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A moça do ônibus

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011 by Leila Franca


Há pouco tempo atrás, voltando de uma curta viagem, peguei um ônibus pra chegar em casa. Eu tinha até pensado em pegar uma van, mas assim que deixei o ônibus da viagem, saí do prédio da rodoviária e cheguei na rua, um ônibus comum, que ia para o meu bairro, parou bem na minha frente, com a porta aberta, então entrei.

Todos os lugares estavam ocupados e eu era a única em pé. Logo no ponto seguinte, entrou uma moça no ônibus e ficou tambem em pé ao meu lado. A garota, de uns 20 e poucos anos, era muito bonita e estava elegantemente vestida. Ela chamava atenção porque ninguém num ônibus como aquele anda tão arrumado assim às 6 da tarde, quando todos estão voltando do trabalho, meio amassados e descabelados.



A moça era loura, com cabelos lisos e compridos, parecendo anúncio de shampu. Tinha mãos e unhas de quem nunca lavou uma panela, enfeitadas com anéis e pulseiras de bom gosto e qualidade. Uma blusa colada no corpo que combinava perfeitamente com a saia preta. Ela podia ser uma secretária executiva, uma recepcionista de alto padrão, uma comissária de bordo, mas sem dúvida, uma garota com muita classe.

"
Querida, a única coisa que você está precisando, é de um carro!" - pensei eu. E, nesse momento, por coincidência, passou pelo ônibus, um carro guiado por uma moça muito bonita também, parecendo a moça do ônibus. "Viu? Essa é você, amanhã." - pensei.

Na minha frente, no ônibus, estava sentado um rapaz, acima dos 20, mas com menos de 30 anos. Ele estava de calça preta e camisa social. Um corte moderno no cabelo e óculos escuros. Não fazia 10 minutos que a moça loura tinha entrado no ônibus e o rapaz abriu uma pasta, tirou um cartão, riscou com uma caneta uns números da frente do cartão e escreveu um outro número atrás. Em seguida, guardou o cartão no bolso da camisa.



"Aposto um doce que esse rapaz vai arranjar um jeito de dar esse cartão pra moça loura!" - pensei eu. E a partir desse momento passei a prestar atenção no que ia acontecer, como quem assiste o último capítulo da novela.


Passados uns 5 minutos, o rapaz se ofereceu pra segurar a bolsa da moça. Ela aceitou, com um sorriso. Pensei até que ele poderia, disfarçadamente, colocar o cartão na bolsa da moça, para que ela achasse depois. Mas ele não estava com jeito de que iria correr o risco dela não se lembrar e jogar fora. Ele iria esperar um momento melhor. E nessa hora eu também pensei: "Querido, você também está precisando urgentemente de um carro!"

O ônibus seguiu viagem naquele calor infernal e eu prestando atenção... De repente, um celular tocou na bolsa da moça. Sem tirar a bolsa do colo do rapaz, ela debruçou-se sobre ele, remexeu a bolsa e pegou um telefone. Mas não era aquele telefone que estava tocando! Ela mexeu a bolsa mais uma vez e tirou outro telefone. Mas ainda não era o que chamava! O toque continuou! Lá foi ela mexer na bolsa de novo e tirou o
terceiro telefone da bolsa! Também não era! E novamente, ela tirou o quarto telefone da bolsa!!!! Enfim era o que estava tocando!


Com quatro telefones celulares nas mãos, ela atendeu ao chamado, falando com uma voz impossível de se ouvir. O rapaz ficou rindo e eu espantada. Por que uma pessoa andaria com quatro telefones na bolsa? Eu tinha esquecido o meu único em casa.

O rapaz aproveitou o incidente dos telefones e a aproximação repentina e inusitada de todas as quatro vezes que a garota precisou debruçar-se sobre ele, mexer na bolsa até achar os aparelhos para iniciar uma conversa.

Mas essa conversa foi curta e impecável. Ele tirou o cartão do bolso, mostrou pra ela e falou:

"
Me telefona?"

E colocou o cartão na bolsa da moça junto dos quatro telefones.



17 comentários:

  1. BLOGZOOM
    21 de fevereiro de 2011 às 20:32

    Ahhhhhhhhhhhhhh não vale... pensei que haveria ainda uma frasezinha por parte dela!!!!!!!!! Ao menos ela sorriu receptivamente?! Um telefone já é demais....quatro !?!?!
    Affffffffff.... digna de pena! Escrava moderna! kkkkk

  1. Unknown
    21 de fevereiro de 2011 às 20:45

    Pobre rapariga! Terá tempo para viver? rsrsrs
    Aposto 10 contra um em como ela deitou fora o bilhetinho, quando trocou de carteira.
    Beijos!

