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Final de ciclo

quinta-feira, 27 de maio de 2010 by Leila Franca


Antigamente eu costumava pensar que a vida se divide em fases, mas depois preferi dizer que eram ciclos, porque dá uma idéia melhor da sequência de eventos, que inicia e se completa, que se abre e fecha.

Global Cycles

É fácil perceber quando um novo ciclo está começando. É sempre a experiência nova, o caminho que repentinamente se abre em nossa frente. Quando passei num concurso público e fui tomar posse me senti assim. Seria um ambiente novo, novos colegas, novos horários, novas ruas que eu teria de percorrer diariamente, uma nova rotina.

Várias vezes percebi claramente a chegada de um novo ciclo. Acho que todos percebem a maioria deles e é fácil reconhecer isto. O ingresso na universidade, a mudança de emprego, mudança de bairro, de cidade. São marcos típicos do iniciar de uma nova fase.

Woman standing in doorway of home, rear view

Entretanto, nem sempre é fácil perceber que, alheio à nossa vontade, um ciclo está se fechando. O final de uma fase, de um período. Quanto tempo demora pra "cair a ficha"?

Eu tenho uma maneira de perceber isso, que não sei se é a que todos têm. Será que cada um tem seu jeito de perceber quando o fim de qualquer coisa está próximo? Vou tentar explicar o meu jeito.

Enquanto estamos dentro do ciclo, tudo o que faz parte dele nos pertence. É o nosso trabalho, nossa mesa, nossa cadeira. Num relacionamento, é o nosso carro, nossa casa, nossa cama. Até num grupo de amigos é a nossa rua, nossa calçada, nosso clube, nossa praia. Nós absorvemos as coisas de cada ciclo como se fossem nossas.

E quando o ciclo acaba ou está prestes a se fechar sem que haja qualquer anúncio? Aí está o ponto. Perceber antes é vantajoso.

Sunset over the ocean

Quando um ciclo vai se acabar, começo a sentir que as coisas, que antes eram "minhas", não são mais. Como se todo o cenário daquele período passasse a pertencer a outras pessoas, não a mim. Não é mais a minha mesa, a minha rua, a minha calçada, a minha turma, a minha sala... Então eu sei que o ciclo está se fechando através desses pequenos sinais.

Tive um amigo que tinha esta mesma maneira de visualizar o final de um período. Às vezes eu dizia pra ele: "Estou doida pra esse ciclo se fechar logo!" ou então "Queria que esse ciclo durasse mais um pouco". Mas parece que independe da nossa vontade. Vivemos o que tínhamos de viver naquela fase e ponto final. Acabou-se.

Young woman walking away from young man standing with hands on hips

Nunca me senti aborrecida quando um período, uma fase, um ciclo se fechou. Meu sentimento é mais de surpresa. Quando fecha, está encerrado e não há nada que se possa fazer.

Na verdade, eu ficava mesmo na expectativa de uma nova fase. Telefonava para o meu amigo e dizia: "Estamos num período entre ciclos!" O período que nada acontece e que, felizmente, costuma ser breve.

Mas o final, eu captava logo. Era só olhar à minha volta e observar que os objetos, as pessoas e todo o cenário já não eram mais "meus", não me pertenciam. Então eu já ia começando a pensar em novas coisas, novos lugares, pois já sabia que era final de ciclo e uma nova etapa logo iria começar.

E você, querido leitor, como é que a sua ficha cai?


22 comentários:

  1. Principe Encantado
    28 de maio de 2010 às 12:40

    Leila eu me vejo assim, tenho um raciocínio rápido e muito cauteloso, minha ficha cai bem, na entre safra dos acontecimentos relaxo para o próximo clico.
    Abraços forte

  1. Beth Muniz
    28 de maio de 2010 às 12:41

    Oi Leila,
    O meu problema, especialmente nas relações amorosas, não é não perceber o fim do ciclo.
    É a ficha cair e eu não ceitar emocionalmente. Fisicamente, sempre respeito.
    Um abraço.

