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Tenho observado que conforme vou contando minhas historinhas imediatamente o leitor lembra e gosta de contar também o seu caso no espaço reservado para os comentários. Preciso agradecer aos que fazem isto porque os comentários que recebo estão ficando cada vez mais interessantes e isso enriquece muito cada artigo publicado.
Assim, gostaria de propor aos meus queridos leitores o seguinte: se você tiver um caso interessante a contar, quiser vê-lo escrito por mim e acabar se transformando num de meus personagens, me conte sua história ou diga mais ou menos o que aconteceu enviando para o e-mail leilafcastro@gmail.com. Eu posso incluir o seu caso num dos artigos deste blog, ou quem sabe você poderá ter um artigo inteiro que conte somente a sua história?
Se você quiser que todos saibam que o caso se passou consigo, poderá até me mandar fotos e imagens para que sejam aproveitadas. Mas, se você não quer se identificar, posso mudar nomes e outros detalhes que assegurem o sigilo. Afinal não tenho compromisso com a realidade. Nas histórias que escrevo, o importante são as relações, o comportamento, ações e reações, não importando de fato certos dados. Se você observar, cada história poderia ter acontecido em qualquer tempo, em qualquer lugar e com qualquer um.
É lógico também que não vou sair contando qualquer história. Vou avaliar cada uma e escolher as que eu me sentiria bem escrevendo. Não gosto de escrever histórias tristes nem trágicas. Tem que ser tudo alto astral. Também dispenso contos eróticos, fofocas e histórias onde o palavrão tenha que ser dito. Prefiro muito mais os casos que os avós contam para os netos, as maluquices adolescentes e principalmente as aventuras inusitadas do cotidiano.
Bom, deixo aqui a porta do blog aberta ao leitor. As suas histórias, que até então estão sendo contadas no espaço dos comentários, poderão subir para a página principal.
É quase impossível viver sem criar um ruído doméstico, mas alguns ruídos realmente são difíceis de aguentar. Você quer descansar bem no dia que o seu vizinho decidiu levar um grupo de pagode pra animar o churrasco. Você quer assistir um filme, mas o pastor da igreja resolveu falar através de um microfone obrigando o bairro inteiro ouvir o sermão.
E aquela festinha de aniversário do prédio que te obriga a ouvir todos os discos da Xuxa da tardinha até as 10 da noite? E a festa de adulto com bêbado falando na maior altura 3 horas seguidas? E a serra elétrica da obra ao lado? O bate-estaca que vai lá no fundo do tímpano?
Algumas pessoas fazem questão de reclamar do barulho: gente que tem cachorro em casa, mas gosta de reclamar do latido do cachorro da casa do vizinho, por exemplo. Pra essas pessoas costumo perguntar se elas também vão lá no morro reclamar do barulho dos tiros que a gente ouve de noite.
Mas existem outras pessoas que são mais sutis. No tempo que eu precisava usar uma máquina de escrever pra trabalhar e em vez da palavra "digitar", usava-se dizer "bater" um texto (termo bastante apropriado por sinal), eu costumava trabalhar à noite, escrevendo minhas páginas para as revistas. No dia seguinte, era certo minha vizinha vir dizer "Trabalhou a noite toda, heim? Lá de casa deu pra ouvir o tec-tec da máquina!". Eu fazia que não ouvia...
Quando comprei o primeiro video game para os meus filhos não houve tanto problema. Mas os jogos eletrônicos evoluíram de uma tal maneira que uma vez meu filho estava se divertindo com um jogo de guerra que tinha muitos tiros de metralhadora, canhões, bombas, gritos... "Trrrrrraaaaaaa!!!!!! Trrrrrraaaaaaaa!!!! POW!!!! POW!!!!" Parava um pouquinho aí vinha um "BUUUMMM!!! AAAAAHHHHH!!!!" A coisa era bem real mesmo. Tão real que de repente lá estava o carro da polícia parado na minha porta e o policial dizendo havia recebido uma ligação de que havia um assalto na minha casa.
Mas existem uns barulhos que são ótimos de ouvir. Em dia de jogo, quem não gosta de ouvir a gritaria do bairro inteiro dizendo "GOOOOOOOOOOOLLLL"? E as cornetas? E os carros que passam buzinando depois do jogo? Só não é divertido se você não tiver assistido o jogo.
Outro barulho legal é quando acaba a luz e todo mundo fica com sua velinha no escuro um tempão... Aí, quando a luz vem, o povo todo grita junto: "ÊEEEEEEEHHHHHHHHHH!!!" A única coisa que não é bom é ficar sem luz no calor, ventilador desligado, coca-cola esquentando e ainda por cima sem computador.
No tempo que estava estudando, eu não podia me privar de um barulho: o do meu despertador. Sempre tive a maior dificuldade pra acordar de manhã cedo, de modo que minha mãe me deu um despertador enorme de presente de aniversário. Era gigante. Tinha uns 30 centímetros de diâmetro e um poderoso toque de despertar.
Quem gostou foi o meu vizinho, o Zeca. Aposentou o relógio dele e passou a acordar todos os dias para trabalhar com o barulho do meu despertador. Mas eu não sabia de nada disso, só depois é que eu soube da história.
O problema é que tenho hábitos um tanto excêntricos. Assim, um belo dia que eu tinha que estudar, em vez de ficar acordada até tarde e depois penar pra acordar às 6 da manhã, resolvi dormir um pouco mais cedo e colocar meu despertador pra despertar às 3 horas da madrugada. Estudaria de 3 às 6 da manhã e iria pra prova com a matéria fresquinha na cabeça.
E assim eu fiz. Às 3 da manhã, o despertador não falhou: "TRRRRRRRRRRRRRRRRIIIIIIIIMMMMMMMM" E eu acordei, é logico. Mas o Zeca, lá na casa dele, acordou também. Enquanto eu sentava na escrivaninha e abria meus cadernos, o Zeca, na casa dele, entrava no banheiro pra tomar banho e se barbear. Eu lia o capítulo da prova e, na casa dele, o Zeca vestia a camisa branca e dava o nó na gravata. Eram 3 e meia da madrugada.
Nada do dia clarear, pensava ele. Tomou café, todo arrumado, e o dia não clareava de jeito nenhum. Foi só quando colocou seu relógio de pulso é que ele viu que ainda não eram nem 4 horas da manhã!
Só soube do caso no dia seguinte, quando voltei da prova. Mas que culpa tenho eu? Não tenho culpa de nada...
