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Eu percebi que algo havia mudado no mundo quando perguntei ao meu filho o que ele queria ganhar no aniversário e ele respondeu: "Uma placa!" E eu fiquei incrédula. Aquilo não era presente! "Uma placa??? Como assim?", mas era tudo que o garoto queria.
A era do computador tinha chegado lá em casa. Na verdade a coisa começava toda manhã, na hora de varrer a sala. Tinha que ter duas pessoas: uma segurando os fios que brotavam da parte de trás do computador e outra varrendo. Aliás, também tive de destinar boa parte da estante da sala, duas portas pelo menos, para servir de "cemitério". Lá eu colocava os monitores que ficaram verdes de repente, os teclados travados por biscoito, uma quantidade imensa de fios que eu não sabia nem pra que servia e dúzias de placas, antigos disquetes e CDs de todos os tipos.
A coisa não parava aí. No início era apenas aquela mesinha com o computador num cantinho da sala, mas o espaço na casa destinado ao computador cresceu de um jeito, que agora cada quarto tem uma mesa grande com um computador diferente, todos interligados em rede. Entretanto, houve algo que não mudou: quando chega de manhã, cada uma dessas mesas está uma bagunça tão grande, que não dá pra acreditar. São 5 ou 6 copos vazios, cinzeiros transbordando, dezenas de canetas, caixas de fósforo, papéis, CDs, roupas, pacotes vazios de biscoito, papel de bala, pilhas, chave de fenda - tem de tudo!
Se sacudir o teclado no ar, cai uma chuva de fragmentos, se não cair junto as próprias teclas. É pior que sofá depois de festa. Se for olhar debaixo do mouse - nossa! Parece pescoço de garoto depois da partida de futebol. Sem falar naqueles padmouses, que quando velhos ficam um horror!
Além de todos estes inconvenientes, ainda nos deparamos com verdadeiros desafios à nossa paciência. Por exemplo: eu já sei, de antemão, que minha impressora vai travar exatamente na hora que eu tiver de imprimir o recibo do meu imposto de renda. As impressoras parecem estar sempre conectadas ao nosso emocional. Defendo a teoria de que esses eletrônicos de alguma forma conseguem captar nosso estado de espírito.
Mas a gente não desiste. Uma vez comprei um mouse sem fio que custou caro demais: dava pra comprar uns 4 dos comuns. Mas o mouse sem fio era um inferno. Além de me criar uma tendinite porque era pesado demais, ainda ficava sem pilha nos momentos mais inconvenientes!
Meu monitor, atualmente, é extremamente sensível. Ele desliga cada vez que meu cachorro se coça embaixo da mesa. E não liga de novo não!!! Eu não falo nada dos gatos. Afinal eles não têm culpa de pisar exatamente na tecla Ctrl e assim deixá-la presa, grudada no fundo do teclado, criando a sensação de que meu computador foi invadido por um vírus terrível.
Apesar de tudo, gostamos tanto do computador, que damos aquele sorriso sem graça quando chega uma visita e a gente tem que largar uma mensagem no meio da digitação. O pior é quando a visita se senta na nossa cadeira de rodinhas e simplesmente toma para si o nosso próprio computador! (E parece que não se levantam nunca!!!)
E quando a gente está bem no meio daquele jogo legal, mas precisa se levantar e sair do computador exatamente as 5h da tarde porque tem um compromisso... A hora passa rápido e nada do jogo terminar! Você pensa: "Dá pra se arrumar em 15 minutos" e continua jogando... 5h15 chega logo e você começa a digitar em pé... 5h20 não tem jeito: se não sair agora não vai dar tempo! 5h25 save game... 5h30 aperta reiniciar sem querer... 5h35 "Acho que dá pra ir sem tomar banho..." 5h40 "Cadê a chave!!!"
E todo dia começa tudo de novo.
Isso deixa margem para a minha imaginação voar! Entre os amigos virtuais que recentemente conheci, tento imaginar o semblante de vários, a partir de seus avatares.
Pra mim, a Sereníssima, com este nome, seu avatar todo verde e ainda mais sendo "a voz da poesia", seria assim:
E o Príncipe? Bom, eu acho que muita gente gostaria de saber. O Príncipe bem que poderia deixar a gente ver como ele é...
