleável. Imediatamente modelei um rosto, que até hoje guardo comigo.
Gostei tanto da massa, que levei um bocado para casa e depois ainda voltei lá naquela praia para pegar mais. Fiz mais algumas peças, mas acabei deixando de fazer. Tinha o colégio, os estudos, não dava tempo.
Os anos passaram. Eu entrei pra faculdade de Comunicação Social, para estudar jornalismo e comecei a trabalhar. Depois casei, tive um filho e logo já estava esperando outro. Parei de trabalhar fora neste período. Mas meu marido ficou sem emprego e eu, grávida, não tinha a menor chance de arranjar um emprego. Estávamos em apuros.
De repente, do nada, tive a idéia de pegar aquela massa velha e ressecada que eu ainda tinha
guardada e, em vez de fazer um rosto, que não é nada comercializável, fiz uns cachorrinhos estilizados, e meu marido saiu para tentar
vendê-los e assim ganharmos algum dinheiro.
Ele vendeu todas as miniaturas. Fiz mais, criei mais, coloquei novas cores e inventei novos personagens e ele vendia tudo. Estávamos em 1978 e aquilo era novidade. Passei 3 anos criando miniaturas e tudo o que eu fazia era vendido. Começamos a vender na feira de Petrópolis, na UFRJ, Festival de Inverno de Ouro Preto, depois fomos para a feira da Praça XV, Saquarema, Cabo Frio, Copacabana, Ipanema, etc. Foram vários lugares, sempre vendendo bem.
Mas a vida mudou outra vez. Eu e meu marido nos separamos e eu resolvi fazer outra faculdade. Parei de fazer as miniaturas. Estávamos em 1981 e dessa vez eu iria parar por muitos anos. Em 1986 quando estava me formando na faculdade de Arquitetura, um editor quis que eu escrevesse um livro sobre como fazer as miniaturas, mas eu não tive tempo de elaborar este livro, estando no último período da faculdade. Na verdade parei de fazer as miniaturas durante 20 anos.
No ano de 2001, eu estava em Boston, nos Estados Unidos tentando explicar para alguns americanos como eram as miniaturas que eu fazia, então me deram a idéia de fazer algumas para que eles vissem. Aí foi difícil porque não encontrava argila para vender...

Encontrei uma argila sintética na loja Pearl de material de desenho, fiz algumas miniaturas e levei para os americanos verem. Compraram tudo! Começaram a aparecer encomendas, me pediam para fazer as mais diferentes figuras.
Fui convidada a participar de uma exposição com outros artistas no Museu de Sommerville. Eu pensei que ninguém ia visitar a exposição, pois a temperatura estava abaixo de zero, a neve cobria a cidade e o vento gélido era de cortar o rosto, mas o museu ficou cheio!
Mas houve os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001 e tudo mudou. As coisas perderam a graça, um medo horrível se apoderou de todos. Voltei para o Brasil em 2003 e guardei para sempre meu green card.
De volta ao Brasil, ainda impregnada pelo espírito americano de fazer qualquer coisa no que se refere a trabalho sem a menor inibição, usei um imóvel da minha família para exibir minhas miniaturas.
Coloquei as peças numa bancada e abri um grande portão de ferro para que todos que passassem na rua pudessem ver meus trabalhos. Para minha surpresa, o primeiro que parou ali foi o carro da polícia!
O imóvel estava fechado há muito tempo e ao ver o portão aberto pela primeira vez, os policiais da ronda possivelmente ficaram curiosos para saber o que havia naquele espaço. Eles viram meu trabalho e foram embora me pedindo para fazer uns policiais em miniatura sob encomenda! Eles acabaram se tornando meus amigos e eu fiz um grande número de policiais de argila para boa parte do batalhão.

Então eu fiquei ocupada e parei de novo com as miniaturas, só retornando uns 2 anos depois, quando me chamaram para participar de uma feira aqui mesmo no meu bairro, no Rio de Janeiro.
Eu me perguntava se aquelas minhas criações que datavam de 1978 ainda iriam vender em 2008, mas venderam bastante!
Meu pai costumava falar que eu transformo terra em dinheiro. Isso é um pouco verdade. A argila é terra, lama e eu preciso de apenas um pouquinho para transformá-la numa criaturinha simpática que é logo vendida. Os palitos de fósforo que aparecem nas fotos servem para mostrar o tamanho de cada figurinha.