  1. Leila Franca
    28 de maio de 2010 às 12:56

    Beth,

    O emocional demora mais. Eu me lembro quando me separei levei 6 meses pra tirar a aliança.

    bjs

  1. Anônimo
    28 de maio de 2010 às 13:05

    Também penso da mesma forma Leila,
    mas não sei se com todos acontece o mesmo que comigo. Sempre que um ciclo chega ao seu fim, parece que fico meio perdido por não perceber o "novo" e ficar preso ao "velho"; é como um exílio em mim mesmo... acho que tenho dificuldade em me adaptar

    Excelente postagem,
    beijos

  1. Joselito
    28 de maio de 2010 às 13:13

    Grande Leila, interessante a tua visão da vida, de certa forma compartilho o seu pensamento, a vida é repleta de ciclos sim, as vezes dura mais e as vezes dura menos, podemos também entender que as vezes temos os ciclos de prosperidade e outros de crise, a questão é saber fazer com estes ciclos tenham vida longa e outros que terminem mais rapidos e então vale a nossa interferencia. Isso sem contar dos ciclos dentro dos ciclos ... sei lá se você entende ...

  1. Anônimo
    28 de maio de 2010 às 13:18

    OI Leila,

    Costumo pensar que as coisas do ciclo não são "nossas", mas apenas os efeitos que nos tocam. Nossa vida em uma empresa pode ser um ciclo, mas esse ciclo é interdependente dos ciclos dos colegas, que formam um ciclo maior, o ciclo da empresa. Então, na verdade, não depende de nós, mas é o nosso ciclo que depende alguns mais acima, assim como os dos nossos filhos dependem doos nossos, por certo tempo.

    Acho que os ciclos de amizades verdadeiras é que parecem nunca se fechar, pois quanto mais longe estamos, mais nos sentimos amigos dessas pessoas. Mesmo as inimizades parecem se amainar com o tempo, mas a amizade parece que não.

    Bjs!

  1. Anônimo
    28 de maio de 2010 às 13:24

    Quando percebemos o fim de um ciclo,com certeza outro inicia,levamos as coisas boas,as dificís devem ser esquecidas.
    Abçs.
    Fatima.

  1. Leila Franca
    28 de maio de 2010 às 14:00

    Niels Apple,

    Eu diria que vc só precisa captar o final de um ciclo um tiquinho mais cedo e armar sua estratégia de vida para quando o momento chegar.

    Obrigada pelo elogio.

    bjs

  1. Anônimo
    28 de maio de 2010 às 14:07

    Oi Leila ,
    muito boa sua reflexão sobre os ciclos . Eu também penso assim , e eu aprendi que sempre devemos deixar as portas abertas quando saimos de um ciclo . Nunca sabemos se precisaremos voltar . Claro que se voltarmos , significa que não cumprimos aquele ciclo , nós o rompemos por nossa própria vontade, forçamos a situação .

    bjs♥
    Francisco

  1. Anônimo
    28 de maio de 2010 às 14:19

    Percebo, como você, quando um ciclo vai acabar. Mas a vida é uma roda e esses fechamentos são o sinal claro do nosso crescimento. Como um caracol, não cabemos mais naquela 'casinha', então, independente da nossa vontade, trocamos ou somos forçados a trocar e seguir adiante. Isso é positivo, mesmo que nos deixe pequenos arranhões.

    Beijocas

  1. Nilda
    28 de maio de 2010 às 14:59

    Como mudo de cidade, praticamente, a cada dois anos. Então, percebo, claramente meus ciclos. E aprendi com isso que, por mais que tente manter os mesmos hábitos,os tipos de conversas, até mesmo os amigos, não dá. Tudo se reinicia e por mais que tente não sentir o impacto, não tem como, eu sinto.

  1. RobMaia
    28 de maio de 2010 às 15:37

    Leila,... eu percebo essas mudanças de ciclo, observando a mim mesmo. Não são as coisas ao redor que mudam. É o meu ânimo, meu humor, minha vontade de participar de algo. Quando noto isso, sei que é hora de dar uma guinada. E costumo ser radical nesses momentos. Principalmente porque morro de medo do tédio. Valeu mesmo. Excelente texto. Beijos.

  1. Mr.Diego (Orion)
    28 de maio de 2010 às 19:08

    to justamente nessa mudança de ciclo

  1. J.R. Fernandez
    28 de maio de 2010 às 19:36

    Oi Leila!
    Concordo com esta visão de ciclos. E percebo que muitas pessoas tem dificuldade frente a mudanças em geral, pois se apegam a estes ciclos e criam rotinas que acreditam ser imutáveis.
    Mas eu, particularmente, acho mudanças boas e desafiadoras. Acho que enfrentamos melhor a vida quando percebemos estas fases da vida e estamos abertos a mudanças. :-)
    Beijos, Fernandez.