  1. Kassya Mendonca
    21 de fevereiro de 2011 às 21:11

    Leila,
    rssrs... a gente ri, para não chorar; vejo muito isto no onibus, cada coisa!!! e estas malucas que andam com uma coleção de celulares, até parece que é moda... kkk eu não dou conta de um, imagina de 4!!!
    e quando eles começam a tocar todos na mesma hora???? elas pegam e é sempre a mesma coisa; "so um minuto estou noutra ligação!"
    Ou sao escravas da tecnologia e do trabalho, ou acham bonito posar de executiva! pobre do rapaz do cartão, garanto que ela nem olhou para a anotação.

    bjus

  1. Valéria Braz
    21 de fevereiro de 2011 às 22:12

    Leila... eu adoro observar as pessoas também... seja no ônibus, seja eu estando sentada na praça... Pra mim é gostoso observar as reaçôes e atitudes a minha volta! Mas, como na sua história, como não consigo saber o que acontece depois que passam, fico criando os finais que acharia interessante!
    Aposto como ela vai ligar pra ele...
    Beijo no coração

  1. Samanta
    21 de fevereiro de 2011 às 22:15

    Olá Leila !!

    Adorei história do casal bonitão, fiquei aqui imaginando como esta moça consegue administrar 4 celulares !!! E gostei do senso de oportunidade do rapaz, conseguiu o que queria sem ser inconveniente ou assustá-la, mas acho que foi tudo muito rápido para despertar o interesse dela.... Infelizmente, não damos muita atenção a momentos que poderiam resultar em boas coisas... Mas quem sabe não é mesmo ? Tudo é possível ;)
    Beijosss

  1. Luiz Scalercio
    21 de fevereiro de 2011 às 22:24

    Adorei muito da história,
    e que eu fala quem nasce com trololo pra lua,
    tem sorte .
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    prbns pra ela.

  1. ismaelita
    21 de fevereiro de 2011 às 22:51

    nossa qu texto gostoso de ler ..maravilha prende a atenção do leitor ,valeu ,mas prefiro somente um telefone,a paz

  1. Valéria Mello
    22 de fevereiro de 2011 às 00:59

    Eu fui pra outro lado....

    Ônibus lotado, o sujeito sentado, nem ofereceu o lugar pra linda moça... e depois, pede a bolsa?

    Pensei: vai fugir no próximo ponto e levar a bolsa pra passear mais tarde!

    Bom ler suas histórias, Leila. Melhor ainda reve-la com a força toda!

  1. Ademar Maggi
    22 de fevereiro de 2011 às 09:48

    História gostosa e que prendeu, eu também esperava algo mais da moça, digo uma reação, o gostoso é que cada um aposta em um final diferente como visto nos comentários. Fiquei impressionado com sua capacidade de observação.
    Tenha um bom dia,

  1. Antonio Pereira Apon
    22 de fevereiro de 2011 às 11:00

    Olá Leila

    Não gostei. Agora como vamos continuar a viver sem saber esse final??! KKKKK... Muito bom texto.

    Um abração.

  1. Jackie Freitas
    22 de fevereiro de 2011 às 11:20

    Oi Leila!
    As suas histórias são mesmo fascinantes! Você tem o dom de nos envolver...rsrs...sabe que já me sentia dentro desse ônibus, quase indo lá falar com a moça também? rsrs
    Quando eu andava de ônibus também observava muitas cenas e ficava imaginando o desfecho delas...rsrs...e quando as pessoas desciam do ônibus, ainda ficava imaginando o que aconteceria depois...affff... rsrs
    Depois de algum tempo (a idade toma conta), passei a dormir no ônibus e perder essas fascinantes histórias!
    Muito bom mesmo!
    Grande beijo,
    Jackie

  1. J.R. Fernandez
    22 de fevereiro de 2011 às 18:44

    Olá Leila!
    Muito interessante estes pequenos fatos cotidianos que viram um verdadeiro filme de suspense... :-)
    Fica agora aberta a questão se a o rapaz recebeu a ligação da moça. Bom... pelo menos não será por falta de telefone que ela não iria ligar... ;-)
    Abraços, Fernandez.

  1. Fábio Esteves
    10 de março de 2011 às 09:41

    Gostei do texto! Agora só resta saber de qual celular ela irá ligar, hehe (sim, com atitudes assim, elas sempre ligam!). :-)

  1. Sites Relacionamentos
    14 de abril de 2011 às 15:45

    Se ele fosse um gentil daria o lugar para ela.

    Se ele fosse cavalheiro, antes teria dado o lugar para você!

    O gesto dele, representado naquele pequeno pedaço de papel será jogado na rua, assim que a de muita classe desça do ônibus!

  1. SOLIDARIEDADE BRASIL
    29 de abril de 2011 às 17:11

    Embora não tenha entendido,achei interessante !

  1. Mimi
    26 de janeiro de 2012 às 20:15

    Sinceramente, não ligaria para um cara que teve a cara de pau de enfiar o telefone dele na minha bolsa mas não soube me oferecer o lugar, rs.

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