Francamente, eu não sei o que há de errado com espelho de loja! A gente entra na cabine levando os cabides com as roupas novas que quer experimentar, fecha a cortininha e pronto: basta olhar no espelho e tem um choque!
Nossa! Mas como meu cabelo está horrível! E a cara? Deus do Céu! E que roupa amassada horrorosa! A gente leva um susto ao se ver! Eu não sei se é a luz, o espaço ou o próprio espelho em si. Eu não sei o que acontece, mas espelho de loja deixa a gente feia demais!
Depois do choque inicial, vem o pior: a hora de tirar a roupa! A gente olha pra cima, pra ver se tem algum buraquinho, alguma câmera oculta que nos flagre o vexame. Só depois de ter certeza que não tem ninguém espiando é que começamos o "strip tease". Aí o horror é completo!
A conclusão mais imediata é que precisamos urgentemente emagrecer. O diabo do espelho parece que coloca qualquer celulitezinha ou estria em lente de aumento. O pior é que exatamente nessa hora é que de vez em quando alguém tem a ousadia de abrir nossa cortininha e perguntar: "Ficou bom?" Ai que raiva! Cabine de loja devia ter trinco e chave na porta em vez daquela cortina que qualquer um abre.
A gente começa a experimentar as roupas... Uma fica apertada (preciso mesmo emagrecer!!!!) Outra fica larga, uma parecia que ia ficar ótima e fica ruim. A roupa mais linda que você mais gostou não cabe! Não entra! Até que escolhe uma, com um precinho meio indigesto, mas é a única que ficou boa.
O pior dos pesadelos eu vi numa loja em Boston. A loja tinha preços irresistíveis. Tudo barato. Eles recebiam pontas de estoque das maiores grifes européias e vendiam tudo a preço de banana. Era possível comprar marcas famosas com um precinho que definitivamente dava pra pagar.
Mas o problema dessa loja é que não haviam cabines individuais para experimentar as roupas. O provador era um salão enorme forrado de espelhos. As clientes entravam e tinham que tirar a roupa para experimentar as peças novas na frente de uma das outras. E como nos Estados Unidos tem muita gente gorda, a cena se transformava num espetáculo raro!
A primeira vez que entrei nesse provador tive vontade de desistir. Mas a vontade de comprar um autêntico jeans GAP com precinho mínimo foi mais forte. Eu me sentia menos mal porque havia tanta mulher pior que eu!!! Mas foi um alívio sair dali.
Eu só espero que aquela imagem horripilante que aparece no espelho das cabines das lojas seja produzida por algum fenômeno de luminosidade e que eu não seja tão feia assim do lado de fora!
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Chegando perto do dia da criança, não sei por que lembrei de um versinho que tinha na coleção "O Mundo da Criança", que eu li e reli quando era garotinha. O versinho era assim:
"De que são feitos os meninos?
De que são feitos os meninos?
Rãs, caracóis, rabinhos pequeninos
De que são feitas as meninas?
De que são feitas as meninas?
Açúcar, perfumes e outras coisas finas
Disto são feitas as meninas"
Eu me identificava completamente com o poeminha, porque minhas coisas eram todas cheias de rendinhas, lacinhos, tudo bem feminino. E eu só tive irmãs, não tinha irmão. Então não tinha nada de menino na minha casa.
Entretanto, quando fiquei mais velha, tive 3 filhos meninos, então pensei que seria um desafio passar a conviver mais com a primeira parte do poema. Quando me divorciei e passei a cuidar dos meninos sozinha, aí mesmo é que eu mergulhei para sempre no mundo dos meninos.
Da mesma forma, penso nos pais que criam suas filhas meninas sem a presença da mãe. É mais difícil ver, mas também existe muito. Nesse caso os homens irão também precisar conviver com o mundo das meninas.
Penso que toda essa experiência de ter filhos homens no final foi positiva, apesar de que eu mesma assimilei a coisa e fiquei um pouco "guri" por causa deles. Deixei de ser "dondoca", passei a ser mais simples, mais direta e hoje em dia me arrumo em 5 minutos, conheço tudo de carrinhos e adoro um jogo de pc e video game.
Acho que disso tudo também são feitas as meninas.
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Quando eu morava em Boston, resolvi ir a uma cidade chamada Dedham porque toda vez que abria o jornal, via ofertas incríveis de uma grande loja de departamentos nessa cidade. Eu sempre via passar um ônibus para Dedham e ficava com vontade de ir até lá pra conhecer. De brincadeira, eu chamava Dedham de "Dedão"...
Um dia, num impulso, peguei o ônibus que ia pra lá. O ônibus rodou muito antes de chegar. Era longe! Estava nevando e a paisagem era totalmente branca. Pela janela, só via pinheiros e mais pinheiros cobertos de neve. Nenhuma casa, nenhum prédio.
Finalmente, cheguei. O ônibus parou bem em frente da loja. O prédio era enorme, parecia um shopping, mas ficava no meio do nada, rodeado por pinheiros e afastado da cidade. O curioso é que não havia ninguém naquele lugar! Nenhum cliente, pessoa alguma caminhando pelos corredores. Até mesmo vendedores eram raros.
Sozinha, percorri quase todos os setores. Vendia-se tudo ali. Não apenas roupas, mas também artigos eletrônicos e eletrodomésticos. Havia de tudo. A loja era gigante. Por isso passei a tarde me divertindo com as novidades. Quando cansei, resolvi ir embora.