Minha mãe não me ensinou a cozinhar porque, dizia ela: "Não te criei pra ficar na cozinha!" Mas, obviamente, esta idéia era um pouco fora da realidade. Todo mundo tem que comer, senão morre! E sem saber fazer absolutamente nada, ficamos na dependência de que outros o façam ou temos que comprar tudo pronto, o que não é muito recomendável.
A primeira vez que precisei cozinhar foi num acampamento do grupo de bandeirantes que eu fazia parte. A chefe dividiu as equipes e eu fiquei encarregada da cozinha. Se ela soubesse de meus dotes culinários, teria feito outra divisão! O macarrão que preparei tornou-se uma coisa só, branca amarelada, que não saiu nem por decreto do fundo da panela (que tivemos que jogar fora, uma vez que era absolutamente impossível lavar). Assim, rapidamente fui afastada da função e continuei sem poder aprender nem o be-a-bá da cozinha.
Num outro acampamento, onde um ladrão nos roubou quase tudo o que levamos para comer e para fazer a comida, fui fazer um peixe com minha amiga Gelita (aquela do artigo "Sobrevivi!!!") O fogão eram duas pedras com uns gravetinhos pegando fogo no meio. Não sabíamos o que fazer para cozinhar a cabeça e o rabo do peixe, que estavam apoiados nas pedras, já que não tínhamos uma grelha. No final, quando um lado do peixe estava começando a queimar e estávamos fazendo um verdadeiro contorcionismo para virar o peixe para o outro lado, começou a chover forte! A chuva apagou o fogo e molhou nosso único fósforo. O jeito foi comer o lado queimado do peixe, com cabeça, rabo e o outro lado sem cozinhar.
Mas a hora que me dava mais vontade de cozinhar era assim tarde da noite, quando eu e minha irmã já tínhamos comido todas as besteiras da casa, mas queríamos mais alguma coisinha pra distrair enquanto víamos um filme. Uma vez cismei de fazer batata frita. Eu não tinha nem idéia de quantas batatas devia pegar pra fazer uma porção. Então peguei quase dois quilos de batata e fiquei um tempão descascando e picando. Depois uma eternidade fritando. Acho que eu já estava meio que dormindo porque depois de toda aquela batata pronta, cometi um erro imperdoável: coloquei açúcar naquilo tudo.
Sem perceber a besteira que havia feito, me sentei na sala com uma das várias travessas de batata frita que preparei. Mas bastou que experimentássemos a primeira batata para descobrir o problema! E agora??? Resignada, lá fui eu pra cozinha com todas aquelas batatas e comecei a lavar cada uma na pia pra tirar aquele açúcar. Depois tive a paciência de secar cada batata frita com um paninho de prato. Provei uma e ainda tinha gosto de açúcar... Então resolvi colocar bastante sal, mas um punhadão mesmo pra cobrir aquele gosto. Conclusão óbvia: ficou horrível. De manhã minha mãe não entendeu nada com todas aquelas batatas espalhadas por toda parte na cozinha.
Depois tive um namorado que me pediu, coitado, que eu fizesse alguma coisa doce na cozinha, quem sabe um quindim? Em vez de comprar um daqueles pacotinhos que já vem semi-pronto, resolvi seguir uma receita que levava uns 24 ovos. Nem pensei que aquilo tudo tinha que caber dentro de alguma forma. No final, a coisa transbordou dentro do forno e começou a pegar fogo e o meu namorado teve que correr no carro e pegar um extintor de incêndio pra apagar a fogueira que se formou dentro do forno. Nunca mais faço quindim!
Só quando casei é que fui fazer feijão pela primeira vez. Nem me passou pela cabeça que eu teria que primeiro catar o feijão. Não catei nada e o resultado foi que só quando coloquei o feijão no prato é que fui ver as pedras e os gravetos cozidos. Tive que jogar tudo fora, mas não me dei por vencida. Fiz outro feijão, desta vez catando bem antes de pôr na panela. Depois de pronto, eu já me achando o máximo, resolvi fazer um suco de manga. Descasquei a manga rosa e quando ia cortar os pedaços para colocar no liquidificador, a manga, escorregadia, escapou das minhas mãos feito um peixe e vuupt! caiu dentro da panela do feijão!
Está bem... pelo menos doce de leite em lata eu tenho que saber fazer!!! Hellooô!!! Coloquei a lata de leite condensado pra cozinhar na panela de água fervendo, mas não sei o que eu fiz (acho que não esperei esfriar para abrir). O doce de leite fervendo espirrou pra fora da lata e grudou todo no teto da cozinha!
Eu estava realmente triste pela minha falta de habilidade culinária e fui contar pra minha amiga Mary o que andava fazendo na cozinha. Mas a Mary estava mais desesperada que eu. Ela, recém-casada, resolveu fazer galinha no jantar para o maridinho. Mas não sei o que deu na cabeça dela: comprou uma galinha viva e levou pro apartamento decorado com capricho. Sabendo menos que eu, Mary pegou uma faca e começou a perseguir a galinha que corria apavorada no apartamento. O resultado é que ela teve que tirar as cortinas, o tapete, trocar o forro do sofá etc e nunca mais quis saber de fazer galinha.
Nos dias de hoje, ainda prefiro pegar o telefone e pedir uma pizza ou comprar comida a quilo num restaurante, mas aprendi a fazer um bolo de chocolate tão maravilhoso, mas tão maravilhoso... que foi até considerado afrodisíaco.
Meu amigo Gil tinha vindo da Europa com a esposa estrangeira e me convidou pra passar uns dias em Salvador, na Ilha de Itaparica, onde tinha uma casa. Claro que fui. Não tinha ninguém na ilha. Parecia que éramos só nós. Era a praia e eu, eu e a praia. Mas um dia de tarde resolvi fazer um bolo de chocolate.
Dessa vez eu caprichei. Caprichei mesmo e o bolo ficou uma delícia. Todos comeram até não poder mais! Uns dois meses depois, Gil me telefona lá da Europa dizendo que, depois de vários anos casados, sua esposa havia ficado grávida! "Foi aquele bolo!!!", ele disse. E eu pensei comigo mesma: acho que aprendi a cozinhar!
Logo que chegou, Hussein foi apresentado a todos no trabalho. Um de meus colegas, ao apertar sua mão, brincou: "Saddan?" Mas Hussein fazia questão de deixar claro que ele não era iraquiano e que o nome Hussein é tão comum em todo o Oriente Médio como José e João no Brasil. Mas eu pensei com meus botões que carregar este nome seria um fardo pesadíssimo naquela terra do tio Sam.
