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A fuga e o retorno do meu gato Preto

quarta-feira, 27 de maio de 2009 by Leila Franca



Em setembro de 2008, levei meu gato Preto, para vacinar no dia da campanha de vacinação no meu bairro. A vacina estava sendo aplicada ao ar livre, em frente de um estabelecimento comercial. Fui de carro e o Preto dentro da caixa de transporte. Era a primeira vez que eu levava um gato para vacinar fora do consultório veterinário.

O Preto é um gato muito manso, então achei que não haveria problema em tirá-lo da caixa para tomar a vacina, mas eu estava enganada. Assim que saiu da caixa, o Preto se esperneou tanto que conseguiu sair dos meus braços, pular na calçada e, correndo numa velocidade extraordinária, entrou em alguma casa daquela rua. Foi tão rápido que nem vi onde ele entrou.

Os moradores do local ainda tentaram me ajudar procurando o gato nas garagens e quintais, mas não adiantou. Voltei para casa com a caixa de transporte vazia e lágrimas nos olhos. Quando cheguei em casa e contei o que havia acontecido, todos saíram na mesma hora para tentar encontrar o Preto, mas também não adiantou. Naquele dia eu andei de 1 da tarde até quase 11 horas da noite procurando o Preto.

No dia seguinte, logo de manhã, fiz um cartaz, tirei cópias e colei nos postes na rua onde o gato havia desaparecido, andei muito e conversei muito com as pessoas. Uma vizinha se ofereceu para fazer cópias de mais cartazes com a foto do Preto. Eu me demorava conversando com as pessoas que encontrava na rua. Não me limitava a perguntar se haviam visto o gato. Eu contava histórias das gracinhas que ele fazia, do que ele gostava e não gostava. No final as pessoas se sentiam como se conhecessem o gato também. Conversei sobretudo com as crianças, que logo se organizaram em mutirão para me ajudar a encontrá-lo. Mas foi mais um dia inteiro andando e nada de encontrar o Preto.

Se ele tivesse saído de casa com suas próprias pernas, talvez eu tivesse mais esperança em vê-lo voltar. Mas eu o levei de carro para longe de casa e foi de lá que ele fugiu. Num lugar completamente estranho, ele não tinha a menor chance de voltar por conta própria.

No dia seguinte, fiquei desolada ao ver que quase todos os cartazes que coloquei haviam sido arrancados. Fiz mais cópias e colei os cartazes outra vez. Tentei mapear a região. Com o Google Earth aberto, tentei imaginar o caminho mais provável que meu gato pudesse ter percorrido. Voltei ao local, andei vários quarteirões até chegar em outro bairro, sempre conversando com todas as pessoas que cruzavam comigo, algumas até já me conheciam, de tanto me ver passar, mas todas as pessoas já tinham desistido de me ajudar a procurar.

Na quarta noite, chovendo muito, eu andando de guarda-chuva toda molhada, começava a duvidar se todo aquele esforço fazia sentido. Minhas pernas doíam tanto que parecia que eu tinha pulado 4 noites de carnaval. Uma pessoa telefonou dizendo que havia visto o gato, mas era trote. Marcamos um encontro, mas nem sinal da pessoa nem do gato.

No quinto dia, eu estava agendada para fazer exame de sangue de rotina de manhã cedo. Saí de casa às 6 horas da manhã, mas quando cheguei na Avenida Brasil, o pneu do meu carro furou. Para quem não conhece, a Avenida Brasil é a principal via de entrada da cidade do Rio de Janeiro, a mais larga e de tráfego mais intenso. Meu pneu sobressalente estava vazio também e todos os borracheiros ainda estavam fechados. Não havia ninguém para ajudar. Deixei o carro sinalizado e saí andando à procura de um posto de gasolina. Quando encontrei um posto, já bem distante do carro, o calibrador de pneus não estava funcionando... Continuei andando...

Foi quando recebi uma ligação no meu celular: haviam encontrado meu gato!!! Uma voz de mulher dizia que meu gato estava mal, se debatendo no meio da rua, tentando se levantar sem conseguir e que ela estava com uma vassoura espantando os cachorros da redondeza que tentavam se aproximar.

Eu fiquei estressada. Pedi a ela pelo amor de Deus que tomasse conta dele até eu chegar. Ela duvidava que o gato em questão fosse o meu, mas eu dizia "É ele!!! É ele sim!!!" E eu ali, andando na avenida Brasil, com o carro com o pneu furado já bem afastado de mim. Fiquei com vontade de largar o carro ali e pegar uma van, mas achei que demoraria mais ainda. Eu tinha que consertar aquele pneu rápido!!! Tentei telefonar para vizinhos e parentes para ver se outra pessoa poderia pegar o meu gato enquanto eu não chegava, mas ninguém atendia o telefone àquela hora da manhã.

Eu estava completamente zonza, em jejum por causa do exame de sangue, andando muito rápido, voltei até o carro e o borracheiro em frente estava abrindo a loja. Rapidamente o pneu foi consertado e eu saí literalmente voando para o local onde o Preto foi encontrado.

Quando cheguei lá, o Preto parecia um pano de chão sujo embolado na sargeta. Ele estava todo sujo de lama seca. Eu não sabia se ele estava ferido ou com algum osso quebrado. Estava só com um lado da boca aberto, a língua pra fora, apresentava movimentos involuntários, espasmos, que me fizeram pensar em algum problema no cérebro ou envenenamento. Fiquei com medo de pegar nele e piorar seu estado. Infelizmente não temos ambulância nem paramédicos que possam socorrer um gato. Pelo menos eu não conhecia. Fiquei com medo de largar ele ali para procurar um serviço assim e ele morrer. Por isso eu o peguei, coloquei no carro e corri para o veterinário.