E o Rob Maia? Rob trabalha em banco... vai ver que a gente já entrou na fila pra falar com ele! Imagino eu bem entrando num banco e de repente vejo um funcionário com um crachá escrito assim: "Roberto Maia"... Daria uma história legal!
Mas não sei não, com aquela roupa de ninja, posso estar enganada e vai ver que o Rob Maia é assim:
E a Joici? Ela se diz mulher borboleta! Pelo menos é uma descrição! Talvez tenha uma história com borboletas que ninguém sabe ou então quem sabe tenha uma tatuagem?
Não é fácil imaginar alguns amigos. O Joselito, por exemplo, com aquele avatar estranho... vai ver que não é nada disso e ele é bem assim:
O Nuzzi já tentei imaginar e às vezes penso que pode ser que ele tenha barba e cabelo grisalho, como um leão branco. Então, na minha imaginação, o Nuzzi seria assim:
Mas por falar nisso, minha foto foi tirada dentro do Maracanã, no dia do show da Madonna. É bom que eu atualize, senão qualquer dia estarão imaginando como sou também.
É sempre bom ter algum dinheiro em casa, mas muitas vezes, pelas mais diversas razões, precisamos escondê-lo. Esconder dinheiro é algo que atiça a imaginação e a criatividade. Às vezes o dinheiro nem é muito. O valor do dinheiro varia conforme a quantidade que você tem. Se uma nota de 10 reais é sua única fortuna, então ela é valiosíssima pra você.
Um cofre, mesmo que seja daquele que imita uma tomada, embutido na parede, é muito óbvio. Guardar dinheiro debaixo do colchão, dentro de um livro, atrás de um quadro na parede ou debaixo das roupas numa gaveta também.
Antigamente, quando saíam, as mulheres escondiam dinheiro no sutiã, mas agora ficou difícil. Com essas blusinhas de malha coladas no corpo, dá pra ver o dinheiro a um quilômetro de distância. Esse esconderijo só dá certo com blusa larga de tecido grosso. E quem usa blusa larga de tecido grosso neste caloréu?
Toda vez que vou à praia começa a velha história: onde guardar o dinheiro que irei levar pra não ser roubada? Os homens ainda podem ter um bolsinho falso no calção ou bermuda, mas mulher não pode. O tamanho dos biquinis não permite. Geralmente deixo minha bolsinha com dinheiro escondida debaixo da toalha e a bolsa, sem nada dentro, à mostra.
Uma vez, voltando do trabalho, na confusão de subir num ônibus lotado, um ladrão roubou uma bolsinha que estava dentro da minha bolsa pensando que ali tivesse dinheiro. Mas meu dinheiro estava escondido na capa da minha agenda e a bolsinha que o ladrão levou tinha apenas um absorvente higiênico!
Esse negócio de esconder dinheiro realmente é um problema. Certa vez, depois de descontar um cheque no banco, entrei rapidamente na lanchonete ao lado e guardei o dinheiro dentro do meu sapato. Na sola. Fiquei o dia inteiro pisando no dinheiro e o resto da semana mancando!
Existem aqueles esconderijos predestinados a dar errado. Por exemplo: esconder dinheiro no bolso de uma roupa velha. E se alguém doar a roupa com o dinheiro dentro? Ou então esconder sua fortuna dentro do computador: você acha que o ladrão não vai levar o computador também?
A gente ouve tanto falar em tesouros enterrados, mas hoje em dia quase ninguém mais pensa em enterrar dinheiro. Entretanto ainda há quem pense.
Conheço a história de um rapaz humilde que finalmente recebeu o salário que estava atrasado. Ele decidiu que gastaria uma parte em diversão e o resto iria guardar. E assim, lá foi ele para um bar onde bebeu todas, paquerou as mulheres e se divertiu a noite toda.
Na volta para casa, começou a pensar que a família inteira iria lhe pedir dinheiro quando soubessem que ele havia recebido os atrasados. Ia ser os irmãos, a mãe e até os cunhados desempregados. Foi então que ele decidiu que não levaria o dinheiro para casa. Iria enterrá-lo no caminho. Cavou um buraco na subida do morro, onde há uma escadaria que precisa subir para chegar em casa e enterrou o dinheiro a 1 palmo de profundidade.
No dia seguinte, acordou de ressaca. Mal lembrava do que acontecera na véspera. Tinha bebido muito! Foi então que lembrou do dinheiro enterrado: "É mesmo! Enterrei o dinheiro!" E assim, resolveu dar uma espiada no esconderijo e até aproveitar para pegar mais um trocado.