Hussein não parecia em nada com a imagem que eu fazia em minha mente de um iraniano. Pra começar, não usava barba nem bigode. Além disso, era super moderno e muito simpático. Na verdade, era um homem muito bonito.
Eu já havia conhecido outras pessoas provenientes do Oriente Médio em Boston. Lembro de um estudante, meio doido, que devia sofrer de solidão. Todas as tardes eu o via no metrô, perguntando a cada mulher que lá estivesse esperando o trem: "Aceita ir ao cinema?" E a resposta era sempre a mesma: "Não!", mas ele não desistia. Pra mim, perguntou duas vezes. Na segunda vez, ele se lembrou da minha fisionomia e exclamou: "Ah! Pra você já perguntei!" e foi fazer a pergunta para a mulher sentada ao meu lado.
Conheci também um árabe dono de uma loja onde eu comprava cigarros. Ele se abria em sorrisos cada vez que eu chegava. Um belo dia, sem mais nem menos, entre o cigarro e o troco, me pediu em casamento! Eu disse: "Não, obrigada!" Mas sem desfazer o sorriso, disse que eu esperasse um minutinho e entrou apressado por uma porta do fundo da loja, voltando com um rapaz de uns 20 anos: "Case-se então com meu irmão!" Eu tive que rir! "Muito obrigada, mas não posso aceitar!" Os dois me olharam decepcionados e eu tive que inventar: "Já sou prometida para casar com outro!" Assim, perdi a oportunidade de fazer parte de um harém!
Mas meu amigo Hussein não era assim. Ele já havia perdido este jeito. Antes de ir para os Estados Unidos, ele havia morado na Alemanha. Por isso no início era difícil entendê-lo, pois falava um inglês com sotaque alemão e árabe! Mas uma vez, Hussein me surpreendeu: vimos um grupo de turistas asiáticos tentando entender um cartaz com um cardápio pregado na entrada de um restaurante e, para minha surpresa, Hussein foi ajudar aquelas pessoas e eu descobri que ele sabia falar chinês!
"Como é que você sabe falar chinês, Hussein?", perguntei. Então ele me contou sua história e que tinha sido uma namorada que havia lhe ensinado a falar chinês. Ele sabia várias línguas e havia morado em vários países, mas sentia falta de sua família, de sua mãe e irmãos, que havia deixado no Irã.
Era curioso que quando sobrava comida e íamos jogar os restos fora, ele pedia que eu me encarregasse de jogar estas sobras no lixo, porque ele não poderia jamais fazer isto. Dizia que pensava nas crianças passando fome no deserto em seu país e por isso era pecado jogar comida fora. Essa era a única hora que eu via o Hussein verdadeiramente triste.
Adepto do kick boxing, Hussein também era um atleta. Em pleno inverno rigoroso, ele ia ao trabalho correndo ou de bicicleta. Gostava de carregar tudo que era pesado e todos ficavam admirados com sua força!
Uma vez Hussein me falou que estava na dúvida se ficava em Boston ou se ia para a Califórnia. Pensei que deveria ser por causa do clima. Mas um dia, que começamos a ouvir aquela música do James Brown "Sex machine", fiquei besta porque o Hussein começou a dançar igualzinho o cantor! Foi muito engraçado! Não tinha nada a ver!
Eu perguntei a ele: "Hussein, afinal o que você quer?", e ele respondeu: "Eu quero ser o Arnold Schwarzenegger!" Aí eu entendi: Hussein queria ser um ator de Hollywood! Mas que coisa! O curioso é que poucos dias depois, andando pelo centro de Boston, vi o Hussein de longe parado numa praça (devia estar esperando alguém). Ele estava todo arrumado, de terno, óculos escuros, e eu pensei: "sem dúvida, ele é um galã". Tinha tudo a ver!
Fiquei chateada pois não consegui me despedir do Hussein quando voltei para o Brasil. Perdi o contato. Entretanto, soube que ele se casou com uma brasileira de Minas Gerais e com todas as reviravoltas da política internacional, penso que há grandes chances do Hussein estar agora no Brasil e, com certeza, falando um português com sotaque inglês, alemão, chinês e árabe.
Seria super incrível se o Hussein achasse este artigo que agora escrevo. Ele foi uma das pessoas mais agradáveis que já conheci. Faz parte da minha história. Um galã, um poliglota, um amigo, um iraniano.
PS.: Abaixo, James Brown em "Sex Machine", a música que Hussein sabia dançar.
vídeo: IkeDyson
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Vídeo: Rock n' Roll Shaman
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Isso acontece muito quando temos que dar uma saída de carro pra levar alguém em algum lugar e achamos que não vamos precisar sair do carro: "não vou sair do carro, então vou assim mesmo!" Pronto! Vai de blusa listrada, short velho estampado, bustiê que você usou no último carnaval, vai de qualquer jeito. Mas aí que acontece algum problema com o carro e lá vai você desfilando na rua com aquela roupa horrorosa. Isso já me aconteceu e agora onde quer que eu vá, trato de ajeitar o visual mesmo que não pretenda sair do carro.
Mas algumas vezes somos pegos desprevenidos. Não prestamos atenção no traje que a ocasião requer. Uma vez fui a uma boate chique com um amigo e ele foi barrado porque estava de tênis! E era um tênis caro! Mais caro do que muito sapato! É lógico que não fiquei chateada, pois eu mesma já fui barrada na festa de um clube porque estava usando uma blusa de malha! Tinha que ser de tecido. Estou certa de que tanto eu quanto meu amigo, antes de sair de casa, dissemos: "acho que vou assim mesmo!"
Não sei como a gente pode esquecer certas coisas. Com uma semana de férias para tirar, lá fui eu passar aqueles dias num hotel beira-mar. Não me lembrei - mas não lembrei mesmo, de colocar em minha mala um vestido longo de gala. Você colocaria? Meu companheiro também não levou nenhum terno. Mas no meio daquela semana havia a noite de Ano Novo e não sabíamos que aquele hotel iria oferecer uma tremenda festa de reveillon! Resultado: eu e meu amigo fomos os únicos a festejar a passagem de ano de calça jeans e camiseta, no meio de um monte de gente em traje de gala. Que horror!
Certas situações realmente são constrangedoras. Não posso esquecer daquela vez em que fui a uma importante entrevista de emprego com a chefe poderosa do escritório e chegando lá descobri que estava usando um vestido idêntico ao dela! Ao entrar na sala, uma olhou para a roupa da outra e gritamos ao mesmo tempo: "Aaaaahhhhhhh!!!"