Felizmente, o Preto não tinha nenhum machucado nem osso quebrado. Era apenas sede e fome. Ele estava morrendo de sede. Ficou 3 dias internado no soro e depois voltou para casa, bem magro, mas já recuperou o peso.

E esta é a história da fuga e do retorno do meu gato Preto.


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The scape and the return of my cat Preto

In September 2008, I took my cat Preto to vaccinate during the vaccination campaign in my neighborhood. The vaccine was being given outdoors, in front of a shop. I went by car and the Preto was in the transport box. It was the first time I took a cat to vaccinate outside.

Preto
is very quiet, so I thought there would be no problem to get him out of the box to take the vaccine, but I was wrong. Once out of the box, Preto struggled to get out my arms, and jumped on the sidewalk, running like crazy, and came in somewhere in that street. It was so fast that I didn’t see where he went.

The residents of the place even tried to help me looking for him in garages and backyards, but we didn’t get to find him. I returned home with a empty transport box and tears in my eyes. When I came home and told what had happened, everybody left to try to find my cat, but they didn’t get too. That day I went from 1 pm until almost 11 pm looking for Preto.

Next morning, I made a poster, took copies and glued on poles in the street where the cat had disappeared, walked and talked a lot with people. A neighbor has offered to make copies of all posters with a picture of Preto. I kept talking with people who were on the street. I didn’t simply ask if they had seen the cat. I told stories about him, about his likes and dislikes. In the end, people felt as if they knew the cat too. I did talk a lot with the kids and they were organized in effort to help me find Preto. But it was another day and I didn’t get to find Preto.

If he had left the house with his own legs, maybe I had more hope to see him back home. But I took him in the car away from home and was there that he did scape. In a completely strange place, he had not the slightest chance to get back on his own.

N
ext day, I was sad when I saw that almost all the posters weren’t out there anymore. So, I made more copies and glued the posters again. I tried to map the region. With Google Earth open, tried to imagine the likely path that my cat might have gone. I returned to the place, walked several blocks until to get another neighborhood, always talking to all the people around. I was even becoming known in that place, but people had given up to help me look for my cat.

On the fourth night, raining a lot, I kept me walking with an umbrella in my hands, all wet, but I began to doubt whether all that effort made sense. My legs were hurting so much that seemed I had been dancing the 4 nights of carnival. Yet, a person called saying that he had seen the cat, but it was hoax. I tried to meet this person, but no sign of the person or the cat.

On the fifth day, I was scheduled to do a routine blood test early in the morning. I left home at 6 o'clock in the morning but when I arrived at Brazil Avenue, the tire of my car got flat. For those who do not know, the Brazil Avenue is the main route of entry to Rio de Janeiro, the largest and most intense traffic. My spare tire was also flat and all stores were still closed. There was nobody to help. I flagged the car and got out walking looking for a gas station. When I found a gas station, away from the car, the tire gauge was not working ... I continued walking ...

That was when I received a call on my cell: someone had found my cat! A voice of a woman said that my cat was ill, was debating in the street, trying to get up and she was trying to keep the dogs away.

I was stressed. I asked her for God to take care of him until I get there. She doubted that the cat in question was mine, but I said 'That's him! Yes, it is him! " And I was still walking on Brazil Avenue, and the car with the flat tire far away from me. I was willing to leave the car there and take a van, but I thought it would take more time. I had to fix that tire fast! I tried to call neighbors and relatives to see if someone else could get my cat, but nobody answered the phone that time of morning.

I was completely dizzy in fasting because of the blood test and walking very fast. Back to the car, the store in front and was opening. The tire was repaired quickly and I went out literally flying to the place where my cat was found.

When I got there, my cat seemed a dirty cloth at street. He was all dirty dry sludge. I didn’t know if he was hurt or if he had any broken bones. He had just one side of the mouth open, tongue out, had involuntary movements, spasms, which made me think about some problem in the brain or poisoning. I was afraid to get him and worsen his condition. Unfortunately we have no ambulance or paramedics who can help a cat. If we had it, I didn’t know. I was afraid to leave him there to find a service like this and he dies. So I got him, I put in the car and ran to the veterinarian.

Fortunately, my cat Preto had no bruise or broken bone. It was just thirsty and hungry. He was dying of thirst. He was hospitalized during 3 days in serum and then returned home, he was so thin, but regained the weight later.

And this is the story of the scape and the return of my cat Preto.

4 comentários:

  1. Anônimo
    20 de outubro de 2010 às 09:40

    nossa fiquei muito emocionadas,e eu faria tudo isso e mais um pouco,pois os bichos gosta de vc independente do que vc seja,se é pobre ou rico ,se tá limpo ou sujo eles simplismente gosta né verdade , eu acho bacana e muito nobre essa atitudes de procurar por essas criaturinhas que muitas vez nós trás muito alegria kkkkkkk bjs e parabens pelo esforço de existir e persistir e não desistir muitas felicidades

  1. Anônimo
    2 de fevereiro de 2012 às 20:57

    É assim quem tem amor, lendo imaginei a sua agonia ainda be que deu td certo!!!

  1. Anônimo
    6 de junho de 2012 às 09:13

    Es uma pessoa linda. Ainda bem que Preto tem você pertinho.

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