"Já vai sair?", perguntou a mãe. "Vou até a esquina só, volto logo", mentiu ele e saiu rápido. Chegou no alto da escadaria e tentou lembrar onde havia enterrado o dinheiro. Viu a terra remexida logo no lance mais baixo da escada. Cavou ali, mas não achou nada. Mais pra frente tinha mais uma terra fofa. Cavou de novo e nada. Não sabia mais onde o dinheiro estava! "Será que alguém me viu enterrando a grana???" O rapaz foi em casa correndo, pegou a peixeira do pai e chegou no alto do morro de novo parecendo um ninja.
Os vizinhos pensam que ele ficou doido. Todo dia lá está ele espetando a terra com a faca.
Entrar para o grupo das Bandeirantes me ensinou a tomar gosto pela aventura. Acampamentos e atividades ao ar livre passaram a fazer parte da minha vida. Mas quando começamos a ficar um pouco mais velhas, eu e minhas amigas abandonamos os uniformes azuis e passamos a planejar nossos próprios programas, não mais ligados ao grupo de escotismo.
Assim, uma vez nos perguntaram se queríamos fazer uma "escalada". Na verdade era uma caminhada pesada de vários quilômetros até o ponto culminante do município. Um grupo de alunos adolescentes iria subir este pico, a mais de mil metros de altura, acompanhados de professores de educação física. Não conhecíamos nenhum deles, mas poderíamos seguir este grupo, que sabia o caminho.
Naquele tempo não havia nada disso de ecoturismo e tudo mais. Hoje em dia esta mesma subida conta com guias, sites na internet, mapas, folhetos etc, mas naquele tempo era só aquele morro alto no horizonte e a gente com vontade de subir de qualquer jeito.
Assim, eu e mais três amigas partimos de manhã bem cedo. Fizemos uma longa viagem de ônibus até a base do morro e começamos a subir a trilha, seguindo o grupo de alunos e professores. Até a metade do caminho foi tudo bem, mas depois o negócio ficou mais complicado. Às vezes entrávamos na floresta e perdíamos a noção do ponto onde estávamos ou então íamos para as clareiras onde podíamos ver ribanceiras bem íngremes. Mas enfim, chegamos ao lugar mais alto. Só faltava subir mais uma pedra...
Foi então que nós vimos, debaixo da última pedra, uma arma e alguma munição! Não era uma arma velha, abandonada ali. Era uma arma que parecia nova, recém colocada naquele lugar. Ninguém ousou mexer naquilo! Não sabíamos se a arma pertencia a algum caçador ou mesmo a um bandido. Subimos na pedra, para completar nossa missão, olhamos a paisagem, mas já havíamos perdido a graça e estávamos morrendo de medo! Quem quer que seja que tivesse deixado aquela arma ali, poderia estar por perto!
Resolvemos voltar imediatamente. Os professores e os alunos estavam demorando muito para se organizar, mas enfim começamos descer o morro. Entretanto, em algum ponto do caminho nos perdemos do grupo e a partir dali passamos a fazer a descida por conta própria! Mas isto não nos preocupou. Afinal, era só descer tudo que havíamos subido!
Mas não foi bem assim. Não conseguimos encontrar a trilha que havíamos percorrido para subir o morro. Então nos deparamos com lugares íngremes demais, que não dava pra passar, florestas que tivemos medo de entrar e nos perder e lugares onde parecia que o morro tinha desmoronado em parte, o barro vermelho aparecia e podíamos ver no ar as raízes de árvores enormes, que pareciam que iam desabar a qualquer momento.
Resolvemos seguir pelas clareiras, embora fosse bastante íngreme e não houvesse onde segurar. Até que alguém teve a bela idéia de transformarmos as bolsas de couro que usávamos numa espécie de prancha, um snowboard do barro e descer o morro como se fosse um tobogã.
Foi uma descida vertiginosa! Atingimos uma velocidade incrível e íamos gritando!!! Aaaaahhhhhh!!! Descemos um trecho enorme, quase o morro inteiro assim e fomos parar, caindo uma por cima das outras, num canavial lamacento. Estávamos sujas de barro da cabeça aos pés.