Bom, isso foi melhor do que a experiência de um amigo que decidiu vestir um terno para comparecer a uma entrevista de emprego. Ele não sabia muito sobre a empresa que oferecia a vaga e ainda pensou se não seria melhor vestir outra roupa, mas acabou concluindo: "Acho que vou assim mesmo!" Ao chegar na entrevista, todos os funcionários da empresa - que confeccionava pranchas de surf, skates etc, estavam usando bermudas, inclusive a pessoa que iria entrevistá-lo.
Mas às vezes não estamos tão errados, apenas damos azar. Uma amiga minha já estava de camisola se preparando para dormir quando ouviu o miado fininho de um gato. Ela pensou logo que era algum gatinho abandonado e foi espiar pela janela. Aí que ela viu na calçada da rua aquele bichaninho magrinho miando. A um metro de distância do bichinho passavam os carros e ônibus daquela rua movimentada. Que perigo!
No mesmo instante ela resolveu salvar o gatinho. Olhou para a camisola e pensou: "Acho que vou assim mesmo!" Desceu as escadas do prédio e num minuto estava na rua. Mas onde estava o gatinho? Como uma pluma, o gatinho correu e entrou pela grade de uma loja que já estava fechada. Ficou miando entre a vitrine e a grade. Minha amiga se abaixou para tentar pegá-lo e seu cabelo, preso com grampos, desabou parcialmente. Ela ainda se sujou na grade da loja, mas pegou o gatinho!
Quando finalmente ficou em pé, com aquele traje: camisola, cabelo solto de um lado e preso do outro e braço sujo, deu de cara com os pais de seu noivo que voltavam do teatro! Ela ainda tentou se explicar, mas não teve jeito!
Mas peraí: não é sempre que damos esse azar! Muitas vezes a gente arrasa o quarteirão, que não deixa de ser, também, uma experiência memorável. Eu me lembro que eu sempre ia trabalhar de camiseta, calça jeans, bota e mochila nas costas e os funcionários de uma empresa da esquina paravam o que estavam fazendo pra ficar me olhando quando eu passava. Não era nada demais, já que ninguém passava naquela rua! Se alguém passava, eles tinham que olhar, senão morreriam de tédio!
Isso se repetiu tanto, que eu até comecei a cumprimentar a todos quando passava e eles acenavam de volta. Mas teve um dia que eu tinha um compromisso depois do trabalho e não dava tempo de voltar em casa pra trocar de roupa. Então, em vez de sair de calça jeans e camiseta, desta vez usei um vestido preto um pouco abaixo do joelho, mangas três quartos e um belo decote. Meu cabelo parecia até anúncio de shampu. Caprichei também na maquiagem.
Quando passei pela esquina, os funcionários daquela empresa, em vez de apenas parar o que estavam fazendo pra olhar, desta vez eles fizeram diferente: deram uma salva de palmas!!!
Adoro coisas bem feitas, trabalhos que exigem precisão, principalmente quando é realizado em grupo, o que torna a coisa ainda mais difícil, pois todos devem estar de certa forma conectados e dando simultaneamente o seu melhor.
Adorei este filme antigo, da década de 50, que exibe um verdadeiro balé de motociclistas italianos. Vale a pena ver!
vídeo: diagonaluk
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Aquele jovem empresário americano parecia pronto para estreiar o papel principal de um filme do tipo 007. O terno alinhado impecável, o corte de cabelo perfeito, o óculos escuros e uma presença carismática. Super elegante e gentil, seu sorriso lhe abria portas... Bem, nem todas!
Dirigindo seu carro, Sean nos contava que acabara de deixar o escritório do advogado onde desembolsara a quantia de 10 mil dólares. Altos negócios, pensei. Mas eis que ele começou a contar o que havia acontecido, que resultara naquele polpudo pagamento.
Tinha sido num dia normal de trabalho que ele fora para o centro da cidade cumprir seu expediente. Estava um pouco atrasado para os seus compromissos do dia, encontrando lotado o estacionamento onde sempre deixava seu carro. Por isso, estacionou um pouco mais distante que o normal, precisando caminhar uma quadra para chegar ao escritório.
Ao passar por uma lanchonete "drive thru" - aquela que ele já se habituara a comprar sanduíches sem precisar sair do carro, pensou que poderia comprar logo um sanduíche pois sabia que não haveria tempo para um almoço. Entretanto, esta lanchonete servia apenas clientes que chegassem em seus carros. Não havia um salão com mesas e cadeiras. Através de uma única janelinha um atendente anotava os pedidos e entregava os sanduíches e refrigerantes.
Não havia nenhum cliente sendo atendido na hora que Sean parou em frente à lanchonete. Ele foi até a janelinha do atendimento e pediu um cheeseburger e um refrigerante. O atendente olhou pra ele com uma ponta de despreso e perguntou: "Onde está o seu carro?" Sean achou graça da pergunta e disse que o carro estava estacionado. Fechando levemente os olhos e levantando o nariz, o atendente continuou: "Aqui só servimos pessoas que chegam de carro". Sean não conseguia acreditar no que estava ouvindo. "Mas eu tenho carro! Está bem ali! Daqui dá pra ver!".
O atendente parecia irredutível: "Lamento, senhor, mas sem carro, não tem sanduíche." Sean começou a perder a paciência: "Quem vai comer? Eu ou o carro?" O atendente não se convenceu: "Eu já lhe expliquei, senhor. Quer que eu repita?" Sean parecia inconformado: "Mas o que é que custa o senhor me vender um sanduíche? Não há nem cliente aqui! O único sou eu!" E o atendente fechou novamente os olhos para responder: "São as regras da casa, senhor."
Sean estava ficando bastante irritado com a inflexibilidade do atendente. Pediu pela última vez: "Por favor... me faça... um... sanduíche!!!" O atendente, por sua vez, também finalizou a negativa: "Sinto muito, mas eu não posso serví-lo!" e se retirou.
Sean ficou sozinho em frente da janela. De onde ele estava podia ver a bancada de alumínio com os sanduíches semi-prontos. Num balcão mais atrás, um funcionário conversava com outro. Ir até o estacionamento e tirar o carro da vaga estava fora de cogitação! "Vou comer este sanduíche nem que eu tenha que..."