Perguntei a um vendedor onde era o ponto do ônibus para voltar pra Boston. Soube então que ali era uma espécie de ponto final. Eu deveria pegar o ônibus no mesmo ponto onde eu havia chegado.
Do lado de fora, logo observei que havia um cartaz pregado na parede que dizia: "ônibus só até as 18 horas"!!! Tomei um susto! Olhei no relógio, eram exatamente 18 horas! E o ônibus, pontual, vinha vindo!!! Era o último! Ah! Que coisa! Em que lugar só tem ônibus até as 18 horas? Só mesmo em Dedham!
A verdade é que estamos tão habituados com a nossa realidade e com a nossa cidade, que é muito comum pensarmos que em outros lugares tudo funciona do mesmo jeito. É um tanto impactante descobrir que lugares diferentes podem seguir regras totalmente diferentes. É estranho.
Por coincidência, cheguei no ponto no último minuto! Se perdesse aquele ônibus, não sei o que seria de mim naquele lugar congelado só com pinheiros e uma grande loja vazia.
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Não sei se quem me conhece já percebeu que apesar da minha aparência quieta e pacata, eu adoro um desafio daqueles de prender a respiração.
Entretanto, nem sempre um desafio consiste em escalar o monte Everest ou mergulhar no triângulo das Bermudas. É algo muito relativo.
Um desafio pode consistir em ser aceito numa roda de cientistas ou num grupo punk de New York, ser convidado numa festa de magnatas ou percorrer uma favela carioca.
Um desafio pode ser tomar uma decisão difícil, resolver um problema escabroso, fazer florescer uma planta melindrosa, lidar com uma grande soma de dinheiro ou com dinheiro nenhum.
Um desafio é colocar um pé no desconhecido. É sair e fazer algo que nunca fez. É pisar onde nunca pisou. É lidar com o que não se tem referências. É sair da zona de conforto, onde os resultados são todos bem conhecidos.
Um desafio deve acabar bem, senão pode ser uma roubada. É ir e - sobretudo - voltar. É entrar e sair. É começar e terminar. É alcançar um objetivo que parecia impossível. É ser bem sucedido.
Um desafio, muitas vezes, consiste em fazer algo que você não quer, mas você é a única pessoa que pode fazê-lo. É socorrer alguém à beira da morte, é decidir o caminho a seguir, é prever o imprevisto.
Nem sempre cabe a nós escolher os nossos desafios, mas com certeza cada um terá os seus.
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De repente, aquilo que é um pesadelo para a maioria das pessoas acaba por se tornar uma realidade na sua vida: você recebe um comunicado, uma cartinha ou é chamado na sala do chefe onde vai saber que está demitido, despedido, "fired!"
Daí, não te resta outra alternativa senão arrumar uma caixa de papelão, esvaziar as gavetas e limpar a mesa que até poucos minutos antes era sua. Bilhetinhos, porta-retratos, enfeites, seu copo, guarda-chuva e casaco - tudo vai enchendo a caixa. Feliz de quem nunca passou por isso!
Sua cabeça está a mil. O fantasma do desemprego acaba de sentar-se confortavelmente ao seu lado e começa a te soprar pensamentos. Quanto ainda tenho no banco? Quanto vou receber de indenização? Amanhã mesmo vou comprar o jornal para ver os empregos e olhar também na internet. Atualizar o currículo. Ir a entrevistas. Será que tem algum concurso interessante aberto?
É bem por aí.
Isso já me aconteceu há mais de 10 anos atrás. O curioso é que na hora de ir embora e me despedir dos colegas de trabalho, vi que no fundo da sala havia um funcionário que era um sujeito muito calado, alguém que nunca havia falado comigo além do tradicional "bom dia". Achei que devia apertar-lhe a mão também. Caminhei ao seu encontro e então ele falou comigo pela primeira vez:
"Você não foi despedida. O que aconteceu foi que você acabou de ganhar mais uma oportunidade de criar o seu próprio negócio. Uma coisa que vai te dar muito mais dinheiro do que isso aqui. Vê se aproveita essa oportunidade!"
Eu nunca esqueci esse momento. E posso dizer que o minuto final naquela empresa foi o melhor de todos.
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Existem pequenas coisas do dia a dia que eu, definitivamente, não gosto. Uma delas é ver os relógios piscando depois de um pique de luz. Aliás, qualquer relógio atrasado ou parado na minha frente tem algo de irritante. Num impulso, acerto todos.
Não sei se alguém consegue ficar impassível diante de um sapato virado, com a sola pra cima. Lógico que não tem nada a ver com a crendice de que a mãe morre se não desvirarmos rápido o calçado!
Não vou nem falar do computador ou de impressora aqui! Os eletrônicos dariam uma lista interminável de pequenas coisas que fazem brotar uma raivazinha oculta lá no fundo da cachola!
Nem vou citar os quadros tortos na parede ou as garrafas de água vazias na geladeira! Isso é o de sempre.
Existem umas coisas que a gente não gosta que são até exploradas pela publicidade, como por exemplo aquele hábito do comerciante nos dar uma balinha na falta de troco. Principalmente se for balinha ruim.
Agora pense bem na seguinte cena: você entra no box para tomar banho, abre o chuveiro, deixa a água cair e molhar seu cabelo, seu corpo e só então você vê que o sabonete tem a finura de uma folha de papel!
É o mesmo que acordar de manhã, fazer aquele cafezinho cheiroso e descobrir (desesperado) que o pote de açúcar está vazio!
Tem dias que acontecem todas essas coisas ao mesmo tempo. Pra viver é preciso de um pouco de força de vontade!
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