O lugar era um charco. Afundávamos na lama e não enxergávamos um metro à frente por causa da vegetação. Estávamos perdidas, mas não paramos de andar. Já estava entardecendo e tudo o que queríamos era sair dali antes que escurecesse.
De repente, demos de cara com um sujeito no meio do canavial. Era um rapaz visivelmente retardado segurando uma foice enorme! Ele riu, babando pelo canto da boca sem dentes! Olhamos o sujeito por um segundo e... Aaaahhhhhhhhhhhhh!!!!!! Saímos correndo!
O chão foi ficando seco e ainda tomamos outro susto ao ver uma cobra verde passando rápido na nossa frente, até que conseguimos chegar numa estradinha e por fim na avenida principal, onde entramos num ônibus, com todos os passageiros se esquivando de nós.
Quando chegava a temporada de férias, eu sempre providenciava um revezamento entre praia e campo, mas em qualquer lugar que eu fosse, tinha que levar meu violão. Eu nem tocava lá grandes coisas, mas gostava de ficar sozinha num canto dedilhando, experimentando novas sequências de acordes em qualquer lugar onde não houvesse barulho.
Lembro que uma vez num acampamento na praia todo mundo saiu à tarde para tomar sorvete na cidade e eu fiquei tomando conta da barraca e das nossas coisas. Olhando em volta, só havia eu e o mar. Era exato nessas horas que eu gostava de pegar o violão e... ta-na-ni-ta-na-na...
As notas, os sons, iam embora com o vento, ninguém me escutava naquela praia vazia... Bem, isso era o que eu pensava. Um dia tocando na porta da barraca, vi que de um buraquinho na areia branca, surgiu um sirizinho. Até pensei que ele ia vir pra cima de mim, mas isso não aconteceu. O sirizinho ficou lá só me olhando, paradinho, com aqueles olhinhos pretos, prestando atenção. Eu comecei a tocar pra ele, é lógico.
O que aconteceu em seguida foi surpreendente: mais um sirizinho apareceu e mais outro... mais outro... Quando eu vi, devia ter mais de 50 sirizinhos em volta de mim. Quando eu parava de tocar, todos desapareciam instantaneamente! Entravam rápido nos buraquinhos da areia. Então eu começava a tocar de novo e eles iam aparecendo um a um até que ficava a areia cheia deles. Todos me olhando. Eu nunca pensei que siri gostasse de música. Ainda mais da minha!
É lógico que eu também tinha uns amigos que tocavam muito! Eles tinham até uma banda e tocavam em eventos. Eu e as meninas que faziam parte do grupo sempre íamos em suas apresentações. Os rapazes da banda sabiam que eu e outras meninas também tocavam. Não tínhamos a mesma prática que eles, mas tocávamos sim. Então uma vez nos fizeram uma surpresa: fomos chamadas no palco e convidadas a tocar uma música num lugar que estava cheio de gente!
Eu não sabia onde metia a cara! Fui para o palco já tremendo da cabeça aos pés. A música que escolhemos: "Proud Mary", do Creedence. Acho que toquei tudo errado, mas todo mundo bateu palmas assim mesmo.
Tive o prazer de visitar uma exposição de guitarras no Museu de Arte de Boston, que se chamava "Dangerous Curves" (Curvas Perigosas) e assim, fiquei a meio metro de distância de instrumentos famosíssimos. Lado a lado estavam o violão que John Lennon comprou quando tinha 17 anos, o primeiro que ele teve, a guitarra que Jimmy Hendrix usou no festival de Woodstock, uma guitarra de Elvis Presley, uma de Erick Clapton e uma de Kurt Cobain, do Nirvana. Fiquei muito emocionada diante destes objetos.
Onde eu ia sempre tinha uma guitarra ou violão. Uma vez subi na cobertura de um prédio em Boston com dois amigos pois eles tinham de fazer uma filmagem para um trabalho de faculdade. Quando chegamos no alto do prédio, havia um americano tocando violão sozinho lá em cima. Por coincidência, o rapaz estava usando uma camisa da seleção brasileira! O rapaz até ajudou meus amigos na filmagem, enquanto eu fiquei tocando o violão dele. E assim descobri a emoção de tocar no alto de um edifício!
Depois parei de tocar, passou o tempo. Um amigo me pediu meu violão emprestado para uma viagem e o esqueceu no trem. Pensei que eu nunca mais fosse tocar. Pouco tempo atrás, um dos meus amigos, o que tocava mais do que todos, faleceu. Eu ganhei o violão dele, que agora fica aqui num cantinho do meu quarto. De vez em quando eu toco.