Num impulso, Sean transformou seu pensamento em ação. Como um verdadeiro agente 007, pulou a terrível janelinha de atendimento e entrou na cozinha da lanchonete. Os dois funcionários que conversavam correram para dentro do estabelecimento para chamar o atendente. Como se estivesse na própria casa, Sean pegou o maior pão que encontrou, colocou a carne de hamburger na chapa quente, o queijo, pegou uma lata de refrigerante da geladeira, e esperou o sanduíche ficar pronto.
Enquanto Sean comia o sanduíche sentado numa pilha de caixas de refrigerante, o atendente telefonava para a polícia. Os outros funcionários se aglomeraram na porta para ver o invasor. Terminada a refeição, Sean tirou dinheiro da carteira e deixou sobre a bancada. Pulou a janelinha e saiu do prédio.
Ao chegar na beirada da calçada, os policiais estavam chegando e Sean foi preso. Os 10 mil dólares foi quanto ele pagou ao advogado para defendê-lo.
Em especial agradeço à Marilene (Tapajônica) que foi a primeira pessoa que me enviou um recado e teve paciência em me explicar algumas coisinhas iniciais (antes de eu achar as "perguntas frequentes"), ao poeta João, que foi o primeiro a votar e comentar no meu primeiro artigo enviado, a Denize, que me explicou como pegar selinho...rs, ao Joselito por indicar meu artigo em seu blog, Rob Maia e Maria por indicar meus artigos no diHITT e à Rosana, Cláudia, Janilton, Luisa, Lady, Franck, Sissym, Ricky, Príncipe, Edilene, Albano, Isma, Rosana Morena, Sara Levy, Diego, Claudine, Wanderchef, Valéria Kitmell, Rodrigo Piva, William, Sara Sapeka, Vovo Lilian, Josy, Nina, Joici, Ebrael, Adolfino, Prof. Nelson e tantos outros que se aproximaram de mim de uma forma positiva este mês. Agradeço também aqueles que não falam muito, mas acrescentam seu voto em todos os meus artigos. Toda vez eles estão lá.
Com 20 artigos populares em 30 dias, penso que estão gostando do que escrevo e isto me deixa feliz. Afinal meu blog tem apenas 6 meses de existência e ainda há muita coisa que estou tentando aprender. Acho que foi um bom mês.
O melhor do diHITT foi me estimular a escrever mais. Antes escrevia poucos artigos por mês porque tinha poucos leitores, mas a medida que fui tendo o apoio dos dihittianos quis enviar ao menos um artigo por dia e assim fiz.
Espero continuar conseguindo criar tempo para escrever e que eu tenha outros meses como este. Obrigada a todos, de coração.
Toda vez que eu passava pela esquina da minha rua de manhã, eu podia ouvir; "UM!!! DOIS!!! UM!!! DOIS!!! LEVANTAAAAAAAAAA!!!!!!!!" - era a voz da Sheila, professora de educação física, dando aula na academia uns 200 metros adiante. Ela tinha que falar mais alto que a música usada na aula de ginástica. Haja voz! E haja fôlego também, pra ficar malhando o dia inteiro!
Além de dar aula na academia, Sheila também trabalhava em escola pública, numa que fica bem junto da comunidade local. Mas o dinheiro que ganhava com estas duas atividades não dava pra nada. Havia ainda a preocupação de acontecer alguma coisa, alguma doença ou acidente que a impedisse de se movimentar e, por consequência, de trabalhar. Foi por isso, que paralelamente ela fez faculdade de Direito e se tornou também advogada. Mas nem sempre era prático ou possível conciliar essas duas atividades.
Pra começar, ela não podia entrar no forum com as malhas que usava para dar aula de ginástica. De vez em quando ela esquecia deste detalhe e acabava tendo que entrar numa loja na cidade, comprar uma roupa, um par de sapatos e se trocar antes de ir verificar algum processo.
Ela tentava separar as coisas. Tinha a hora de ser professora e a hora de ser advogada. Mas quando adolescente, Sheila parecia uma Nadia Comaneci, uma Jade Barbosa na ginástica de solo: não podia negar, mais que advogada, ela era uma atleta! Por isso, por mais que tentasse, acabava misturando as coisas.
Uma vez, depois de uma aula de atletismo, foi para o forum, na maior pressa. Vestida numa dessas roupas de advogada (sapato alto, blusa branca de gola, saia e blazer preto), viu que a entrada do edifício estava quase completamente fechada por uma enorme poça d'água. Grupos de advogados e pessoas do meio jurídico ocupavam as únicas partes secas do caminho, bloqueando a passagem. Por um instante Sheila esqueceu que naquele momento deveria interpretar somente o papel de advogada... Respirou fundo, se posicionou e num impulso, deu uma curta mas poderosa corrida que se transformou num salto enorme que a fez passar voando sobre a poça d'água!!!
Os advogados pararam de conversar e olharam incrédulos para tamanha demonstração! "Ohhh!!!" Que advogada, heim?! Sheila ajeitou o cabelo, colocou a gola no lugar, o sapato que quase lhe saiu do pé e foi em frente.
Falando em sapato, depois de passar o dia inteiro dando aula calçando um tênis largo, nem sempre era fácil colocar um sapatinho daqueles pontudo e de salto alto. O pé não entrava. Muito vaidosa, ela fala que vai morrer calçando um salto.
Entretanto, não era sempre que conseguia casos para defender como advogada. Na maioria das vezes tinha de ser mesmo professora em tempo integral e mais um pouco. Ficar às voltas com as crianças, organizar treinamentos, jogos, competições e apresentações.
Foi numa dessas vezes em que o trabalho como advogada estava escasso e ela já não sabia mais o que fazer para pagar todas as contas que chegavam em envelopes, que observou que não estava enxergando direito. O oftalmologista preparou a receita do óculos que ela teria de usar, mas ao chegar na ótica, Sheila quase caiu pra trás quando viu o preço que teria de pagar pelo acessório. Era quase o valor de seu salário! Mas o que fazer? Teve de comprar o óculos em muitas prestações mensais.
Fazia poucos dias que ela usava o óculos bifocal caríssimo, quando teve de levar seus alunos para uma competição de atletismo num estádio importante. Para aquelas crianças seria um dia inesquecível e Sheila, a professora, estaria lá para dar ânimo e estimular a garotada!
Na pista de corrida do estádio as crianças já estavam a postos! A excitação e a expectativa da vitória era grande! Sheila estava junto da murada da arquibancada para torcer pelos alunos e coordenar o evento. Muitas pessoas também estavam lá para torcer pelos seus. O árbitro deu o sinal e a criançada começou a correr!