Agora parei outra vez, mas todo material, assim como amostras e algumas miniaturas continuam guardados cuidadosamente, até que um novo momento me faça pegar um pouquinho de massa e fazer um novo personagem.
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Uma das coisas que gosto de fazer é criar e modelar miniaturas. Já usei vários tipos de materiais, inclusive o durepoxi. Gosto de usar este material quando vou fazer uma peça única e que exige mais rigidez em suas partes.
Para fazer uma miniatura em durepoxi, precisamos fazer um esqueleto de arame, que vai ajudar na sustentação da peça. Usando um pedaço de arame e um alicate, começamos a dar a primeira forma da peça. Se é uma figura humana, posicionamos a cabeça, tronco e membros, com um arame mais grosso, colocando o esqueleto na posição que queremos, sem esquecer de deixar pontas para prender a peça numa base. Sobre esta estrutura, enrolamos um arame mais fino, para que o durepoxi não escorregue. Também é útil deixar uma ponta de arame apenas para segurar a peça sem tocar na massa ainda mole. Depois que tudo estiver pronto, essa ponta de arame poderá ser cortada.
As ferramentas também são importantes. Ferramentas de tirar e colocar massa, estiletes, marcadores, etc. Podemos começar comprando algumas mais básicas e depois fabricar nossas próprias ferramentas. A verdade é que na hora que estamos criando uma peça tudo pode se transformar em ferramenta!
Com o esqueleto pronto, começamos a aplicar o durepoxi em camadas. A cada camada, esperamos secar para adicionar a próxima. O maior segredo para trabalhar com durepoxi é misturar creme para as mãos na massa de durepoxi. Compre um pote de creme para mãos na farmácia ou supermercado e misture um pouquinho de creme na massa enquanto estiver modelando. Além de retardar a secagem, a massa fica mais maleável e fácil de trabalhar. Com a ajuda do creme, fazemos os detalhes finais. Se durante a execução do trabalho não gostarmos de algum detalhe, podemos lixar a peça depois de seca e refazer a parte que não gostamos. É importante olhar a peça em todos os ângulos a procura de defeitos.
Costumo usar tinta esmalte sintético para pintar as miniaturas, mas já usei tinta para cerâmica e tinta comum para artesanato, todas a base de água rás. Demora bastante para secar, mas temos que ter paciência e esperar até poder pintar todos os detalhes. Acho que as peças, antes da pintura, têm um certo charme, que é perdido quando começamos a pintar. Por isso, não pinto algumas miniaturas, que foi o caso da miniatura dos lutadores de Krav Magá, que decidi não pintar.
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Modeling with durepoxi
One of the things I like to do is to create miniatures and modeling. I already used various kinds of materials, including durepoxi. I like to use this material when I make a single piece, and that requires more rigidity in their parties.
To make a miniature in durepoxi, we need to make a skeleton of wire, which will help sustain the piece. Using a piece of wire and pliers, we make the first form of the piece. If we want to make a human figure, we start positioning the head, body, arms and legs, placing the skeleton in the position we want, without forgetting to leave a piece of wire to the basis. In this structure, a coiled wire thinner, for the durepoxi not slip. It is also useful to leave a piece of wire just to hold while working without touching the stuff still soft. Once everything is ready, the piece of wire can be cut.
The tools are also important. Tools to build and put mass, knives etc. We can start buying basic tools and then making our own tools as we need. The truth is that in time we are creating a piece everything can become a tool!
With the skeleton ready, start applying the durepoxi in layers. At each layer, wait to drying to add the next. The biggest secret to work with durepoxi is to mix hand cream in the mass of durepoxi. Buy a pot of cream for hands in the pharmacy or supermarket, and mix a little cream in the mass while modeling. In addition to delaying the drying, the mass is more malleable and easy to work. With the help of the cream, do the final details. If during the execution of work we don’t like some detail, we can sand the piece and then redo the part that we didn’t like before. It is important to look all angles of the piece to search for defects.
I tend to use synthetic enamel paint to paint the miniatures, but I already used ceramics and common craft paint to paint.. It takes long to dry, but we must have patience and wait until to get all details done. I think that the piece has a certain charm with no ink that is lost when we start painting. So I don’t paint some miniatures, which was the case of the “Krav Magá Fighters” miniature, which I decided to not paint.
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