PS.: Abaixo um vídeo com a música "Proud Mary", pra quem não conhece (duvido) ou não se lembra qual é.
Vídeo: masterofacdcsuckaS
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O período de festas chegando - Natal e Ano Novo... e a gente fica com aquela neura de ver a casa arrumada nestes dias. Quem tem filhos pequenos, netos ou gatos tem que se esforçar muito para manter tudo em ordem.
Eu já desisti de ter diarista ou empregada doméstica desde aquela vez que veio aqui em casa uma mocinha que parecia que ia dar conta do recado, mas que com o passar das horas fez com que eu pensasse exatamente o contrário.
Ela chegou a limpar as camas por baixo, engraxar todos os sapatos da casa (eita!), mas quando começou a tirar tudo de dentro dos armários para arrumar eu achei que ela não ia conseguir terminar. Lá pelas 4 horas da tarde, com tudo ainda revirado, a garota vira pra mim quase chorando e diz: "Eu vou embora! Não precisa me pagar não!" Eu olhei bem pra cara dela e disse: "Aaaaaahhhhh! Não! Agora você vai TER que terminar ou não sai mais daqui!" Quem mandou tirar tudo de dentro de tudo? Mesmo com as duas trabalhando, só fomos terminar quase 11 horas da noite.
Todo mundo sabe também que as empregadas são dadas a desaparecer exatamente quando mais precisamos, mas... cuidado! Elas podem resolver voltar exatamente quando uma outra já está em seu lugar. Foi isso que aconteceu com a minha mãe. A empregada dela, a China, sumiu. Não apareceu mais. Então, minha mãe arranjou outra, a Ivonete. O problema é que um belo dia a China resolveu voltar e deu de cara com a Ivonete.
"Quem é você???" - a China não tinha papas na língua e a Ivonete era tímida: "Eu sou a empregada..." A China fez uma careta: "Quêêê? Essa não!!! A empregada dessa casa aqui sou eu!!!" A Ivonete resolveu retrucar: "Não senhora, sou eu!"
A resposta da China veio em forma de um direto de direita bem na ponta do nariz de Ivonete! Avançando pela sala adentro, China, a carioca que nas horas vagas trabalhava de camelô na Central, deu outro soco na mineira recatada, que caiu no sofá. As duas se embolaram lutando (e bagunçando tudo), que teve de vir vizinho desapartar. No final foi a China que acabou ficando e a Ivonete deve ter voltado correndo pra Minas Gerais.
Mas também tem aquelas boazinhas e carentes... uma delas, esqueci até o nome, me pediu que eu desse a ela roupas usadas pra ela levar para o povo da roça. Feliz por esvaziar um pouco o armário e facilitar a arrumação, selecionei roupas ainda boas e, entre elas, um pijama do meu marido. Mas não é que a empregada resolveu ficar exatamente com esta última peça pra ela?
Daí, que chegou de noite, a gente sentado na sala vendo televisão, eu, meu marido e a empregada vestida com o pijama do meu marido, na maior sem cerimônia. Que cena romântica! Mas a culpa foi minha! Quem mandou dar pijama de marido pra empregada?
Por isso, agora eu mesma faço a faxina nessas datas especiais. Se não der pra fazer tudo, paciência.
Eu gostava dela, do seu sorriso, do seu jeitinho frágil e do tipo de graça que ela fazia. Vou sentir sua falta nos filmes leves, água com açúcar, que eu gostava de ver.
Adorei ver Brittany Murphy em "Grande Menina, Pequena Mulher" e outros tantos, mas este era meu preferido.
Morreu hoje, neste domingo, esta adorável atriz. Um ataque cardíaco aos 32 anos não acontece com tanta frequência, mas nada se pode fazer.
Fica aqui minha homenagem para essa atriz.
Vídeo: Missmorgan389
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Quando era criança, eu tinha uma verdadeira coleção de bonecas. Minha avó, que costurava muito bem, tinha o trabalho de fazer, para as bonecas, roupas iguais as minhas e toda vez que eu trocava de roupa, as bonecas trocavam também. Até mesmo na hora de dormir, todas as bonecas vestiam pijaminhas de flanela iguais ao meu.