Sheila começou a pular e gritar, levantando os braços! Parecia até carnaval! E foi quando deu mais um soco no ar que seu dedo enganchou naquele óculos caro, que foi arrancado de seu rosto e voou pelos ares bem diante das crianças que estavam vindo!!!
"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!!!", gritou enquanto o óculos girava no ar! Ela começou a chorar no mesmo instante. As crianças, que esperavam ver a professora animando a corrida, não entenderam nada quando viram a cena! O que haviam feito de errado?
"Meu óoooooculos!!!" Era possível ouvir o grito do lado de fora do estádio. O óculos bateu numa perna, quicou num joelho e fez sua última trajetória até um enorme ralo que recolhia as águas de chuva das pistas e arquibancada.
"Meu óculos! Meu pagamento! Meus 500 reais! Parem a competição! Chamem os árbitros!" Agora as crianças tinham entendido o problema e caíam na gargalhada. Sem ainda perceber o que estava havendo, os árbitros vieram correndo acudir a professora. A competição parou e todos se juntaram em torno do ralo. O óculos tinha ido para o centro da Terra!
Do outro lado do gramado, um dos árbitros veio com a vara de um atleta que já fizera o seu salto em altura e finalizou com êxito a operação de resgate.
De volta para casa, entre um soluço e outro, Sheila foi pensando em como seria bom se no dia seguinte pudesse contar com mais um caso que a fizesse interpretar outra vez aquele outro papel de advogada, pois só assim poderia finalmente pagar seu óculos.
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Divertir uma criança é a coisa mais fácil do mundo. No vídeo abaixo temos uma idéia muito original e divertida desses garotos árabes. Eu não sei o que foi melhor: a brincadeira do garoto ou a risada do outro, que não aparece no vídeo.
Atualmente muitos programas de televisão exibem cenas com o aviso: "Não tentem fazer o mesmo em casa". No caso desse vídeo, acho que a mensagem seria ao contrário: "Tentem fazer em casa!"
Vídeo: Seknight86
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Os garotos (dois meninos) ficavam o tempo todo comigo. Passeávamos na praia de manhã cedo, dançava com eles no colo e deixava que espalhassem os brinquedos pela casa toda. Às vezes eles até gostavam de brincar com as tampas de panela fazendo um tremendo barulho na cozinha.
As aventuras sempre aconteciam de manhã bem cedo, enquanto os adultos ainda estavam lerdos de sono. Certa vez subiram na pia da cozinha, um deles tampou o ralo com o calcanharzinho, abriram a bica e deixaram a pia encher até transbordar! De outra vez, abriram a tampa do forno, subiram em cima dela, fazendo o fogão virar. A sorte é que não tinha panelas em cima nem fogo ligado e nenhum deles se machucou. Não pensei que eles fossem capazes de tremenda proeza pois ainda usavam fraldas, mas depois desse susto fiquei mil vezes mais atenta!
Meu filho mais velho, super curioso, era o mais levado. Vivia "trabalhando" em alguma novidade. Ainda bem pequeno, se chegasse uma visita, lá ia ele remexer em suas coisas e aparecia com um vidrinho onde havia misturado vários ingredientes. Mostrando o frasco, perguntava à visita: "Quer saber o que é isto?" Ele ficava sério por uns instantes olhava para os lados e depois dizia como se fosse um segredo: "Veneno...". A visita arregalava os olhos e ele prosseguia com uma explicação complicada.
Acho que a maior traquinagem que fizeram foi subir numa estante na garagem onde haviam vários galões de tinta que iriam servir para pintar a casa. A estante virou, os galões caíram e se abriram, sendo que um dos galões caiu sobre o motor do carro do meu pai, cujo capô estava aberto. Ainda bem que meu pai tinha um temperamento bom. Ao ver o estrago no carro e os 3 dedos de tinta que cobria o piso da garagem, ele sentou num degrauzinho e riu de chorar.
Anos depois tive meu terceiro filho, também um menino. A confusão estava formada! Sentada no meu quarto trabalhando, eu os via passar pelo corredor comprido da casa: um de velocípede, um de patins e o outro de skate, fazendo um tremendo barulhão no piso de madeira. Eu acostumei a trabalhar com ruído à minha volta.
Nossa casa parecia um clube. Tinha mesa de ping-pong, totó, piscina, balanço e um quintal grande. Eu deixava os garotos trazerem os coleguinhas e a casa ficava cheia. Uma vez contei 25 meninos brincando no quintal. Diariamente, a farra era das grandes.
Não era fácil sair com os meninos no tempo em que eles eram pequenos e eu não tinha carro. Pegar dois no colo pra subir no ônibus sem cair exigia de mim um esforço supremo. Mesmo assim muitas vezes eles me acompanharam nas empresas que prestei serviço e na faculdade que comecei quando o mais velho tinha apenas 3 anos.
Eu estava tão acostumada a estar o tempo todo com os meus filhos, que numa das raras vezes que saí sem tê-los comigo eu mesma me surpreendi com o que fiz. Na volta para casa entrei numa sapataria que estava vazia. Somente os vendedores, de camisa branca e calça escura, estavam de pé em pontos estratégicos da loja a espera de clientes. Eu olhei os sapatos e quando ia sair da loja, olhei em volta e falei bem alto:
" Venham crianças!!!"
Eu esqueci que os meninos não estavam comigo naquele dia! Com a loja vazia, os vendedores que lá estavam em pé se entreolharam e com certeza pensaram que eu era maluca!
Muitas superstições e crendices nos cercam e eu fico pasma quando vejo que muitas pessoas levam a coisa a sério. Tive uma vizinha que saía correndo pra minha casa toda vez que sentia o cheiro de arroz queimando (que era muito frequente, já que aprendi a cozinhar no tapa). Ela vinha correndo cozinha adentro e rápidamente pegava uma colherada do arroz fumegante, colocava em cima da pia, enchia uma vasilha com água e colocava em cima daquele punhado de arroz. "Pronto! Agora o arroz (da panela) não vai mais ficar com gosto de queimado!" Eu ficava quieta, muito séria e não dizia nada!
E o constrangimento, se chega uma visita e ela vê aquela vassoura que você por acaso esqueceu atrás da porta? Não é muito fácil lidar com pessoas superticiosas. Acreditam naquela história e ponto final. Mas será que nós, esclarecidos, não temos nenhuma superstiçãozinha guardada bem lá no fundo? Já bateu na madeira 3 vezes? Entrou em avião com o pé direito? Evitou passar por baixo de uma escada? Desvirou um chinelo senão a mãe morre? Tirou o pé da frente da vassoura senão não casa?
