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Venham crianças!!!

sábado, 14 de novembro de 2009 by Leila Franca


Quando meu primeiro filho nasceu, deixei a empresa onde trabalhava para cuidar dele. Comecei a trabalhar por conta própria e depois de um ano tive mais um bebê, quando o primeiro ainda usava fraldas e tomava mamadeira. Era um tanto quanto caótico, mas não me arrependo e creio que valeu a pena.

Os garotos (dois meninos) ficavam o tempo todo comigo. Passeávamos na praia de manhã cedo, dançava com eles no colo e deixava que espalhassem os brinquedos pela casa toda. Às vezes eles até gostavam de brincar com as tampas de panela fazendo um tremendo barulho na cozinha.

As aventuras sempre aconteciam de manhã bem cedo, enquanto os adultos ainda estavam lerdos de sono. Certa vez subiram na pia da cozinha, um deles tampou o ralo com o calcanharzinho, abriram a bica e deixaram a pia encher até transbordar! De outra vez, abriram a tampa do forno, subiram em cima dela, fazendo o fogão virar. A sorte é que não tinha panelas em cima nem fogo ligado e nenhum deles se machucou. Não pensei que eles fossem capazes de tremenda proeza pois ainda usavam fraldas, mas depois desse susto fiquei mil vezes mais atenta!

Meu filho mais velho, super curioso, era o mais levado. Vivia "trabalhando" em alguma novidade. Ainda bem pequeno, se chegasse uma visita, lá ia ele remexer em suas coisas e aparecia com um vidrinho onde havia misturado vários ingredientes. Mostrando o frasco, perguntava à visita: "Quer saber o que é isto?" Ele ficava sério por uns instantes olhava para os lados e depois dizia como se fosse um segredo: "Veneno...". A visita arregalava os olhos e ele prosseguia com uma explicação complicada.

Acho que a maior traquinagem que fizeram foi subir numa estante na garagem onde haviam vários galões de tinta que iriam servir para pintar a casa. A estante virou, os galões caíram e se abriram, sendo que um dos galões caiu sobre o motor do carro do meu pai, cujo capô estava aberto. Ainda bem que meu pai tinha um temperamento bom. Ao ver o estrago no carro e os 3 dedos de tinta que cobria o piso da garagem, ele sentou num degrauzinho e riu de chorar.

Anos depois tive meu terceiro filho, também um menino. A confusão estava formada! Sentada no meu quarto trabalhando, eu os via passar pelo corredor comprido da casa: um de velocípede, um de patins e o outro de skate, fazendo um tremendo barulhão no piso de madeira. Eu acostumei a trabalhar com ruído à minha volta.

Young boy rolling a hoop downhill

Nossa casa parecia um clube. Tinha mesa de ping-pong, totó, piscina, balanço e um quintal grande. Eu deixava os garotos trazerem os coleguinhas e a casa ficava cheia. Uma vez contei 25 meninos brincando no quintal. Diariamente, a farra era das grandes.

Não era fácil sair com os meninos no tempo em que eles eram pequenos e eu não tinha carro. Pegar dois no colo pra subir no ônibus sem cair exigia de mim um esforço supremo. Mesmo assim muitas vezes eles me acompanharam nas empresas que prestei serviço e na faculdade que comecei quando o mais velho tinha apenas 3 anos.

Eu estava tão acostumada a estar o tempo todo com os meus filhos, que numa das raras vezes que saí sem tê-los comigo eu mesma me surpreendi com o que fiz. Na volta para casa entrei numa sapataria que estava vazia. Somente os vendedores, de camisa branca e calça escura, estavam de pé em pontos estratégicos da loja a espera de clientes. Eu olhei os sapatos e quando ia sair da loja, olhei em volta e falei bem alto:

" Venham crianças!!!"

Eu esqueci que os meninos não estavam comigo naquele dia! Com a loja vazia, os vendedores que lá estavam em pé se entreolharam e com certeza pensaram que eu era maluca!


5 comentários:

  1. claudine ribeiro
    14 de novembro de 2009 às 16:30

    Olá amiga Leila, é muito bom lembrar a época em que nossos filhos eram crianças, você tem três e eu um, meu lindão nunca foi bagunceiro, mas fazia cada pergunta que eu ficava olhando para ele de boca aberta kkkkk.

    Bjs.

  1. Unknown
    14 de novembro de 2009 às 19:15

    Grande Leila, gostei da narrativa, e principalmente aonde chegou, realmente acabamos ficando condicionados.

  1. Anônimo
    14 de novembro de 2009 às 22:47

    ahahahahahah
    Extraordinária a tua narrativa. Adorei! Eu também tenho três filhos e os dois primeiros (um rapaz e uma rapariga) têm 17 meses de diferença. Eles não aprontavam tanto como os teus, mas também eram levados da breca!
    Beijos
    Luísa

  1. Principe Encantado
    15 de novembro de 2009 às 02:35

    Seria tão bom se pudessemos parar o tempo, nessas horas.
    Abraços forte

  1. Apenas uma Poeta
    15 de novembro de 2009 às 16:48

    Belos tempos que guardamos em nossa memória..momentos como este nem o tempo apaga...E recordar faz bem a alma e ao espírito. Abraços.

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