Eu tinha também uma casinha de bonecas toda mobiliada, feita para o meu tamanho. A porta era da minha altura. Estacionado em frente da casa havia o meu jipe verde. Também havia escorrega, rema-rema, balanço e caixa de areia, tudo no meu quintal.
Eu escrevia cartas para o Papai Noel, onde pedia uns presentes meio impossíveis e meu pai custava a me convencer a pedir outras coisas. Eu queria um carneirinho, um cavalinho, um pica-pau de verdade, mas exatamente igual ao do desenho animado etc. Eu achava que o Papai Noel poderia me trazer os presentes que meu pai não podia comprar. Afinal não estava pedindo ao meu pai, estava pedindo ao Papai Noel! Havia uma diferença muito grande aí!
Quando chegava a noite de Natal, eu fazia tudo para não dormir. Achava que haveria um dia em que eu iria pegar o Papai Noel de surpresa e teria uma conversa com ele. Não iria deixá-lo sair até que me respondesse as perguntas. Queria saber onde morava, como entrava na casa, com que tipo de veículo chegava e principalmente como poderia ir na casa de todas as crianças só naquela noite. Na verdade, eu queria fazer um interrogatório com o Papai Noel. Já tinha começado a pensar nos detalhes lógicos de sua existência.
A chegada do Natal fazia com que meu lado detetive despertasse. Começava a planejar armadilhas e procurar lugares onde pudesse ficar escondida até sua chegada. Talvez eu estivesse querendo o próprio Papai Noel de presente! Acho que foi por isso que naquele ano, ao perceber minha ansiedade, minha família decidiu arranjar um Papai Noel que eu pudesse encontrar, falar e fazer tudo o que eu quisesse.
Vieram me dizer que naquele ano o Papai Noel em pessoa passaria mais cedo na nossa casa para que eu pudesse conversar com ele. Todas as crianças da família, meus primos e primas, estariam lá para recebê-lo também.
No dia de Natal fizeram um espetáculo luminoso na frente de casa. Tudo pronto para a chegada do Papai Noel. As crianças se juntaram para assistir a entrada triunfal do bom velhinho pelo portãozinho da rua. Alguém apagou todas as luzes e quando se acenderam de novo, lá estava ele!
"Ué... Que Papai Noel esquisito!" - foi o que pensei quando vi aquela criatura vestida de vermelho. Acontece que minha família errou na escolha do parente que faria o papel de Papai Noel naquela noite. Escolheram uma prima de minha mãe - Ester, a pessoa mais magra da família, para representá-lo. Que idéia!
Obviamente, olhei para aquele Papai Noel de cintura fina com estranheza... Que Papai Noel magro é este? Quer dizer então que, na verdade, ele não é gordo? Fui levada para beijá-lo, mas quando ele se abaixou para me beijar, a máscara balançou e eu pude ver a cara da prima Ester! Ah! Que raiva!
Passei a noite aborrecida, de braços cruzados num canto. Estavam tentando me enganar com aquele Papai Noel de araque! Ganhei meus presentes, que não eram o que eu havia pedido, e eu tinha certeza absoluta, que tinha sido assim porque aquele não era o Papai Noel verdadeiro.
Percebendo minha frustração, poucos dias depois, meu pai providenciou um presente digno de um verdadeiro Papai Noel e bem ao estilo dos presentes que eu geralmente pedia. Vou explicar:
Meu pai trabalhava na prefeitura e naquela época havia o "rapa", que eram fiscais que confiscavam mercadorias vendidas sem licença. Uma das coisas mais apreendidas eram os pintinhos vendidos em caixas de papelão. Naquele final de ano muitas caixas foram apreendidas e na prefeitura não havia mais onde colocar tantos pintinhos. A burocracia naqueles dias de festa se tornara ainda mais lenta, de modo que os dias iam passando e ninguém havia levado os pintinhos para o local onde deveriam ser levados. Eles iam morrer... Um funcionário perguntou ao meu pai se queria ficar com os pintinhos porque naquela época ele tinha um caminhão e era o único que poderia levar os mais de 100 pintinhos para casa.
Quando meu pai chegou em casa, me falou pra eu ver o que Papai Noel havia deixado pra mim. E foi assim que eu ganhei um caminhão cheio de pintinhos, um presente que nunca pude esquecer.