Antigamente as garotas apertavam o próprio queixo pra saber se seriam mães de um menino ou menina. Se a gestante tiver a barriga pontuda é menino, redonda é menina! E se der uma coceira na mão, alguém logo diz que iremos ganhar algum dinheiro. De fato, duvido que alguém veja uma estrela cadente sem fazer um pedido. Sim, algumas superstições são alegres, para o bem. Outras tentam impedir algo que nos aborrece. Ora, diante de um soluço persistente, quem ainda não se sentiu tentado a colar um papelzinho na testa?
Nossa sorte ou azar pode estar na quebra de um ossinho da galinha. No amor, nosso destino pode estar marcado nas pétalas de uma margarida ou no buquê que a noiva joga para as amigas ou na chuva de grãos de arroz. Para garantir o ponto, o jogador beija a bola antes da jogada.
Algumas superstições servem apenas de alerta. Se por equívoco chamo uma pessoa conhecida com o nome de outra, isso significa que aquela outra está pensando em mim. Se sinto as orelhas quentes, então em algum lugar do planeta estão falando ao meu respeito. O negócio é telepático.
Algumas superstições, entretanto, têm um peso maior. Quebrar um espelho garante 7 anos de azar. E se a cozinheira por descuido virar sal na mesa boa coisa não irá ocorrer. Também acontece da superstição vir em forma de regra: todo mundo sabe que se deve evitar abrir guarda-chuva dentro de casa a qualquer custo.
Temos símbolos de sorte e azar: o raminho de arruda, o sal grosso, o copo dágua, a vela acesa, o gato preto, a ferradura, os dedos cruzados nas costas, o trevo de quatro folhas, o número 13, o 7, o mês de agosto, a estátua do buda, do elefante, do sapinho, do duende... Estamos cercados de superstições!
Penso que tudo isso visa combater o medo do desconhecido. É o terror do homem antigo que sobreviveu até os dias de hoje. Eram alertas, cuidados, presságios, soluções para seus problemas fundamentais. Para o medo do homem moderno, a coisa não parece ser assim tão simples. Não há amuleto que afaste nossos terrores mais profundos. Para evitar a destruição do planeta não existe superstição.
Não sou uma pessoa moralista, mas sem dúvida a visão de uma pessoa completamente nua pode causar um impacto se formos pegos desprevenidos.
Eu me lembro que uma vez fui a um acampamento com um grupo grande de amigos. O local, uma praia no estado do Rio de Janeiro, ficava cheio de barracas de outros campistas, mas depois de um ou dois dias, todo mundo já se conhecia.
Tomávamos banho numa espécie de chuveiro ao ar livre. De tardinha havia até fila. Numa tarde, enquanto eu e minhas amigas aguardávamos para tomar banho, o que fazíamos vestidas em nossos biquinis, fomos pegas de surpresa quando um rapaz tirou a roupa toda e ficou nu na frente de todos os que esperavam na fila.
Rindo muito, nós garotas, voltamos para a barraca sem tomar banho. Alguma coisa na maneira como fomos criadas não nos deixou permanecer ali diante daquele rapaz coberto apenas por espuma. Ele agia com naturalidade, concentrado no banho, mas não conseguimos ficar na platéia.
Neste mesmo lugar, não me lembro se no mesmo ou em outro verão, fizemos amizade com todos como sempre e era muito comum irmos à cidade passear depois do dia de praia. Eu e mais dois amigos andávamos na areia até a estrada onde esperávamos o ônibus, mas neste dia, uma senhora de uns 50 anos, que já conhecíamos da praia, vinha vindo em seu carro e nos ofereceu carona. Aceitamos.
Minha amiga e o irmão dela foram no banco de trás e eu (logo eu!) fui na frente. Já estávamos conversando animadamente quando reparei que a mulher estava usando somente uma túnica de croche, sem nada por baixo. Digo, ela não usava nenhuma roupa além da túnica, nem sutiã nem calçinha e dava pra ver tudo! Eu olhei para trás e arregalei os olhos para os meus amigos, mas eles não entenderam o que eu queria dizer e, lógico, eu não podia falar!
Fiquei pensando: e se o carro escangalhasse? Se furasse um pneu? Mas que idéia! É cada uma que me aparece! Será que ela havia esquecido de vestir as calças? Será que achava confortável? (eu não acharia!) Suspirei de alívio ao sair daquele carro.
Numa outra ocasião, fui num caixa eletrônico com meu marido. Enquanto ele fazia lá aquele ritual de colocar e tirar cartão, esperar papelzinho, conferir extrato etc, uma senhora que usava o caixa ao lado simplesmente arriou as calças compridas e fez xixi na lata de lixo!!! Eu cutucava o meu marido pra ele ver aquela cena surreal, mas ele estava tão concentrado nas contas que só disse "espera aí" e não olhou! Novamente eu fui a única espectadora de uma cena incomum.
Mas tudo é relativo. Sempre há os dois lados da moeda. Eu tinha 17 anos (bota tempo nisso!) quando fui à Brasília com uma amiga, a tia e a prima dela. A tia e a prima moravam em Brasília, tinham vindo ao Rio visitar minha amiga e na volta nos convidaram para conhecermos aquela cidade. Fomos muito bem.
Chegando em Brasília passamos a semana passeando e no fim de semana resolvemos sair à noite. Eu e minha amiga estávamos acostumadas com a liberdade no Rio de Janeiro e nem nos passou pela cabeça que a prima, de Brasília, não tinha os mesmos hábitos. Nos divertimos a noite toda e voltamos para casa às 4h da madrugada. O problema é que a prima da minha amiga nunca tinha chegado em casa àquela hora e ela não nos disse nada a respeito. Por isso, não adiantou tentarmos entrar sem fazer barulho. O pai dela estava nos esperando.
Eu e minha amiga fomos colocadas pra fora daquela casa. Sentamos no meio-fio da rua, com as mochilas nas costas e esperamos o dia amanhecer. Minha amiga resolveu ficar na casa de outros conhecidos e eu resolvi voltar sozinha para o Rio de Janeiro.
Contei o dinheiro que ainda tinha no bolso e dava certinho pra passagem. Só que eu esqueci, que teria 30 horas de viagem pela frente... não poderia comer! No ônibus, além de mim, só haviam mais dois passageiros. Um homem e uma senhora. Eu fiquei na frente, o homem ficou no meio do ônibus e a senhora estava quase no último assento. Ninguém falou uma palavra na viagem.