  1. Rumquatronove
    28 de maio de 2010 às 23:14

    Parabéns por essa sensibilidade;perceber nuances do grande tom universal não é pra qualquer um.Não se assuste,mas este dom,quando desejado mesmo,te fará ver bem mais longe...Coisa de 3,5,10 anos à frente.E,quem sabe,isso já ocorreu ou aconteça ainda, em alguns dos teus sonhos...

    Minha ficha,"nesse sentido" e tão somente,não cai.Ela rola. Abração!

  1. Leila Franca
    28 de maio de 2010 às 23:50

    Oi Radi,

    Eu me interesso muito pelo que tenha a ver com a percepção. Perceber as coisas no ar é meu ponto forte. Sim, minhas previsões costumam se mostrar verdadeiras.

    bjs

  1. SilMendes
    30 de maio de 2010 às 13:11

    Sempre aposto que a cada ciclo tudo será melhor que o anterior e guardo o que passou como recordação e aprendizado.

  1. Jackie Freitas
    30 de maio de 2010 às 21:01

    Oi Leila!
    Eu não costumo ter problemas com os ciclos da minha vida! Apesar de ser muito sensível e romântica, tenho um modo muito particular de enxergar as coisas. Não sou apegada ao passado, mesmo que ele me traga boas recordações e sensações. Passei por tantas mudanças na vida que aprendi a não sustentar nenhum tipo de apego. Minha ficha, de verdade, cai quando as coisas que antes me faziam rir começam a me incomodar. Lembro que eu tive um namorado maravilhoso! Lindo, responsável, ótima família, carinhoso, dedicado e me amava...era o sonho da minha mãe como genro (rsrsrs)! Vivíamos um verdadeiro conto de fadas, daqueles que você acha que nunca irá acabar. Um dia, saímos para jantar e numa fração de segundos observei o jeito como ele mastigava a comida (rs...parece até engraçado), mas me incomodou muito...depois disso comecei a ficar incomodada com a sua respiração (coitado, nem respirar podia mais!rsrs)....e assim tive uma sucessão de "incômodos". Foi quando a minha ficha caiu e me fez perceber que a história de conto de fadas havia chegado ao fim. Pelo menos para mim! Então, hoje percebo que o meu ciclo se encerra quando o que antes eu curtia passe a ser um incômodo.
    Deu para entender? rsrsrs
    Grande beijo, querida! Como sempre, show o seu texto!
    Jackie

  1. Darcy Mendes
    7 de junho de 2010 às 09:25

    Muito interessante sua teoria. Eu poderia dizer que isso não é verdade se fosse pensar que estou indo e voltando para a mesma empresa há 22 anos...poderia, mas e as mudanças na própria empresa e que, quer queira quer não, acabam por encerrar um ciclo do qual nós fizemos parte.
    Pesnso que todos nós temos um pressentimento de que algo está para mudar. Pelo menos para mim é assim. Para quem, assim como eu, é uma pessoa religiosa, o livro de Eclesiastes explica tudo: "Tudo tem o seu determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:" Assim fica mais fácil entender esses ciclos.

  1. EXPEDITO GONÇALVES DIAS
    7 de junho de 2010 às 23:35

    Leila, vou ser franco. É a primeira vez que visito seu blog. E me encantei. E por que primeira vez? por que foi uma loucura implantar o meu e fazê-lo caminhar...foram madrugadas! Mas passou e vou me dedicar agora aos amigos aqui da comunidade dihittiana e você vai ocupar um espaço especial no blogroll, junto aos que faço questão de ter comigo lá no meu blog.
    Quanto à percepção da experimentação de eventos como ciclos e não como fases, não tinha pensado nisso até então. Mas posso dizer agora que estou iniciando um novo ciclo. Um abraço!

  1. Mariana Nascimento
    13 de junho de 2010 às 13:27

    Adorei o texto!
    Às vezes a gente se apega ao ciclo... são coisas e pessoas muito especiais que fazem parte dele e não queremos que pertençam a outras pessoas, mas que continuem sendo nossos. Como você mesma disse, isso independe da nossa vontade, por vezes felizmente, por vezes infelizmente. Abraços.

  1. Rumquatronove
    4 de julho de 2010 às 19:49

    Oi, bela Leila,estou só passando por cá (outra vez), e morrendo de saudade de tuas palavras, largo eçças minhas letras por aqui...
    Em qualquer canto,mesmo sabendo que posso te mandar um recado,prefiro ocupar esse teu espaço aqui; e, esse momento não diz "eu te amo" mas, como tu bem sabes, eu te adoro. Grande abraço pra vc,Leila.

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