Uma vez dormi em plena sala de aula, no meio da temida arguição de História Geral, e acordei de sobressalto com a professora me perguntando quem havia sido Ramsés III. Anos depois, frente a frente com sarcófagos egípcios no interior de um grande museu, tive de dizer: "Ah... enfim te encontrei, heim?"
Na faculdade houve um dia que dormi numa sala e acordei bem depois do horário da saída, quase no dia seguinte! Todos tinham ido embora e ninguém me viu ali. Tive que pedir ao vigia que me abrisse o portão de saída e fiquei até com medo de ser suspensa, mas felizmente nada aconteceu.
Confesso que já dormi uma vez no cinema, enquanto assistia ao filme A Flauta Mágica, de Ingmar Bergman. Eu estava super cansada e a ópera de Mozart cantada em sueco me fez dormir. Fiquei aborrecida comigo mesma porque gosto tanto do músico quanto do cineasta, mas o filme foi como um sedativo em dose dupla naquela noite e só acordei quando as luzes acenderam. Bem, melhor que minha mãe, que dorme basicamente no final de todos os filmes que vê.
Mas quando a gente está super cansado e morrendo de sono é capaz de dormir em qualquer lugar. Uma vez, com um grupo de amigos, chegamos ao local do acampamento já tão tarde que, no escuro, armamos a tenda muito perto da praia e no meio da noite, quando a maré subiu, fomos acordados por uma onda que invadiu a barraca! Achamos até conchinha grudada nos cobertores. Depois disso, fomos armar a barraca no alto do morro.
Mas dentre os lugares mais estranhos que já dormi, sem dúvida foi a vez que, voltando de um grande show de rock, dormi na garupa de uma moto. Tinha pulado a noite inteira e não resisti. Não sei como pude dormir com todo aquele barulho e o vento. Até hoje penso que poderia ter caído da moto em movimento.
As pessoas costumam ser cruéis com quem dorme em lugar errado. Uma vez colocaram pasta de dente na minha cara enquanto eu dormia, pintaram minhas unhas, mas também já fiquei quieta olhando alguém dormir num degrau de uma piscina vazia, enquanto esta estava sendo cheia d'água. Queria saber em que momento a pessoa iria acordar!
Mas não há nada pior do que alguém dormindo do nosso lado num ônibus, trem ou avião. A pessoa dormindo vai caindo em cima da gente, vai se encostando e a gente se esquivando. Daqui a pouco não tem mais lugar pra fugir e aí o jeito é empurrar o dorminhoco. Mas não dura um segundo e lá vem o cara de novo querendo fazer nosso ombro de travesseiro. Isso dá a maior raiva. Às vezes a pessoa até acorda, fala: "Desculpa" e torna a dormir de novo.
Mas, quem é que ainda não dormiu dentro de um ônibus? Bom, eu dormi uma vez mas não perturbei ninguém - pelo menos eu acho! Estava voltando da faculdade e já era tarde da noite. Não tinha dormido direito na véspera por causa da prova e fui uma das últimas a sair de sala. Assim, quando sentei naquele ônibus quase vazio dormi mesmo e fui parar no ponto final, muito depois da minha casa!
"Moça! Moça! Acorda aí!" - disse o motorista me sacudindo o ombro. Arregalei os olhos sem entender nada. "Já chegamos! É o ponto final aqui!" Olhei no relógio e já passava da meia-noite. E agora? O que eu ia fazer pra voltar pra casa àquela hora? Falei que eu ia ficar naquele ônibus mesmo pra poder pegar a viagem de volta e saltar no meu ponto. Mas o ônibus estava indo pra garagem! "Agora só daqui a uma hora que vai ter outro ônibus", explicou o motorista. Olhei para o lado de fora e senti a barra pesada daquele lugar. O motorista entendeu.
"Se quiser, eu te levo de carona. Estou indo pra garagem, mas é o mesmo trajeto." Aceitei. Sentei lá na frente do ônibus um tanto quanto apreensiva e desconfortável com a situação. Mas o motorista foi gente fina e fez até mais do que eu esperava. Quando chegou perto do meu ponto, ele perguntou: "Que rua é que você mora?" Eu respondi: "É a segunda a direita!"
E aquele ônibus grandão entrou naquelas ruas residenciais mais estreitas que a principal, percorrendo um caminho que normalmente eu teria de seguir à pé, e me deixou bem em frente da minha casa!
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