Tarde da noite, o ônibus parou no meio do cerrado e dois guardas rodoviários entraram, olharam tudo e perguntaram. "Quem é que está com esta menina? "(eu). Silêncio. Eu só fingindo que estava dormindo, com um olho fechado e outro aberto. "Não tem ninguém com esta menina?" Falaram alto. Eu me mexi e olhei pra eles. Quando eu ia abrir a boca pra falar, ouvi a mulher lá no fundo do ônibus dizendo: "Está comigo!"
Os guardas foram embora e eu suspirei de alívio. No dia seguinte, ainda em viagem, o ônibus parou e eu fui falar com a mulher. Contei a história toda e ela me pagou um almoço. Ela foi mais uma das pessoas que não soube sequer o nome, mas nunca vou esquecer.
A dança irlandesa conhecida como "stepdance" vem da dança tradicional da Irlanda e se tornou popular através do espetáculo conhecido como "Riverdance" (dança do rio). Como admiradora, fico maravilhada com a agilidade dos dançarinos que obedecem as regras rígidas dessa incrível forma de dançar.
É curioso observar que os dançarinos usam muito pouco ou não usam os braços e mãos ao dançar, enquanto os pés se movem numa velocidade impressionante. Existem várias explicações para isso, embora ninguém saiba ao certo o verdadeiro motivo, que deve ter se perdido no tempo.
No meu artigo Dark Lord Don Dorcha & Warlords, já há um vídeo mostrando a "stepdance", agora vamos ver o trecho final de Riverdance, que nunca fico cansada de assistir:
Vídeo: anamir2
Aprendi a dirigir num fusquinha, aliás já dirigi muito carro velho cheio de macetes pra poder funcionar. Antes eu tinha bloqueio: se o carro tivesse com algum problema eu preferia sair de ônibus, até que minha analista me convenceu de que quem dirige, dirige também os problemas. Então passei a dirigir tudo que é lata velha: carro que a porta não abre, depois não fecha, que o banco cai pra trás, carro sem freio de mão, sem espelho, sem limpador de para-brisa etc.
Logo que comecei a dirigir perguntei ao meu pai: "Pai, o que eu devo fazer se algum dia eu bater no carro de outra pessoa, quer dizer, se a culpa for minha?" E meu pai me respondeu com toda a sua sabedoria: "Você sai do carro, vá até o carro que você amassou e diga o seguinte ao motorista: Olha só o que o senhor fez!!!".
Mas eu nunca passei por nenhum acidente grave (só aquela vez que eu parei num sinal vermelho que ninguém para e o motorista que vinha atrás de mim teve perda total, embicou até o teto, ao bater no meu carro). Morando no Rio de Janeiro, logicamente, também já roubaram meu carro, mas sobre isso escrevo depois.
Sou educada no trânsito, cedo a vez, não xingo nem perco a classe, só quando alguém faz uma loucura pra me ultrapassar e depois fica andando feito uma tartaruga na minha frente. Só faço zigue-zague quando estou com pressa. Mas nunca bati dentro da minha garagem, só enganchei no carro da minha mãe e também teve uma vez que não reparei que uma cadeirinha de praia enganchou no meu carro dentro da garagem e eu acabei indo para o trabalho com aquela cadeira pendurada na traseira.
Depois melhorei de vida e comprei um carro semi-novo, mas só fui dirigir carro automático depois que fui morar nos Estados Unidos. Eu não cheguei a comprar carro lá, porque tinha o metrô, mas alugar carro naquele país não é tão caro como no Brasil. Agora, caminhão de mudança lá é caro. Talvez seja por isso que os americanos quando se mudam deixam tudo na casa e levam só uma mala.
Teve uma vez que eu e o americano que morava comigo resolvemos nos mudar de Springfield para Boston. Eram três horas de viagem e ele cismou de levar nossas coisas num caminhão. Ele alugou um caminhão, mas o problema é que ele não tinha carteira de motorista! Eu falei pra ele que a minha carteira não me permitia dirigir aquele tipo de veículo, então ficamos com um problema. Caminhão alugado, mas sem ninguém pra dirigir.
Um amigo nosso se ofereceu pra dirigir o caminhão. Problema resolvido, só que eu teria que dirigir o carro do rapaz pra ele poder depois voltar pra casa, já que devolveríamos o caminhão na cidade para onde estávamos nos mudando. Eu não sabia o caminho a tomar, então o caminhão iria na frente e eu atrás no outro carro. Tudo certo.
No dia da mudança, eu fiquei arrumando as coisas enquanto os dois americanos iam enchendo o caminhão. Só quando fui do lado de fora é que eu vi o carro que eu teria que dirigir... Era um carro conversível vermelho, baixinho, que eu nunca tinha visto de perto.
Mas a surpresa maior não foi somente o carro. Meu amigo tinha uma cobra chamada Jack que vivia num terrário. Eu pensei que esta cobra fosse em alguma caixa dentro do caminhão, mas ele disse que deixaria a cobra com uma amiga antes de seguirmos a viagem e por isso a cobra iria conosco só até a casa da garota...
Quando liguei aquele carrinho vermelho senti o poder do ronco do motor... ai ai ai... O americano que morava comigo apareceu com a cobra enrolada no pescoço e se sentou do meu lado. Eu, morrendo de medo, disfarcei e disse que só tinha medo de alpaca (assista o vídeo e entenderá).
Foi só encostar o pé no acelerador e o carro deu um pulo pra frente e saímos em disparada! Eu olhava pra frente, mas ao mesmo tempo prestando atenção na cobra que começou a se desenrolar do pescoço do meu amigo e vir com meio corpo no ar na minha direção. Eu já estava meia que virada de lado e a cobra chegando perto do meu cabelo!
O outro americano no caminhão corria mais do que tudo e em poucos minutos desapareceu da minha frente. Eu apertava mais o acelerador e o carro ia que ia, mas quando fazia alguma curva a cobra quase que caía entre o encosto do carro e as minhas costas.
Ainda bem que a casa da americana que ficou com a cobra não era muito longe. Ela, vendo que eu estava morrendo de medo e querendo curtir com a minha cara, pegou a cobra e enrolou no pescoço, dando uma risadinha pra mim.
Ainda rodamos bastante naquele dia. Meu amigo não era muito bom com mapas. Se íamos para a esquerda eu tinha a impressão que acabaríamos chegando no Maine e se íamos para a direita começávamos a ver as placas apontando Rhode Island. Mas finalmente chegamos em Boston onde o caminhão já tinha chegado há muito tempo.
video: Okiesp
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